CIVILIDADE E PATRIOTISMO VIVIDOS NA RUA CARMELO ZOCOLLI! 

Professor Me. Ciro José Toaldo

 

Nesta terceira parte do resgate das memória a respeito da Rua Carmelo Zocolli, aonde os tempos de infância, adolescência e juventude foram áureos, como narrados nos artigos anteriores, desejo abordar como neste local foi possível, na forma simples, aprender os conceitos de civilidade e patriotismo!

Não foi o acaso que levou-me a ser um professor de História, nem um ser ‘apaixonado’ pela educação. Desde adolescente sonhava ser professor, diretor de escola e alguém influente no campo educacional. Passado o tempo, incrivelmente grande parte dos feitos nesta Rua ou no porão de nossa antiga casa, tornaram-se realidade. Fiz concurso para ser professor, passei e me aposentei. Durante mais de uma década fui diretor de uma escola municipal (sempre eleito pela comunidade escolar), além de passar pelo crivo de cargos dentro do setor da educação.

Guardo vivo na memória, as salutares brincadeiras, como da escolinha que criei, tendo o nome de “Escola Menino Deus”. De maneira mágica, não sei como acontecia, a maior parte das crianças desta Rua, compareciam diariamente nesta ‘escolinha’, aonde eram feitas as lições da ‘escola onde estavam matriculados’, bem como eram ensaiados teatros, músicas, danças e outros atrações para a realização de uma ‘tarde cultural’. Este era um momente solene, com a presença de alguns convidados, pais ou outras pessoas que residiam naquela Rua ou em seu entorno.

Além deste cotidiano, havia a época de empolgação e paixão, todos tinham o desejo em participar: era a Semana da Pátria! Nesta Rua, ao lado de nossa casa, estava a garagem que ficava para dentro do terreno que servia de pátio; nos balaustres da cerca, colocávamos uma ‘taquara’ como mastro para hastear a Banderia Nacional. Ao som do toca-disco de minha mãe, cantávamos o Hino Nacional e da Independência, todos ficavam em frente deste símbolo, enfileirados e com respeito. Na sequência era declamado uma poesia sobre a pátria e seus encantos.

Neste período de exautação à pátria, treinávamos as marchas para o desfile de sete de setembro, ao som de nossos tambores, feitos de lata de tinta ou de banha que repicavam ao toque dos paus de madeiras. Certa vez, um integrante da banda municipal, vendo nosso ensaio, ficou maravilhado e nos convidou para participar do desfile oficial, na Rua XV, no centro de Capinzal. Como esquecer daquele dia? Como não lembrar da felicidade de estarmos com os nossos tambores (de lata), enfeitados, desfilando com a banda municipal?

De fato, vivenciamos uma epopéia magnífica, algo inesquecível que tornará a Rua Carmelo Zocolli memorável, nela vivenciamos o sentimento de patriotismo e civilidade; nela aprendemos valorizar educação, família, cultura, amor à vida e a simplicidade! Talvez, na atualidade, muitas criaturas não tenham tido a oportunidade de ‘degustar’ estes sabores, assim, não compreendem o quanto a simplicidade da existência proporciona alegrias imensuráveis!

Quanta lembrança de um bom tempo, aonde a civilidade e o patriotismo estavam em alta! Gratidão aos meus pais e irmãs, por compartilharem comigo estes ‘encantos’ que foram transformados em realidade. Como gostaria de reencontrar àquelas criaturas, atualmente homens e mulheres, com filhos e até netos, outras infelizmente não estão mais em nosso meio, pois desejaria rememorar com elas estes momentos de imensa felicidades vivenciados de nossa eterna Rua Carmelo Zocolli! 

Um abraço à todos!

 

OBS: Quero dedicar este artigo, além de todos que fizeram parte da nossa “Escola Menino Deus”, a minha amiga de infância, Maria Helena Maestri, ela é prova viva do relato deste artigo!