ARTIGO

 

 

 

 

 

 

 

Cinema em aulas de história

 

 

 

 

 

 

 

 

MARIA ESPERANÇA CABALLERO HIROTA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tangará da Serra-MT

Setembro/2013

  1. RESUMO

Este artigo trata de aulas de história monótonas e cheias de leituras, além de inimagináveis desfoques sobre como eram as antigas civilizações e como era a vida e cultura das pessoas em determinadas épocas e lugares. Assim, o cinema é um recurso, exposto aqui como uma forma de visualizar, de concretizar o que se imaginava, o que se lê. Hoje, tudo faz parte de um contexto rápido de informações, onde tudo se vê e se aprende é através de imagens e sons frequentes, a imagem unida ao som traz uma informação mais completa, mais real do que só o estudo lido. Além disso, o dinamismo de um bom filme unido com um debate e finalizando com a produção de um texto, além de inúmeras outras atividades fazem com que a movimentação em torno se efetive e concretize os conteúdos trabalhados.

  1.  RESUMEN

Este artículo trata de clases de historia desdibujas, monótonas y llenas de lecturas, además de inimaginables desenfoques sobre de cómo eran las civilizaciones antiguas y cómo era la vida y la cultura de las personas en determinados momentos y lugares. Así, la película es un recurso expuesto aquí como una manera de visualizar, a darse cuenta de lo que se imaginaba sin ella, de verse y entender lo que se lee. Hoy en día, todo es parte de un contexto de información rápida, donde todo lo que se ve y se aprende es a través de imágenes y sonidos, con frecuencia, la imagen adjunta al sonido se transmite mejor información, más real del que se lee solamente. Por otra parte, el dinamismo de una buena película, junto con una discusión y que termina con la producción de un texto, y muchas otras actividades hacen con que haga una movimentación y se materialicen los contenidos trabajados.

  1. ARTIGO

Atenção...

Alugue um DVD, prepare-se para ver um filme, prepare as pipocas, o guaraná, nada mais nacional..., sente-se, ligue o DVD, preste atenção...

Que filme? Ora, pode ser qualquer um, de qualquer assunto que te interesse..., aquele dos dinossauros..., por exemplo...

E agora?

Preste atenção...

Veja aquele dinossauro..., mas preste atenção nos detalhes...

Ele tem vida...

Ele respira, se move, olha, persegue, come e até espirra... catarro!

É outro mundo, onde humanos e dinossauros convivem entre conflitos bem organizados, claro!

Ou veja algum da destruição do mundo, as águas invadindo as cidades, tudo é tão perfeito que quando as imagens reais de um tsunami nos parecem ficção.

Há uma história, um tema, um enredo que se repete, depende de quantas vezes você quiser. Se você quiser rever a cena, o filme todo, ou passar rápido, ou mesmo pular um pouco porque ficou monótono e não te interessa mais...

Mas, volte às imagens...

Muito bom, mas será que isso aconteceu mesmo?

Será que os dinossauros eram assim mesmo?

Ora, assim mesmo, não se sabe exatamente, mas muito próximos a isso.

Afinal, quando se ouve dizer que tal filme custou muitos milhões de dólares para ser produzido, dentre outras coisas, foram pagos historiadores, arqueólogos, psicólogos para saber a reação das pessoas nas cenas, decoradores, artistas, marceneiros, costureiras, estilistas, pedreiros, eles constroem cidades inteiras! Constroem outros planetas! Inventam seres “muito loucos”.

Adentram no tempo, vão para frente e para traz, e isso pode ser num mesmo filme, “fabricam” o futuro, investigam o passado.

Mas, a grande questão é: seria possível inventar um futuro sem ter noções básicas de passado?

Interessante, a chamada sétima arte, o cinema nos proporciona momentos de glória, de amor, de raiva, de medo e até de terror! Faz-se sentir saudades, angustia... e tudo isso a preços módicos de até vinte reais, talvez um pouco mais, depende do lugar, talvez um pouco menos, se for em casa é mais barato, porque pelo preço de um todos assistem e até os vizinhos e amigos.

Ricos, pobres, velhos, crianças, adolescentes, viúvos, solteiros, românticos, tímidos, egoístas, doentes, inválidos, na cama, na poltrona, na praça, no bar e até no cinema se pode ver um filme!

Será que a sétima arte é importante? Será que atingiu muita gente? Será que essa invenção foi boa?

Será que tanto capital investido nessa arte tem importância para a sociedade, será que ela pode influenciar as pessoas, ou mesmo alertar de qualquer coisa, despertar interesses, criar modas ou vícios?

As imagens são a ordem do dia, elas fixam marcas em nossas cabeças pelo resto da vida, não lembramos o que o professor disse, mas o símbolo da Coca-Cola se reconhece em qualquer lugar. Nem se precisa fazer muita força crianças pequenas que não leem, reconhecem esse símbolo em qualquer lugar do planeta.

O cinema trabalha com imagens e sons, essas duas formas de comunicação são muito simples para humanos em sua maioria e estão conosco desde a pré-história.

Já nos tempos das cavernas podemos perceber que a preocupação com as imagens fazia muita diferença, com certeza uma comunidade que detinha o conhecimento e a capacidade de registrar fatos era mais forte e talvez mais poderosa.

Mas enfim, as imagens são a imaginário trazido para o real, a concretude das ideias. No cinema mais ainda.

Segundo Pinsk, o Brasil passa por um momento delicado na educação:

No Brasil, diante do panorama atual, só uma educação de qualidade, que tenha o ser humano e suas realizações como eixo central, pode nos fazer, como nação, dar o salto qualitativo a que tanto aspiramos, por meio da qualificação de nossos jovens. Um país cuja população não sabe ler, que, quando sabe, lê pouco, e quando finalmente lê, pouco entende (segundo a constatação insuspeita de um órgão da própria ONU), não tem muitas chances num mundo competitivo e exigente de qualificação de sua força de trabalho. (PINSKI, in KARNAL, 2010)

Então essa defasagem torna-se cada dia mais difícil de ser superada. E Pinsk ainda diz que:

Há mais: a era da comunicação e serviços em que estamos prestes a viver tende a substituir força física pela sutileza e pela educação formal. Os países que não agirem a favor da História ficarão fadados a distanciar cada vez mais daqueles outros, ricos ou não, que colocam a educação e a cultura (incluindo a história) como prioridade real.

O maior objetivo deste livro é fazer o leitor, possivelmente um professor ou candidato a professor, perceber que, sem uma reflexão sobre a mudança contínua e as permanências necessárias, a atividade do professor torna-se insuportável com o passar dos anos. Todas as profissões têm sua “perda aura” no enfrentamento entre a pluma do ideal e o aço do real, mas aquelas que trabalham com a formação de pessoas parecem tornar esse desgaste ainda mais gritante, pois contrariam a descoberta que uma aula deve ser. Continuar descobrindo coisas em nossa área pode ser uma forma de diminuir bastante esse desgaste. Ler, criticar, discutir, reunir-se com outras pessoas interessadas em não morrer profissional e pessoalmente devem ser caminhos para atenuar esse desgaste.
(PINSKI, in Karnal, 2010)

É incomodo e trabalhoso inovar todos os dias querendo que os alunos se interessem pelas aulas. As aulas de maneira geral na escola pública em especial, com poucos recursos tornam-se monótonas e sem graça, deslocando pensamentos e desconcentrando a maioria. Os alunos de hoje já trazem dentro de si as tecnologias ligadas à Internet, assim, aulas sem computadores e suas redes são trabalhosas e fazem dos professores mecanismos com falta de partes importantes para vingar um trabalho.

Nossa era têm peculiaridades, nosso tempo é outro, as mudanças atropelam umas às outras, vivemos num mundo rápido, de milhões de informações ao mesmo tempo, onde as imagens sintetizam explicações, onde um filme traz em aproximadamente duas horas um livro de muitas horas de leitura. Num mundo rápido um jornal na TV ou no rádio enquanto dirigimos, informa com precisão o que se leva horas para ler um jornal.

Dessa maneira um professor desinformado e sem a mente voltada para as mudanças tem sérios problemas de adaptação com as turmas e os dinamismos de cada um. Bons planejamentos envolvendo várias formas de explanar um assunto trazem motivação e assimilação de conteúdos.

 Um professor mal preparado e desmotivado não consegue dar boas aulas nem com o melhor dos livros, ao passo que um bom professor pode até aproveitar-se de um livro com falhas para corrigi-las e desenvolver o velho e bom espírito crítico entre os alunos. (PINSKI, in KARMAL, 2010)

Não se pode negar, as mudanças estão ai e são muito rápidas, não se consegue acompanhar as tecnologias desenvolvidas e que prometem ser mais abundantes a cada dia. Portanto:

Tudo muda, a cada momento, no mundo contemporâneo. Portanto, o conceito com o qual precisamos trabalhar, atualmente, com muita desenvoltura, é o de “mudança”. (THEODORO, in KARNAL, 2010)

Neste caso, se não houver, por parte dos professores, um abrir de mentalidade, um se expor às novidades, serão envolvidos e engolidos pelos processos simultâneos tecnológicos, desta maneira:

Assim, trabalhar cinema em sala de aula traz junto com o prazer, o ensino aprendizagem, a reflexão, a concretização da leitura e fala.

Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte. Assim, dos comerciais mais descomprometidos aos mais sofisticados, os filmes têm sempre alguma possibilidade de trabalho. (Napolitano, 2005)

Através dos filmes pratica-se, ou seja, colocam-se em prática sentimentos, alegrias, tristezas, terror, enfim, temos todas as sensações possíveis, e quando se pratica algo, com certeza o aprendizado é efetivo. 

O aluno passa a apropriar-se de um olhar consciente para a sua sociedade e para si mesmo, quando o mecanismo de ensino aprendizagem se deu de forma metodologicamente apropriadas.(BEZERRA,in Karnal, 2010)

Então, o cinema se torna uma metodologia importante para fixação de conteúdos e concretização de ideias para as crianças do interior do Brasil, das favelas, as pessoas sem poder aquisitivo, que não viajam e não conhecem outras cidades, estados ou países; o saber como são os castelos, as roupas que se usavam, como é a vida em outros países, como são os animais de outros lugares, o cinema traz todas essas realidades, mostra a vida como ela é, foi e será nas ficções científicas, assim:

Todos conhecemos as potencialidades do cinema na criação de recursos pedagógicos para apropriar-se do histórico. Ninguém desconhece, entretanto, a natureza ficcional, os compromissos estéticos e as vinculações ideológicas de determinadas obras cinematográficas. Ao valer-se de filmes, o professor deve estar ciente de que o bom aproveitamento da projeção dependerá do quanto seu conteúdo for colocado em discussão, e do quanto se puder esclarecer a respeito da distinção entre o real e o imaginário da época enfocada. Por vezes, um filme tem mais a dizer sobre o momento em que foi produzido do que época que pretende retratar. Por vezes, a Idade  Média torna-se apenas um pretexto para se contar uma história contemporânea. (MACEDO, in Karnal, 2010)

Ou seja, temos que ter cuidado para ao trabalhar um filme inseri-lo nas questões necessárias de determinado conteúdo. O cinema é um instrumento de divulgação de ideologias, formas de pensar e modos de agir. O cinema tem uma linguagem, ampliada por suas peculiaridades que unem som e imagem, é fonte de cultura, é instrumento de formação. O cinema nos ajuda a concretizar tempos e espaços.

Assim, temos em mãos um instrumento de trabalho precioso, que nos auxilia na hora de expor ao aluno o que é um castelo, como o planeta gira, como eram os dinossauros, como as pessoas viviam enfim, em qualquer espaço ou tempo e como são as culturas de praticamente todos os cantos do mundo, e utilizando-se as ficções, também conhecer o imaginário dos autores sobre possíveis culturas de outros planetas.

BIBLIOGRAFIA

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 2. ed. – São Paulo: Contexto, 2005. ORIENTAÇÕES CURRICULARES

Orientações Curriculares na Educação Básica – Área de Ciências Humanas – Cuiabá 2012.

KARNAL, Leandro. História na sala de aula, conceitos, práticas e propostas. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

NEMI, Ana Lúcia Lana. Ensino de História e experiências: o tempo vivido – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2009.

OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Explorando o ensino de História – Brasília – Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica, 2010.

HIPOLIDE, Márcia. O Ensino de História nos anos iniciais do ensino fundamental – metodologias e conceitos. 1. ed. Companhia Editora Nacional, 2009.

FONSECA, Selva Guimarães. Fazer e ensinar História. 1.ed. Editora Dimensão, Belo Horizonte, 2009.

SOUZA, Daniela dos Santos; CRUZ, Gisele Thiel Della. Fundamentos teóricos e práticos do ensino de História. IESDE. Brasil S.A. 2009.

CHARTIER, Roger. A História cultural – Entre práticas e representações. 2. ed. DIFEL. Lisboa, 1988.

NASCIMENTO, Jairo Carvalho do. Cinema e ensino de história: realidade Escolar, repostas e práticas na sala de aula. Fênix, Revista histórica e estudos culturais.Vo.5 Ano V e nº 2.

 FERRO, Marc. Cinema e História. Tradução de Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade. In: LE GOFF, Jacques.; NORA, Pierre.(Orgs.). História : novos objetos. Tradução de Terezinha Marinho. Rio

de Janeiro: Francisco Alves, 1976, p. 203.