Deve-se considerar que homens e mulheres são igualmente ciumentos, ou seja, ambos podem ser afetados pelas diversas sensações, sentimentos, pensamentos advindos do ciúme. Entretanto, consideram-se diferenças entre homens e mulheres referente às suas atitudes quanto ao envolvimento no sexo. A maioria das mulheres deseja algum tipo de envolvimento afetivo com o parceiro. Entretanto, os homens priorizam prazeres estéticos (beleza, juventude, etc.). Portanto, a infidelidade afetiva seria mais perturbadora para as mulheres, em contra partida, os homens ficam mais aflitos pela infidelidade sexual de suas parceiras (BUSS, 2000).

     Matarazzo (2005), afirma que os homens procuram mais o prazer sexual, a conquista, variedade, sem envolvimento emocional. No que diz respeito às mulheres, sexo e amor estão entrelaçados, ou seja, procuram relações afetivas: de apego e segurança. Dessa forma, os homens não veem uma possível abertura para uma relação extraconjugal como uma séria ameaça ao casamento, pelo fato de não darem muita importância ao envolvimento emocional; ao contrário, para as mulheres, esse ato é considerado imperdoável. Dor, mágoa e vingança podem atingir homens como mulheres.

“(...) Custamos muito para perdoar quem nos machucou; custamos mais ainda para nos libertar da dor. Todos sabemos que incidentes dolorosos não perdoados causam novas dores, novas tristezas, novos problemas. Cada mágoa é uma ferida emocional que, quando arranhada, infecciona. Essa infecção envenena nossa mente. Daí passamos a investir grande parte da nossa energia emocional para alimentar esse ciclo infinito de raiva, ou seja, atravessamos os dias e as noites querendo marcar pontos, vingar-nos” (MATARAZZO, 2005, pg. 130).

     Gikovate (2006) entende a relação do ciúme envolvido com a inveja, afirmando que os homens sentem inveja do poder sensual feminino, pelas qualidades físicas que demonstram. O olhar acaba tendo um papel importante como gatilho para despertar o ciúme de sua parceira, justamente pelo parceiro fixar seu olhar em outras mulheres que lhe pareça interessante. O autor considera que se houver a presença da infidelidade sexual (afetiva), a dor torna-se maior do que apenas sobre os fenômenos visuais.

     Referente à literatura encontrada sobre o ciúme, percebe-se que o ciúme tem seu papel no que diz respeito ao envolvimento amoroso com o outro. Do ponto de vista positivo, o ciúme serve como um “sensor”, objetivando a preservação, o cuidado com o relacionamento; demonstrando amor e defesa contra possíveis ameaças de infidelidade e abandono. A ausência desse sentimento pode causar a sensação de indiferença. Do ponto de vista negativo, em excesso, o ciúme pode destruir relações, ocasionando, possivelmente, afastamento da pessoa amada, cobrança e desconfiança excessiva e irracional, ameaças, investigações; sufocando a relação. O ciúme patológico pode levar a agressões físicas e/ou verbais, homicídios, suicídios, perseguições doentias, brigas constantes, desrespeito, separações, etc. (SEO, 2006).

     Segundo Seo (2006), somente quando a pessoa admite ser ciumenta, admitindo seus defeitos, dificuldades, medos, etc., é que pode ir em direção ao processo de superação dessa problemática. Segundo a autora, o importante é não negar seus sentimento e angústias, para que seja possível trabalhar na análise e compreensão da situação que esteja prejudicando o relacionamento do casal, tendo como objetivo que o ciúme não interfira de forma destrutiva na relação.

Reflexão do Psicólogo:

     Cabe ressaltar ao leitor, que tais colaborações referentes ao ciúme não devem ser entendidas como determinantes. A noção de amor e posse tem diferentes significados em culturas diferentes. É importante, acima de tudo, entender que cada sujeito é único(a) e que cada um tem seu jeito de ver e existir no mundo. É de suma importância entender como cada pessoa se constituiu. As colaborações referentes às diferenças entre os sexos em relação ao ciúme servem apenas como um possível ponto norteador para o entendimento da problemática. Cabe salientar, que os entendimentos acima descritos está em direção aos relacionamentos heterossexuais, talvez as mesmas colaborações não se estendam aos relacionamentos homossexuais.

 

BUSS, D. A paixão perigosa: por que o ciúme é tão necessário quanto o amor e o sexo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.

GIKOVATE, F. Ensaios sobre o amor e a solidão. São Paulo: MG editores, 2006.

MATARAZZO, M. H. Encontros, desencontros e reencontros. Rio de Janeiro: Record, 2005.

SEO, Khallin Tiemi. MANIFESTAÇÕES DE CIÚME E SUAS CONSEQÜÊNCIAS, NA DINÂMICA DE RELACIONAMENTO CONJUGAL. 2006. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2017.