Ontem, como todos os dias faço fui assistir minhas aulas - Existem pressupostos de que não deveria mais estar me preocupando com isso, porque dado estar com sessenta e seis anos, deveria estar cuidando de artrose, pressão arterial, digestão, com as juntas etc., mais o espírito ainda pensa que o preencher o tempo com coisas? mais sadias, também é uma opção de vida e no caso eu quero a carteirinha da ordem. (É verdade que ela é rosa?). E, aqui para nós, que a D. Gilda não nos leia, olhar o desfile ao vivo é melhor do que ver via novelas de Tvs.

Neste período, fomos surpreendidos com a notícia ruim do desastre das provas da OAB, a minha faculdade conseguiu emplacar uns míseros 3,67% de candidatos aprovados, em cem aprovamos 3 e meio, contra as chamadas faculdades públicas e a católica, que apesar de as provas serem mais rigorosas, conseguiram assim mesmo emplacar em torno de 47%, em cem alunos aprovaram a metade, aliais como sempre fazem.

Eu costumo olhar os subprodutos dos fatos, e como tive oportunidade de comentar com um dos professores, uma ave rara que ainda podemos manter um diálogo franco, aberto e democrático, disse eu: não posso compreender, como, que mesmo seguindo uma filosofia atual de "escolas caça-níqueis" disfarçados de educandários profissionalizantes, possam ser tão medíocres, nos seus resultados. Tão desfocados de produtividade - e serviço ruim não é bom marketing.

Contrariando até mesmo qualquer pensamento econômico, que para continuar no mercado deve oferecer algum resultado palpável, porque esse desempenho baixo somente conduz a extinção.

Essas observações surgiram, porque eu tenho meus interesses envolvidos, tenho de pagar mensalmente, dinheiro real, portanto, em troca desejo uma possibilidade real de fazer a prova da OAB, até mesmo aceito a desigualdade de condições com as faculdades públicas, mas, um mínimo de possibilidade espero eu alcançar.

A discussão surgiu - e logo a seguir vieram as provas - desastre sentido, todos reclamam: Alunos insatisfeitos de um lado, professores insatisfeitos do outro. E sabe, provas aplicadas, desempenho baixo constatado, nervosismo de parte a parte, agressões, tudo em fim do que é de se esperar em um ambiente improdutivo.

Durante o período aquelas aulas mornas - tipo me engana que eu gosto, aquele clima indisciplinado de alunos largados a sua própria sorte, cuidando mais do seu celular ¬dos seus "casos", das fofocas e do deixa passar, que depois eu vejo isso.

Eu não me conformo, alguém gasta seu trabalho - o recurso despendido sempre será o fruto de um trabalho, do próprio, do pai da mãe - aí os desorientados vão para faculdade e acham que são livres, para não ouvir o que o professor tem a dizer e ... os professores - aqui é que minha filha discorda, aceitam passiva e mansamente o comportamento desses desorientados e, também deixam p'ra lá, eu não concordo com seu pecado mas cometo o mesmo e por seu "eu" sou perdoado.

Como deixar que jovens desorientados façam da sala de aula "play"?, como deixar que jovens queimem sua juventude, desperdicem seu tempo, com folguedos, no lugar onde foram hipoteticamente "ganhar" algo, para o resto de suas vidas?

É voz corrente entre os mestres, é tarefa de casa, da família, fazer com que os jovens atinem para sua responsabilidade, mas e aí, se a família se omite, representa sinal verde para eu também me omitir? Este jogo esta sendo mau jogado, porque todos perdem.

Ontem eu fiquei observando - os dois professores que se apresentaram para ministrar .suas aulas, depois do desastre chamado de A1 (designação das primeiras provas - a segunda é chamada de A2 e assim por diante), estavam visivelmente nervosos, inseguros, de costas para o seu público. Sabe quando você esta presente, mas gostaria de estar passeando na quinta da boa vista, na praia. Pois é assim que o clima estava, aluno de um lado perdidos no deserto, professores do outro, "se achando", e ninguém cuida de ninguém, apesar de haver uma relação de fato e de direito entre eles.

Sabe. Ensinar para mim, é como ser santo, tem de fazer milagres por devoção, não por obrigação, tem de ir mais além do ensino técnico, tem de estar no interior de cada ser, buscar nele aquilo que ele tem de melhor, fazê-lo ver que a sua verdade é uma ferramenta de trabalho viável e possível que lhe vai ser útil e necessária no futuro que ele ainda vai viver.

E ter o desprendimento de poder mostrar que todos os conceitos libertinos, livres e indisciplinados são próprios e bons na juventude, mas que aos poucos devem dar lugar - cada dia mais - a um comportamento sério e produtivo. É isso os professores tem algo mais a dar, do que o esquema técnico da "ação penal", tem até mesmo o exemplo vivo de que aquele conteúdo não caiu do céu em sua cabeça.

Ouvi ontem, o choramingo de que o aluno não lê, o brasileiro não tem o habito de ler, e não vai adquirir aos gritos, não vai pegar um livro "chato" e cansativo, só porque foi desafiadoramente designado pelo "mestre", que mais queria mostrar a incompetência do aluno, do que guiar alguém a um habito saudável. Para conduzir pessoas principalmente pessoas desorientadas - é preciso mais do que choro e gritos, é necessário e fundamental que surjam líderes, amantes de seu ofício, que possam através de conquista conduzir "seu" povo a descoberta do prazer de aprender.

É isso, se não for com carinho, conduzindo os desorientados pelo prazer, pela alegria e pela inteligência despregada de vaidades e ganâncias financeiras - nada feito - vamos continuar a ter os oriundos das públicas os dirigentes, os promotores, os juízes e os grandes advogados; e egressos das particulares, os zangões de porta de cadeia, das portas dos Procons, e os advogados atuantes na justiça menor e mais branda, por isso mesmo de menos glamour e de menor remuneração.

Do professor espero liderança, do aluno espero responsabilidade só que ele não trás isso de casa, e muito menos vai aprender disciplina na padaria, então caberá ao líder conduzir o seu povo. Convido todos, sentar numa sala de aula com o mesmo propósito olhando todos na mesma direção e não como ontem, cada qual olhava para o vago deserto do desentendimento.

Unamo-nos, pois agora, não vamos nós estudar para ter uma nota na A1, vamos olhar para o sucesso da vida, para aprovação de ser gente, ser alguém diferente, vamos ensinar com o espírito de quem se doa e quer mais e melhor para o seu semelhante, e vamos aprender para vida e não para prova somente.

Apolinario de Araujo Albuquerque 30 out 2007.

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