Quem teve a chance de ler a parte 1 deste artigo tema pode agora me acompanhar em algumas reflexões do que temos observado de mudanças no comportamento humano nos últimos tempos. A crescente falta de confiança no próximo vem provocando nos indivíduos atitudes cada vez mais egoístas, posicionamentos extremados sobre diversos assuntos e temas, atitudes raivosas e preconceituosas e isolamento ou separação crescente em tribos e grupos de opinião semelhante, aumentando assim a polarização e o ódio na sociedade, especialmente contra aqueles que se manifestam discordando de seus pensamentos. A verdade já foi uma só! Atualmente existem múltiplas verdades que se alimentam de argumentos e fatos colocados sob a forma de textos, áudios, imagens e vídeos nas redes sociais e que substituem, progressivamente, os livros, jornais, revistas e programas de rádio e televisão da mídia oficial, que a cada dia se enfraquece pelas pressões e lobbies políticos e econômicos e pelos encantos e simplicidade das redes sociais. Em quem acreditar? Em quem confiar? Neste ambiente de grande ebulição social em que vive um povo que não consegue mais confiar nos agentes públicos, parlamentares, governantes, juízes ou mesmo agentes da segurança pública diante dos sucessivos acontecimentos e notícias propagadas por estes modernos meios de comunicação. Calar alguns setores da sociedade, atacando-os com armas, com ações judiciais, ou com qualquer outro tipo de repressão que não seja por um debate aberto, ético e democrático, não me parece o caminho ideal. Mas as eleições deste ano de 2018, coincidentes com uma copa do mundo em que grande parte dos brasileiros se esquece dos problemas para torcer pela seleção canarinho, poderão trazer, em seus preliminares, algumas oportunidades de debates de opinião de candidatos moderadas pelos órgãos oficiais de imprensa, mas sua eficácia irá depender do debate paralelo e das acusações constantemente veiculadas pelas redes sociais da Internet. Tais mecanismos virtuais, com recursos de amplo alcance, já demonstraram ter fortes efeitos a exemplo das últimas eleições americanas, onde agentes propagadores de discórdias e falsas notícias surgiram de diferentes pontos do planeta e, até o momento, não foram diretamente responsabilizados pelos seus atos e pelas conseqüências danosas dos mesmos à democracia norte-americana. Uma censura à Internet não é, certamente, o caminho. O que buscamos é um amadurecimento da sociedade e a busca por um debate ético e civilizado, por quaisquer que sejam os meios. O risco por debates virtuais violentos e mentirosos nas redes sociais muito se assemelha ao risco por um embate físico e sangrento entre torcidas rivais na saída de um estádio de futebol. Se pensarmos, novamente, que um indivíduo não consegue ser feliz sozinho e dependerá sempre de apoio de uma grande parcela da sociedade com a qual irá interagir, para o lazer, para o trabalho ou para qualquer serviço público ou privado, concluímos que o melhor caminho não é o da polarização de opinião ou da desconfiança, mas sim de uma postura de diálogo, compreensão e confiança, trazendo sim suas opiniões de uma forma civilizada e ponderada, para que ao final prevaleçam as conseqüências que reflitam os anseios da grande maioria dos cidadãos que compartilham dos mesmos problemas e necessidades, em maior ou menor grau de escala.