Este artigo não tem a pretensão de ser didático, mas prático  e objetivo. Não foi escrito com a ajuda do Google ou montado a partir de material copiado.  São dicas e instruções acumuladas ao longo dos anos. Trata-se de uma experiencia pessoal,  o que pode divergir de regras estabelecidas nas instituições acadêmicas.

1 – Definir o assunto central.

Partindo do principio, deve ser escolhido um tema ou assunto central, exceto se for uma coletânea de artigos que não obedeçam uma sequência lógica. Como não poderia ser diferente,  escrever livro imita o ciclo da vida humana – tem início, meio e fim.

2 – Separar por capítulos.

A próxima fase seria, criar capítulos ou depois que terminar o  texto, dividi-los posteriormente.   Prefiro  criá-los antes de serem  escritos, pois  me dá  uma sensação de tarefa a ser executada e a inspiração virá a partir do tema fixado.  É como as professoras de português desafiavam os alunos no primário e ginásio.  Davam um tema e diziam que tínhamos   20 minutos para escrever e ter no mínimo 30 linhas.  Sempre gostei deste método e era comum minha redação ser selecionada para leitura em classe.  Era  meu troféu pessoal, mas nas provas de matemática, tinha que  contar com a ajuda do vizinho sabido.

Após o termino desta etapa, o livro já tem o poderíamos  chamar  - o esqueleto.  Vamos agora colocar nele, carne, músculos e artérias, parafraseando  a visão dos ossos secos do profeta Ezequiel (Ez cap. 37)

3 – Adição, ajustes e cortes. 

Agora  o escritor deverá fazer   duas perguntas a  si próprio:  -  Escrevi pouco texto que justifique a obra transformar se em um   livro?  Atualmente há uma  tendência no meio evangélico de livros  menores que o tradicional, inclusive no formato (medidas).  A razão  pode ser duas -  o autor prefere ter diversos títulos publicados, do que livros mais longos  ou contribuir para a formação  de leitores preguiçosos.  Os brasileiros estão entre os povos que lêem menos no planeta, mas gostam  exageradamente de  vídeos.  A segunda pergunta -  Não escrevi demais, a ponto de ser estafante ao leitor?  

 A solução para a primeira pergunta seria introduzir novos parágrafos, citações bíblicas, referências extraídas de outras fontes ou informações técnicas.  Não esqueça  de citar os autores ou publicação, para evitar  plágio (cópia).

A solução para a segunda pergunta seria a lipoaspiração textual ( termo criado neste artigo, se já existe  desculpem o plágio) . Isto eliminará o excesso de texto.   Um  bom livro não se classifica pelo número de páginas, mas um trabalho objetivo que prenda a atenção do leitor. Este  processo elimina-se repetições de uma mesma idéia, o  que na linguagem gramatical  definimos como redundância.

4 – Revisão ortográfica – 

Terminada a parte   de conteúdo,  é tempo de dedicar-se a revisão ortográfica. Hoje há  na Internet  revisores gratuitos que facilitam o trabalho do escritor. A revisão final porem deve ser feita por outra pessoa capacitada, nunca   pelo próprio escritor.

È a  arte imitando a vida.  O escritor não  encontrará  tantos erros gramaticais, como  o revisor. Assim como nós humanos, temos a tendência de achar erros nos outros com facilidade,  que  admitirmos os nossos próprios.

5 – Diagramação – 

Encerrada a fase de revisão ortográfica, passemos a diagramação.  Nem todos  escritores tem facilidade para desenvolver esta fase.  Seu talento é escrever, mas adequar o texto não é dom natural.  Trata-se de regras do mundo gráfico e devemos obedece-las.

No meu caso, tendo  trabalhado  muitos anos nas áreas de reportagem,  elaboração de matérias e  preparação do material para ser impresso, não tenho dificuldades.  Participo do processo completo,  exceto  impressão e encadernamento.

Depois da criação da plataforma Windows, a diagramação  tornou-se  mais fácil. No principio  envolvia  cálculos métricos (paicas),  estimativa de tamanho de letra e quantidade de linhas necessárias para preencher um espaço.   Hoje  softwares fazem  em minutos o que necessitávamos horas.   Neste processo define-se  o tipo da fonte, tamanho das letras (títulos, sub títulos, textos, citações, etc).

A letra não pode ser muito pequena, pois  desencoraja a leitura. Tamanho entre 11 e 12 é o  recomendável, bom para míopes e  com estigmatismo.  Temos que considerar que nem todos tem a vista saudável.  Se  o público  alvo será formado de faixas etárias diversas -  jovem, adulto, idoso, temos que pensar  globalmente.

Letras muito grandes para  textos  não combinam com a estética,  exceto em livros infantis, alem de aumentar consideravelmente o número de páginas. Os títulos devem ser 2 ou  4 pontos acima do tamanho do texto padrão (14 a 18).  Subtítulos devem estar em tamanho intermediário  entre títulos e textos.

A escolha da fonte  é importante.  Não se trata de escolhermos a que mais no agrada.  Temos que pensar no leitor.  Fontes muito arredondadas  deixar o livro pouco atraente.  Fontes que comprimem o texto também não são adequadas. Uma das mais escolhidas é a Times New Roman.  

Não exagerar os recursos de negrito, sublinhado e itálico.  Deve-se criar um padrão.  Texto básico em  fonte normal.   Diálogo ou expressões do personagem em negrito.  Citações bíblicas ou referências em itálico.

Se o livro contem mais de 50% de diálogo ou expressão do personagem, não  é aconselhável o uso do negrito, pois ficaria pesada a leitura.

6 – Ilustrações , gráficos e capa.

O livro agora está quase pronto.   Neste processo entram as ilustrações, fotos, capa e contra capa.  A capa e o titulo do livro são importantíssimos. Pode influenciar o leitor  adquiri-lo ou rejeitá-lo. Pense nisto e invista tempo e recursos. 

Se você não tem capacidade de produzir a capa, melhor contratar alguém.    No caso das ilustrações há um site chamado Pixabay, onde é possível encontrar ilustrações grátis,  sem correr o risco de  ser processado futuramente por violação de direito autoral.

Há pessoas que simplesmente buscam na Internet uma imagem, e as utiliza sem verificar se há restrição quanto ao uso comercial.   Se você necessita  uma imagem para  seu trabalho escolar ou uma apresentação de slide, não há riscos. Mas usá-la em um livro comercial, poderá  trazer surpresas decepcionantes.

Certa vez usei um desenho encontrado na internet para ilustrar  a página  web  da igreja.  Não sei como o autor  descobriu,  mas enviou uma carta cobrando pagamento de direitos autorais.

Na minha opinião, que trabalho com Corel Draw há anos, desde a versão 3, ainda é o melhor programa para criar capas de livros. Não utilize  editores de fotos, a não ser que você seja um profissional. Melhor  importar as fotos para o Corel Draw e trabalhar nelas.

7 – Publicação e impressão - Chegamos ao final.  Agora a questão é editorial.  Quem nunca teve o primeiro livro publicado, dificilmente encontrará uma editora   disposta a custear o processo de diagramação, impressão e distribuição. Se o escritor tem um circulo amplo de amizades, poderá ser o próprio editor, custeando todo o processo, mas seu publico será limitado e  local.

Hoje há opções de produzir um livro inteiramente digital em formato PDF, sem tê-lo que imprimir, o que elimina  custos.  O problema é a resistência de muitos leitores que  preferem o método tradicional.  Ler no  papel,  virar as páginas, colocar marcadores onde parou a leitura, fazer anotações pessoais, etc. O escritor  poderá  ter o livro nas duas versões digital e impressa, para agradar gregos e goianos. 

8 – Resultados financeiros

Se uma editora aceitar publicar seu livro, não espere  resultados financeiros. Eles ficam com os resultados e o escritor, com as migalhas que caem da mesa. (parafraseando a parábola do rico e Lázaro). Você receberá  a titulo de direito autoral,  de 10% a  20% do valor vendido  Se você optar em auto financiar,    não pense grande,  nem viva de sonhos.  Isto não   é questão de pessimismo ou falta de fé,  chamo racionalidade. Seja modesto e opte por uma tiragem menor. A medida que o livro vender, encomende outras edições.   Se imprimir muitas cópias, acima de  sua capacidade de vendas e distribuição,  os livros ficarão  encalhados  e você não recuperará o investimento.

Se pretende torná-lo  comercial, aconselho que compre o código de identificação padrão.  Cada país tem uma ou mais agencias que fazem este tipo de catalogação, o que inclui o código de barras.   Dificilmente uma rede de livraria vai vender seu livro se não tiver estes dois requisitos, pois deles dependem para catalogação e controle de estoque.   

É aconselhável uma tiragem menor e  ter uma segunda ou  consecutivas edições, nas quais poderá  consertar erros que escaparam, tirar ou acrescentar algo.

Não desista do seu projeto.

Se você nunca publicou um livro, espero que estas sugestões sejam úteis.  Publiquei meu primeiro livro recentemente, embora escreva para  jornais e outras publicações desde os 20 anos.  O livro A Igreja do Futuro   está disponível em formato digital  no site  www.amazon.com.br .    A  edição impressa,  por enquanto não está disponível no Brasil.

Com poucas exceções, autores de livros não tem a pretensão de ficarem ricos ou mesmo lucrarem com a venda de livros.  O fato de alguém (leitor), dedicar tempo,  absorver o conteúdo e desfrutá-lo, deixa o escritor  realizado.

Escrever livro é semelhante  a pintura feita a mão.  A ideia é concebida na mente do pintor,  materializada na tela  por meio de desenhos e cores,  e finalmente colocada numa parede para decorar a casa de quem aprecia a arte.

Escrever livro é uma arte. Depois do primeiro livro publicado, os demais virão naturalmente.  Como escreveu o rei Salomão,  um versículo muito apropriado para encerrar este artigo -   Filho meu atenta, não há limite para fazer livros. (Eclesiastes 12.12).