Com a alma repleta de saudade,
lembrei-me do carinho amizade,
solicitei-lhe presença :
- não me respondeu.

Mais triste ainda, supliquei
pelo amor existente,
pela afinidade interior e aparente
- uma vez mais, não me atendeu.

Com a dor finalmente entranhada
em todo o meu Ser,
sem nada mais esperar ou entender,

- voltei os olhos para os céus:
a Lua brilhava cheia, sobranceira,
- no profundo azul do Espaço-Noite ...
As estrelas cintilavam
- pirilampos de variegadas cores.

Os astros pareciam estáticos, inertes...
planetas acrônicos na abóbada celeste,
- quando seguiam,
na sua aparente imobilidade,
a eterna-infinita trajetória.

Baixei os olhos para a Terra
- senti a areia úmida sob a nudez de meus pés.
Olhei ao meu derredor.
Ouvi o mar, no seu sempre constante murmúrio
e, atavicamente retornei às minhas origens...
- pelo túnel imaginário do Tempo,
cheguei ao início de Tudo.

O vento louco
- irada mistura gasosa que envolve a Terra,
fustigou - como um açoite, meu corpo-matéria.
Miríades de gotículas de salgado gosto,
aos meus lábios chegaram escorrendo,
lentamente pelo rosto...
- e pelo sal e pela água,
o próprio Deus-Pai batizou-me novamente .

Minhas dúvidas e tristezas,
angústias e incertezas,
pela Divina presença esvoaçaram.
Deus-Natureza, comigo ali estava,
renovando minha alma-coração.
E disse-me, com Seus expressivos e bondosos
olhos, penetrando na Verdade
que eu havia olvidado na melancolia:

"Tu és a causa da minha Divina Presença .
Ser humano! Mulher!
Não desacredites d'Aquele
que nunca te abandonará.
Fazes parte, pequena que és,
do Grande Todo que Eu sou:
integras a Mim - Teu Criador !"

"...E DIZES AINDA QUE TU TENS FÉ ? "