CLIMADIAGRAMAS: COLETA DE DADOS, ELABORAÇÃO E INTERPRETAÇÃO

Tarcísio Viana de Lima1

RESUMO

Este texto tem por objetivo apresentar as principais etapas do processo elaborativo dos climadiagramas, considerados ferramentas fundamentais para compreender a marcante influência do clima biológico na análise das distribuições geográficas das formações vegetais, e, sobretudo, para auxiliar na tomada de decisão visando à possibilidade de introdução de espécies em novas áreas. Portanto, a elaboração e a interpretação de climadiagramas são dois processos essenciais que precisam ser mais amplamente analisados e praticados por estudantes voltados com as questões ambientais e, assim, potencializarem seus conhecimentos sobre a dinâmica das variáveis ombrotérmicas de diferentes regiões, adotando-as como mais um critério facilitador para analisar a capacidade adaptativa e o ajustamento ecológico de espécies introduzidas em novos sítios.

Palavras-chave: Temperatura, Precipitação, Variáveis Ombrotérmicas.


  1. INTRODUÇÃO

Considerados ferramentas extremamente importantes e indispensáveis, os climadiagramas procuram retratar o padrão climático expresso pelas temperaturas e precipitações médias mensais de uma área, região ou território no decurso do ano.

Desenvolvidos por Heirinch Karl Walter, botânico e ecofisiologista ucraniano-alemão, os climadiagramas, a partir da sua proposição, foram assumindo ao longo do tempo várias denominações no contexto acadêmico, sendo, portanto, reconhecidos por diagramas climáticos, climogramas, climatogramas, diagramas ombrotérmicos e termopluviogramas.

Entretanto, a sua essência, imutável e crucial, possibilitou compreender como as variações climáticas podem ser interpretadas de uma forma simples e direta, sem a necessidade de conhecimentos prévios mais aprofundados ou acurados a respeito de meteorologia.

Mas, apesar dessa simplicidade e de não exigir uma bagagem “erudita” sobre questões climatológicas, ainda é notório um certo nível de desconhecimento sobre as questões básicas relacionadas à construção e interpretação de uma das ferramentas mais triviais usadas para a compreensão da dinâmica dos padrões climáticos de uma dada região ou país.

Portanto, visando contribuir de uma forma bastante elementar e integrativa, o presente texto tem por finalidade fornecer informações mínimas necessárias para auxiliar estudantes relacionados com as questões ambientais, e até mesmo “curiosos” com noções básicas sobre variáveis climáticas, em particular temperaturas e precipitações, para que possam compreender e interpretar os climadiagramas e, dessa forma, notarem como essas representações gráficas do clima, independentemente da área de origem, dialogam de uma forma simples, objetiva e imediata com um(a) avaliador(a) do comportamento climático biológico de uma determinada área de interesse que desperte atenção, sobretudo no contexto agrário.

  1. DESENVOLVIMENTO

Partindo-se do princípio que o clima permite determinar os tipos de coberturas vegetais ocorrentes numa dada região e, sobretudo, quais os grupos taxonômicos que constituem essas coberturas, conhecê-lo torna-se fundamental para planejar e desenvolver projetos de pesquisas que visem selecionar espécies vegetais que são mais adaptadas para eventuais ações de (re)florestamentos de áreas perturbadas e/ou degradadas e, inclusive, usá-las em enriquecimentos de fragmentos remanescentes de ecossistemas florestais, mesmo que estejam em processos regenerativos.

Diante dessas possibilidades de manejar essas coberturas vegetacionais, mediante o conhecimento das características básicas do clima, uma ferramenta primária e imprescindível é o climadiagrama específico descritivo da trajetória térmica e pluviométrica típica dessas áreas de fundamental importância ecológica para o contexto socioeconômico local ou regional.

  1. Conceito

Entende-se por climadiagrama a representação gráfica que permite ilustrar as principais características climáticas de uma certa área ou região num determinado período de tempo.

  1. Importância

O climadiagrama é fundamental, uma vez que permite evidenciar a possibilidade de instalação de espécies vegetais, bem como, analisar sua adaptação na nova área ao longo do seu processo de crescimento e desenvolvimento em função do tempo. Além desses aspectos, permite observar a expansividade de quaisquer espécies introduzidas em locais de estudos, principalmente de natureza ecofisiológica.

Nesse contexto, é imprescindível destacar que, sob o ponto de vista silvicultural, os climadiagramas assumem particular interesse ecofisiológico quando há pretensões de se introduzir uma dada espécie florestal num novo sítio, pois ao se analisar e comparar os climadiagramas de duas áreas descontínuas - a de origem dessa espécie com aquela onde será realizada a introdução – e se detectar similaridades térmicas e pluviométricas nessas variáveis climáticas em ambas as áreas, embora não seja absolutamente possível afirmar que haverá sucesso de crescimento e desenvolvimento dessa espécie no novo sítio, pelo menos há uma suposição de que, provavelmente, essa introdução possa lograr êxito. É evidente que outras variáveis, inclusive climáticas e aquelas relacionadas como o solo, devem ser levadas em consideração para efetivamente ter-se a segurança de que a espécie desempenhará satisfatoriamente seus estádios ontogenéticos na área de introdução.

  1. Parâmetros climáticos considerados na construção de climadiagramas

Para elaborar qualquer climadiagrama, são considerados indispensáveis os dados relacionados às variáveis climáticas térmicas e pluviométricas. Nesse contexto, deduz-se que os climadiagramas representam as variações termopluviométricas de uma dada área.

No caso específico das variáveis térmicas, os dados são coletados considerando-se os níveis de temperaturas mínimas e máximas, que, de uma forma bastante simplista, se caracterizam por representar as condições térmicas mais baixas e mais elevadas, respectivamente, registradas num determinado momento, num dada localidade.

  1. Coletas dos dados para elaboração de climadiagramas
    1. Localidade, coletores e formação de bancos de dados.

Oficialmente no Brasil, as coletas de dados termopluviométricos, além de outras variáveis climáticas, são realizadas continuamente por meio de estações meteorológicas distribuídas em várias localidades, tanto sob o ponto de vista regional quanto nacional.

No que diz respeito à elaboração exclusiva do climadiagrama, as informações registradas nos termômetros de máxima e mínima e as cotas de precipitação captadas por meio de pluviômetros nessas estações meteorológicas são as bases para as confecções dos climadiagramas. Essas informações são armazenadas continuamente gerando bancos de dados relacionados às temperaturas e precipitações médias, que traduzem o comportamento climático dessas áreas em quaisquer períodos que se queira analisá-lo.

  1. Modelo de fichas para preenchimento de dados térmicos e de precipitações

As grandes quantidades de dados referentes às temperaturas das máximas e mínimas e das precipitações das regiões onde são feitos os levantamentos são catalogados digitalmente. Entretanto, podemos registrá-los também em fichários físicos – não tão usuais na atualidade –, quando se pretende realizar trabalhos com um volume mais limitado de informações dessas variáveis climáticas. Nesse contexto, encontram-se abaixo modelos de ficha para preenchimentos com dados de temperaturas máximas, mínimas e médias e de precipitações, que podem ser usados, principalmente por estudantes, em exercícios e trabalhos escolares que estejam relacionados à compreensão dos climadiagramas (Figura 1 anexo abaixo) [...]