Com Zelo
Por Maria Cristina Galvão de Moura Lacerda | 27/09/2006 | Contos
Tudo começou quando donzela o viu e tão logo seus olhos se cruzaram soube ter encontrado o homem de sua vida.
Mudou-se de mala e cuia, abrindo um pequeno negócio próximo da casa do mancebo, que dizia ser o arrimo de sua família e tinha como fonte de renda algumas casas alugadas e um restaurante que tinha sido de seu pai já falecido.
Antes de assumir qualquer compromisso foi avisando que não poderia nunca deixar a mãe inválida e que a ela daria todo o seu devotamento, portanto só se casaria quando a progenitora não mais vivesse. Aliás, deixou claro que não queria nenhum compromisso.
Ela aceitou mas no íntimo pedia pela morte da senhora, embora a tratasse muito bem e para demonstrar o quanto seu amor era grande começou fazendo, com verdadeiro desvelo fazer pequenos agrados (para que ele visse sua abnegação) oferecendo-se para ajudá-la e deixaram o encargo que mais a cansava: a limpeza da casa e fazia nos finais de semana, com total abnegação.
Com o decorrer do tempo, tratou de lavar e passar as roupas duas vezes por semana, à noite na casa deles para que o amado depois de fechar o restaurante a acompanhasse em casa, sem nunca ter entrado nela.
Nada reclamava, dedicou-se ainda mais, pois a cunhada ficou viúva e regressou ao lar antigo, juntamente com o filho. Aumentou mais uma noite de trabalho e tentava ser até mais rápida pois para que ele não tivesse que acompanhá-la, terminava mais cedo e a cunhada e o sobrinho a levava.
Anos e anos... nada da velha morrer, nada dele se interessar mais e não foi por falta de tentar, perfumes afrodisíacos usou, ousou em alguns carinhos passando-lhe a língua de leve pela orelha (ele discretamente repelia, sem demonstrar nenhuma emoção), até roupas íntimas sedutoras tentava mostrar deixando displicentemente algum botão aberto mas... ele, impecável em seu comportamento de gentleman, fingia não notar.
Dizia para si mesma que não se importava, que sabia valorizar a educação esmerada desejando que ela seguisse casta e intocável, mas ardia-se em desejos e tinha um segredo.
No seu quartinho, na madrugada, no leito vazio rolava, sentindo a falta de quem pudesse tocar-lhe o corpo, beijar seu sexo, penetrar sua alma e culminava tendo que satisfazer-se, com zelo, solitariamente e sem queixume (se bem que gemesse até alto).
A velha forte como uma rocha, permanecia enquanto que ela já tinha tido uma surpresa ao se olhar no espelho e constatar que seu rosto apresentava vincos, mas era virgem... no contacto com um homem... nem tão virgem.
O sobrinho crescia forte, um rapagão e ela só faltava advinhar os pensamentos. Não raro era ficar sem dinheiro o mês todo para dar um novo autorama, um videogame e por fim um computador, que comprou à prestações à perder de vista, comprometendo seu dinheiro até o ano de 2010.
Com a crise econômica ele foi obrigado a mandar alguns funcionários embora, permanecendo mais tempo no restaurante (nenhuma folga semanal mais tinha), mas ela entendia, não reclamava, afinal não era culpa dele, que coitado, fazia das tripas o coração para que nada faltasse em casa e que o sobrinho tivesse uma educação esmerada.
Ela já não sabia de si mesma e sentia-se como um apêndice da família dele, e eis que uma tarde de domingo chuvosa lavando a loiça do almoço cortou-se com um copo, bateu à porta do quarto da cunhada, vendo-a deitada, com roupas íntimas sentiu-se um estranho desejo...
Pretextando dificuldades de pagar o quartinho, alegando poder ser mais útil, mudou-se para o quarto da outra. Noites sem queixumes, tresnoitadas continua ela tendo, porém calorosas e o serviço prossegue fazendo, com muito mais zelo.
Mudou-se de mala e cuia, abrindo um pequeno negócio próximo da casa do mancebo, que dizia ser o arrimo de sua família e tinha como fonte de renda algumas casas alugadas e um restaurante que tinha sido de seu pai já falecido.
Antes de assumir qualquer compromisso foi avisando que não poderia nunca deixar a mãe inválida e que a ela daria todo o seu devotamento, portanto só se casaria quando a progenitora não mais vivesse. Aliás, deixou claro que não queria nenhum compromisso.
Ela aceitou mas no íntimo pedia pela morte da senhora, embora a tratasse muito bem e para demonstrar o quanto seu amor era grande começou fazendo, com verdadeiro desvelo fazer pequenos agrados (para que ele visse sua abnegação) oferecendo-se para ajudá-la e deixaram o encargo que mais a cansava: a limpeza da casa e fazia nos finais de semana, com total abnegação.
Com o decorrer do tempo, tratou de lavar e passar as roupas duas vezes por semana, à noite na casa deles para que o amado depois de fechar o restaurante a acompanhasse em casa, sem nunca ter entrado nela.
Nada reclamava, dedicou-se ainda mais, pois a cunhada ficou viúva e regressou ao lar antigo, juntamente com o filho. Aumentou mais uma noite de trabalho e tentava ser até mais rápida pois para que ele não tivesse que acompanhá-la, terminava mais cedo e a cunhada e o sobrinho a levava.
Anos e anos... nada da velha morrer, nada dele se interessar mais e não foi por falta de tentar, perfumes afrodisíacos usou, ousou em alguns carinhos passando-lhe a língua de leve pela orelha (ele discretamente repelia, sem demonstrar nenhuma emoção), até roupas íntimas sedutoras tentava mostrar deixando displicentemente algum botão aberto mas... ele, impecável em seu comportamento de gentleman, fingia não notar.
Dizia para si mesma que não se importava, que sabia valorizar a educação esmerada desejando que ela seguisse casta e intocável, mas ardia-se em desejos e tinha um segredo.
No seu quartinho, na madrugada, no leito vazio rolava, sentindo a falta de quem pudesse tocar-lhe o corpo, beijar seu sexo, penetrar sua alma e culminava tendo que satisfazer-se, com zelo, solitariamente e sem queixume (se bem que gemesse até alto).
A velha forte como uma rocha, permanecia enquanto que ela já tinha tido uma surpresa ao se olhar no espelho e constatar que seu rosto apresentava vincos, mas era virgem... no contacto com um homem... nem tão virgem.
O sobrinho crescia forte, um rapagão e ela só faltava advinhar os pensamentos. Não raro era ficar sem dinheiro o mês todo para dar um novo autorama, um videogame e por fim um computador, que comprou à prestações à perder de vista, comprometendo seu dinheiro até o ano de 2010.
Com a crise econômica ele foi obrigado a mandar alguns funcionários embora, permanecendo mais tempo no restaurante (nenhuma folga semanal mais tinha), mas ela entendia, não reclamava, afinal não era culpa dele, que coitado, fazia das tripas o coração para que nada faltasse em casa e que o sobrinho tivesse uma educação esmerada.
Ela já não sabia de si mesma e sentia-se como um apêndice da família dele, e eis que uma tarde de domingo chuvosa lavando a loiça do almoço cortou-se com um copo, bateu à porta do quarto da cunhada, vendo-a deitada, com roupas íntimas sentiu-se um estranho desejo...
Pretextando dificuldades de pagar o quartinho, alegando poder ser mais útil, mudou-se para o quarto da outra. Noites sem queixumes, tresnoitadas continua ela tendo, porém calorosas e o serviço prossegue fazendo, com muito mais zelo.