Nascida em 1905, no dia 29 de julho, Clara Bow é a primeira It Girl do mundo, que participou inclusive do primeiro filme a ganhar um Oscar – “Wings”, sobre a Primeira Guerra Mundial(1914-1918).

Clara era a maior estrela do cinema mudo nos Estados Unidos e era muito apreciada. As classes baixas se identificavam com a atriz, que era aberta e sincera sobre seu passado de pobreza no Brooklyn e sobre seu caminho até onde chegara.

Conhecida por sua beleza jovial, seus olhos grandes eram a maior marca da melindrosa. Expressiva, natural e enérgica, seus olhos tinham, no entanto, um brilho melancólico de quem viveu algo impossível de esquecer.

Clara Bow

Sua infância foi a mais difícil possível, com miséria, solidão e a luta diária contra doenças mentais de ambos os pais – e, tragicamente, a dela própria anos depois. Lutou contra uma suposta esquizofrenia até o momento de sua morte, em 1965.

Seu título de “It Girl”, usado discriminadamente hoje em dia, significava na época, na verdade, uma garota que tinha um “algo mais”, um sex appeal, uma característica natural e intrínseca de sedução, sem esforço algum. O termo surgiu do bem-sucedido filme de mesmo nome – It, de 1927.

A história cinza de Clara é ofuscada por seu talento e lendários filmes de sua carreira, lembrados até hoje e aclamados como verdadeiras obras de arte do cinema de Hollywood. Curiosamente, a história de Marylin Monroe, de alguns anos depois, é relativamente parecida – ao menos no quesito de como a pobreza e o abandono influenciam numa vida inteira de uma criança, uma menina.

Era também o símbolo máximo de Melindrosa, as Flappers, moças de hábitos diferentes dos de sua época, completamente abominadas por famílias tradicionais ou aristocratas. O jazz foi a maior associação às Flappers na época – hoje, existem os flapper shoes, sapatos de dança específicos para dança de salão. Na época, ambos eram considerados aberrações sociais. Clara era, aliás, a suposta inspiradora da personagem “Betty Boop”, a sensual melindrosa de desenhos considerados adultos para a época.

Celebrar o talento e as obras de arte cinematográficas de Clara Bow é importantíssimo; importante também, porém, é lembrar de sua história, sua luta e as provações passadas pela atriz, que é realidade de muitas jovens de hoje. E, se possível, que façamos algo com o passado e mudemos o futuro de muitas Claras Bows atualmente.

Bianca Braga de Carvalho