– Papai Curupira, Papai Curupira, olhe aqui o que pegamos! Disse o Paulo Henrique pra mim, quando abri o portão da casa. Era manhã de um sábado, dia em que eu passava o dia inteiro na casa recém-transformada em Casa dos Curupiras, lá na Estrada da Providência, Ananindeua, Pará.
– Vocês sabem que a gente come esse bicho? Respondi pra eles, todos já dentro da casa, e um deles ainda segurando o bicho. Quando me vi, já tinham chamado a mãe do André para descorar, destripar, enfim, preparar o petisco exótico. Ao ver o resultado desse pré preparo da matéria-prima para o nosso almoço, conjecturei, baseado na quantidade de garotos que estavam presentes:
– Acho que esse não vai dar pra todos nós! Falei num tom até desencorajador.
– Eu sei onde tem outro! Eu sei onde tem outro! Gritou o Juarez. Antes que eu respondesse, ele saiu correndo, acompanhado pelos outros garotos. Minutos depois lá tocava o sino do portão novamente e eu fui ver. Eram eles de novo, com mais um animal abatido seguro pelas mãos. Entraram e o mesmo serviço feito ao primeiro se repetiu. Eu então peguei uma churrasqueira que tinha e comecei fazer a minha parte, ou melhor, a parte que eu sabia ou pensava em saber fazer: Assar os bichos!
– Vamos comer churrasco hoje! Gritei para que todos ouvissem. O menino Renan foi comprar um quilo de farinha e o Hernandes foi preparar um arroz no velho fogão da casa.
Já eram lá pelas 13 horas quando o churrasco ficou pronto. O sino tocou de novo. Alguém foi abrir e era a Fafá, então minha namorada. Ela veio direto para onde estava a churrasqueira e sem cerimônia, pegou uma das coxinhas já assadas e se deliciou. Chamei toda a turma das crianças e começamos o almoço. Foi só aí que falei pra Fafá:
– Que tal o churrasco de mucura, gostastes?