RESUMO

É fato que a cidade é um sistema complexo de comunicação. O quadro visual que a cidade apresenta ao observador é uma infinita repetição de reproduções. Isso condiciona o mesmo a um estado de “transe cotidiano”, que acostumado à imagem da cidade imposta por meio de seu juízo, torna-se cego na cidade. O objetivo deste estudo é discutir e interpretar a questão da percepção e olhar do observador na cidade, desde sua condição de cegueira até o olhar que enxerga o que está invisível na paisagem; e discutir o papel da arquitetura como contribuinte ou interventora desse transe cotidiano.

Palavras-chave

Imagem da cidade; transe cotidiano; o olhar; o olhar do estrangeiro; percepção

Introdução

"Cloé: de cegos na cidade à cidade de invisíveis" propõe uma análise sobre a paisagem atual da cidade, e como o cotidiano torna seus habitantes cegos em meio a tantos signos e informações que ela apresenta ao observador. O objetivo principal é compreender as distintas visualidades propostas pelo meio, a fim de quebrar a barreira de cegueira imposta pelas reproduções cotidianas e enxergar através do que a imagem da cidade mostra; o que está invisível. 

O presente artigo discute num primeiro momento a imagem da cidade sob o ponto de vista da semiose visual construídas pelo percepto e juízo perceptivo, que correspondem a um olhar passivo ou ativo sobre as cidades. Em segundo momento analisa a condição de cegueira na cidade contemporânea ocasionada pelo "transe cotidiano" a partir do olhar simbólico do observador, e como este pode ser quebrado. Em seguida trata a questão do "olhar do estrangeiro", como define Peixoto (1989), o olhar que conhece e a visão através dos sentidos, que vê o invisível. Por fim, discute o papel da arquitetura enquanto dispositivo que automatiza a visão e também “contradispositivo” que produz novas possibilidades do olhar.