Como publicar um livro - Para principiantes
Por David Moreno | 18/03/2022 | TutoriaisEste artigo não tem a pretensão de ser didático, mas prático e objetivo. Não foi escrito com a ajuda do Google ou montado a partir de material copiado. São dicas e instruções acumuladas ao longo dos anos. Trata-se de uma experiencia pessoal, o que pode divergir de regras estabelecidas nas instituições acadêmicas.
1 – Definir o assunto central.
Partindo do principio, deve ser escolhido um tema ou assunto central, exceto se for uma coletânea de artigos que não obedeçam uma sequência lógica. Como não poderia ser diferente, escrever livro imita o ciclo da vida humana – tem início, meio e fim.
2 – Separar por capítulos.
A próxima fase seria, criar capítulos ou depois que terminar o texto, dividi-los posteriormente. Prefiro criá-los antes de serem escritos, pois me dá uma sensação de tarefa a ser executada e a inspiração virá a partir do tema fixado. É como as professoras de português desafiavam os alunos no primário e ginásio. Davam um tema e diziam que tínhamos 20 minutos para escrever e ter no mínimo 30 linhas. Sempre gostei deste método e era comum minha redação ser selecionada para leitura em classe. Era meu troféu pessoal, mas nas provas de matemática, tinha que contar com a ajuda do vizinho sabido.
Após o termino desta etapa, o livro já tem o poderíamos chamar - o esqueleto. Vamos agora colocar nele, carne, músculos e artérias, parafraseando a visão dos ossos secos do profeta Ezequiel (Ez cap. 37)
3 – Adição, ajustes e cortes.
Agora o escritor deverá fazer duas perguntas a si próprio: - Escrevi pouco texto que justifique a obra transformar se em um livro? Atualmente há uma tendência no meio evangélico de livros menores que o tradicional, inclusive no formato (medidas). A razão pode ser duas - o autor prefere ter diversos títulos publicados, do que livros mais longos ou contribuir para a formação de leitores preguiçosos. Os brasileiros estão entre os povos que lêem menos no planeta, mas gostam exageradamente de vídeos. A segunda pergunta - Não escrevi demais, a ponto de ser estafante ao leitor?
A solução para a primeira pergunta seria introduzir novos parágrafos, citações bíblicas, referências extraídas de outras fontes ou informações técnicas. Não esqueça de citar os autores ou publicação, para evitar plágio (cópia).
A solução para a segunda pergunta seria a lipoaspiração textual ( termo criado neste artigo, se já existe desculpem o plágio) . Isto eliminará o excesso de texto. Um bom livro não se classifica pelo número de páginas, mas um trabalho objetivo que prenda a atenção do leitor. Este processo elimina-se repetições de uma mesma idéia, o que na linguagem gramatical definimos como redundância.
4 – Revisão ortográfica –
Terminada a parte de conteúdo, é tempo de dedicar-se a revisão ortográfica. Hoje há na Internet revisores gratuitos que facilitam o trabalho do escritor. A revisão final porem deve ser feita por outra pessoa capacitada, nunca pelo próprio escritor.
È a arte imitando a vida. O escritor não encontrará tantos erros gramaticais, como o revisor. Assim como nós humanos, temos a tendência de achar erros nos outros com facilidade, que admitirmos os nossos próprios.
5 – Diagramação –
Encerrada a fase de revisão ortográfica, passemos a diagramação. Nem todos escritores tem facilidade para desenvolver esta fase. Seu talento é escrever, mas adequar o texto não é dom natural. Trata-se de regras do mundo gráfico e devemos obedece-las.
No meu caso, tendo trabalhado muitos anos nas áreas de reportagem, elaboração de matérias e preparação do material para ser impresso, não tenho dificuldades. Participo do processo completo, exceto impressão e encadernamento.
Depois da criação da plataforma Windows, a diagramação tornou-se mais fácil. No principio envolvia cálculos métricos (paicas), estimativa de tamanho de letra e quantidade de linhas necessárias para preencher um espaço. Hoje softwares fazem em minutos o que necessitávamos horas. Neste processo define-se o tipo da fonte, tamanho das letras (títulos, sub títulos, textos, citações, etc).
A letra não pode ser muito pequena, pois desencoraja a leitura. Tamanho entre 11 e 12 é o recomendável, bom para míopes e com estigmatismo. Temos que considerar que nem todos tem a vista saudável. Se o público alvo será formado de faixas etárias diversas - jovem, adulto, idoso, temos que pensar globalmente.
Letras muito grandes para textos não combinam com a estética, exceto em livros infantis, alem de aumentar consideravelmente o número de páginas. Os títulos devem ser 2 ou 4 pontos acima do tamanho do texto padrão (14 a 18). Subtítulos devem estar em tamanho intermediário entre títulos e textos.
A escolha da fonte é importante. Não se trata de escolhermos a que mais no agrada. Temos que pensar no leitor. Fontes muito arredondadas deixar o livro pouco atraente. Fontes que comprimem o texto também não são adequadas. Uma das mais escolhidas é a Times New Roman.
Não exagerar os recursos de negrito, sublinhado e itálico. Deve-se criar um padrão. Texto básico em fonte normal. Diálogo ou expressões do personagem em negrito. Citações bíblicas ou referências em itálico.
Se o livro contem mais de 50% de diálogo ou expressão do personagem, não é aconselhável o uso do negrito, pois ficaria pesada a leitura.
6 – Ilustrações , gráficos e capa.
O livro agora está quase pronto. Neste processo entram as ilustrações, fotos, capa e contra capa. A capa e o titulo do livro são importantíssimos. Pode influenciar o leitor adquiri-lo ou rejeitá-lo. Pense nisto e invista tempo e recursos.
Se você não tem capacidade de produzir a capa, melhor contratar alguém. No caso das ilustrações há um site chamado Pixabay, onde é possível encontrar ilustrações grátis, sem correr o risco de ser processado futuramente por violação de direito autoral.
Há pessoas que simplesmente buscam na Internet uma imagem, e as utiliza sem verificar se há restrição quanto ao uso comercial. Se você necessita uma imagem para seu trabalho escolar ou uma apresentação de slide, não há riscos. Mas usá-la em um livro comercial, poderá trazer surpresas decepcionantes.
Certa vez usei um desenho encontrado na internet para ilustrar a página web da igreja. Não sei como o autor descobriu, mas enviou uma carta cobrando pagamento de direitos autorais.
Na minha opinião, que trabalho com Corel Draw há anos, desde a versão 3, ainda é o melhor programa para criar capas de livros. Não utilize editores de fotos, a não ser que você seja um profissional. Melhor importar as fotos para o Corel Draw e trabalhar nelas.
7 – Publicação e impressão - Chegamos ao final. Agora a questão é editorial. Quem nunca teve o primeiro livro publicado, dificilmente encontrará uma editora disposta a custear o processo de diagramação, impressão e distribuição. Se o escritor tem um circulo amplo de amizades, poderá ser o próprio editor, custeando todo o processo, mas seu publico será limitado e local.
Hoje há opções de produzir um livro inteiramente digital em formato PDF, sem tê-lo que imprimir, o que elimina custos. O problema é a resistência de muitos leitores que preferem o método tradicional. Ler no papel, virar as páginas, colocar marcadores onde parou a leitura, fazer anotações pessoais, etc. O escritor poderá ter o livro nas duas versões digital e impressa, para agradar gregos e goianos.
8 – Resultados financeiros
Se uma editora aceitar publicar seu livro, não espere resultados financeiros. Eles ficam com os resultados e o escritor, com as migalhas que caem da mesa. (parafraseando a parábola do rico e Lázaro). Você receberá a titulo de direito autoral, de 10% a 20% do valor vendido Se você optar em auto financiar, não pense grande, nem viva de sonhos. Isto não é questão de pessimismo ou falta de fé, chamo racionalidade. Seja modesto e opte por uma tiragem menor. A medida que o livro vender, encomende outras edições. Se imprimir muitas cópias, acima de sua capacidade de vendas e distribuição, os livros ficarão encalhados e você não recuperará o investimento.
Se pretende torná-lo comercial, aconselho que compre o código de identificação padrão. Cada país tem uma ou mais agencias que fazem este tipo de catalogação, o que inclui o código de barras. Dificilmente uma rede de livraria vai vender seu livro se não tiver estes dois requisitos, pois deles dependem para catalogação e controle de estoque.
É aconselhável uma tiragem menor e ter uma segunda ou consecutivas edições, nas quais poderá consertar erros que escaparam, tirar ou acrescentar algo.
Não desista do seu projeto.
Se você nunca publicou um livro, espero que estas sugestões sejam úteis. Publiquei meu primeiro livro recentemente, embora escreva para jornais e outras publicações desde os 20 anos. O livro A Igreja do Futuro está disponível em formato digital no site www.amazon.com.br . A edição impressa, por enquanto não está disponível no Brasil.
Com poucas exceções, autores de livros não tem a pretensão de ficarem ricos ou mesmo lucrarem com a venda de livros. O fato de alguém (leitor), dedicar tempo, absorver o conteúdo e desfrutá-lo, deixa o escritor realizado.
Escrever livro é semelhante a pintura feita a mão. A ideia é concebida na mente do pintor, materializada na tela por meio de desenhos e cores, e finalmente colocada numa parede para decorar a casa de quem aprecia a arte.
Escrever livro é uma arte. Depois do primeiro livro publicado, os demais virão naturalmente. Como escreveu o rei Salomão, um versículo muito apropriado para encerrar este artigo - Filho meu atenta, não há limite para fazer livros. (Eclesiastes 12.12).