Como auxiliar crianças com déficit de aprendizagem em escolas organizadas por ciclos de formação humana?

Érica Patrícia dos Reis Oliveira

Através de observação é possível constatar que há muitas queixas entorno das escolas públicas, que em geral são numerosas e que não estão fornecendo a educação necessária  resultando em alunos com enormes  dificuldades de aprendizagem.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases é obrigação tanto do estabelecimento de ensino quanto do professor, garantir o aprendizado aos alunos, ou seja, a lei intenciona garantir o direito da criança/jovem de aprender. Em seus artigos 12º inciso V e 13º inciso IV descobrimos que:

  • Art.12 “Os estabelecimentos de ensino, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino terão a incumbência de:

Inciso V “prover meios para recuperação dos alunos de menor rendimento;”

  • Art.13 “Os docentes incubem-se de:

Inciso IV “Estabelecer estratégias de recuperação de recuperação para os alunos de menor rendimento;”

A organização curricular por ciclos criada na década de 90 e que hoje está presente em muitos municípios de Mato Grosso foi possibilitada através da aprovação da LDBN lei nº9394 de 20 de Dezembro de 1996 em seu artigo 23 que diz:

A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

No entanto, esse sistema de ensino tem sido alvo de criticas, por pessoas que desconhecem o princípio básico dos Ciclos, que é garantir que os alunos aprendam no seu devido tempo, pois segundo Lima (2002 p-08) “Ciclo de Formação é consequência  da reconstituição da escola como espaço de formação, não só de aprendizagem.”

A escola tem o dever de prover um ensino de qualidade, fazendo com que o aluno aprenda e não só decore os conteúdos. Através da proposta o ensino por ciclos, a aprendizagem é vista como um processo que respeita o tempo de cada um e em suas individualidades, pois cada ser é possuidor de características que o torna único. Dessa forma, para ser respeitada essa individualidade é necessário um plano educacional que valorize essas particularidades. Assim, temos a seguinte definição:

Educação por ciclos de formação é uma organização do tempo escolar de forma a se adequar melhor as características biológicas e culturais do desenvolvimento de cada aluno. (LIMA, 2002, P-09)

Não nos cabe aqui neste artigo, julgar a escola organizada por ciclos de formação humana, mas apenas contribuir para que seu aluno consiga desenvolver as competências e habilidades necessárias para viver como cidadão crítico e participativo da sociedade da qual ele faz parte.

É importante ressaltar, ainda, que o senso comum tem reforçado uma visão perigosa sobre as diferenças de ritmos nas crianças. O fato de inúmeras crianças não se alfabetizarem no primeiro ano do ensino fundamental, no segundo e terceiro, tem se justificado como respeito aos ritmos. Esta noção pode estar gerando práticas  conformistas, mas, o mais perverso é que as crianças e seus pais são normalmente culpados, por esta contradição que, ao nosso ver, a própria escola cria: a de produzir um tipo de prática de alfabetização que, em nome dos ritmos, não alfabetiza! Neste sentido, apenas o lado do aluno é questionado. Este processo tem produzido, a cada ano, crianças que desafiam a escola e os professores.

A partir disso, é necessário que a escola elabore um projeto buscando condições favoráveis à aprendizagem da língua escrita e leitura; desenvolverem métodos individualizados e diferenciados de acordo com o grau de necessidades buscando entender quais os motivos que os cercam e o que contribui para o baixo rendimento desses alunos e , desta forma, fazer-se cumprir o que estabelece a LDBN.

       É de extrema necessidade que as escolas tenham um projeto de apoio pedagógico que pode ser realizado entre os professores em conjunto com a coordenação pedagógica da escola. Este deve ter como princípio fundamental oferecer aos alunos com déficit, cuja aprendizagem não tem sido favorecida, suporte pedagógico para atingir os níveis de aprendizagem necessários.  As dificuldades podem ser detectadas pelo professor regente, esse por sua vez faz o encaminhamento do aluno, com a devida justificativa, para que o professor de apoio por meio de práticas pedagógicas diferenciadas proporcione às crianças em questão a reconstrução de conceitos que os reconduzam ás situações de interação no grupo ao qual pertencem. A ideia é proporcionar uma aprendizagem desafiadora e prazerosa, estimulando no aluno o espirito crítico, a imaginação e a criatividade. Dessa forma, o projeto também trabalha a elevação da autoestima, uma vez que leva a criança a perceber suas habilidades e competências.

 

REFERÊNCIAS

FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, Seriação e avaliação: confrontos de lógicas- São Paulo: Moderna, 2003. – (Coleção Cotidiano Escolar)

LIMA, Elvira Souza. Ciclos de Formação/ Uma reorganização do tempo escolar- São Paulo: Sobradinho 107, 2002.