Esta enfermidade, a mais enigmática de todas as dos nervos, e para cujo juízo não haviam ainda os médicos encontrado ponto de vista algum válido, encontrava-se precisamente sob os efeitos de um descrédito que "se estendia aos médicos dedicados" ao seu estudo.

Uma vez repelido o cego temor a sermos burlados pelas infelizes infermas, temor que se havia oposto até então a um detido estudo de dita neurose, podia-se pensar em qual seria o modo mais direto de chegar a solução do problema.

Uma ideia para o processo dedutivo (proposta por um obsevador pouco versado na matéria):

"Se encontramos um indivíduo em estado que apresenta todos os sinais próprios de uma afecção dolorosa (doença encarada sob seu aspecto atual, independentemente do diagnóstico de sua causa), temos de suspeitar a existência em dito indivíduo de um processo psíquico, do qual seriam manifestações perfeitamente justificadas ditos fenômenos somáticos. O indivíduo não poderia neste caso manifestar que impressão o atormenta. Ao contrário, o histérico alegaria ignorá-lo e, deste modo, surgiria no ato o problema de porque o histérico aparece dominado por uma afecção cuja causa afirma ignorar".

Se mantermos então nossa conclusão de que deve existir um processo psíquico correspondente à afecção, dando, não obstante, crédito às manifestações do doente, que nega a sua existência, e reunimos os múltiplos indícios de que o doente se conduz como obediente a um motivo, investigamos a história e as circunstâncias pessoais do paciente e "achamos um motivo ou trauma (desagradável experiência emocional de tal intensidade, que deixa uma marca duradoura na mente do indivíduo) suscetível de criar os fenômenos observados, sentimo-nos inclinados a supor achar-se o enfêrmo em especial estado psíquico, no qual a coerência lógica já não une todas as impressões e reminiscências (recordação vaga e quase apagada), podendo uma recordação exteriorizar seu efeito mediante fenômenos somáticos, sem que o grupo dos demais processos anímicos, ou seja, o "Ego", saiba nada nem possa opor-se.

Charcot não seguiu este caminho para explicar a Histeria, embora recorresse ao rico material de dados contidos em demais processos para demonstrar que os fenômenos da neurose haviam sido os mesmos em todos os tempos.

Considernado a histeria como um dos temas da "Neuropatologia", deu descrição completa de seus fenômenos, demontrou que os mesmos seguiam determinadas leis e normas, e ensinou a conhecer os sintomas que permitiam diagnosticá-la.

A ele devemos conscienciosas investigações sobre as perturbações histéricas da "sensibilidade da pele" e das regiões mais profundas, e sobre as "alterações dos órgãos sensoriais", as peculiaridades das contraturas e paralisias histéricas, as perturbações tróficas e os "distúrbios da nutrição".


Referências:

Obras completas de Freud.

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