CENÁRIOS DA IGREJA:
CENÁRIO DE UMA IGREJA INSTITUIÇÃO
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Cenários da Igreja é uma categoria de análise utilizada pelo autor, João Batista Libânio, para compreender as diversas realidades Eclesiais. Para tanto, o livro é divido em quatro principais modelos de Igreja: IGREJA INSTITUCIONAL, CARISMÁTICA, DA PREGAÇÃO E DA PRAXIS LIBERTADORA.
O presente trabalho apresentará o primeiro dos cenários propostos: "IGREJA INSTITUIÇÃO"
CARACTERÍSTICAS DA IGREJA INSTITUIÇÃO
Para reforçar o aspecto institucional da Igreja, serão reforçados três centros principais:
 A Cúria Romana
 A Diocese
 A Paróquia
Ênfase para as vestes clericais até uma presença expressiva na mídia.
A Igreja Instituição dará grande relevância ao "Direito Canônico", à Lei, às Normas, às regras, aos Ritos.
Predominará a tradição garantida pela autoridade
A TEOLOGIA
Receberá forte pressão da Instituição, sendo que uma Teologia oficial comandará o registro teológico. Quanto mais uma nova Teologia se afastar deste registro, mais coerção sofrerá.
As duas Teologias que mais foram atingidas serão: a "Teologia Europeia" e a "Teologia da Libertação do Terceiro Mundo".
A TEOLOGIA EUROPEIA
Tal Teologia quis responder à pergunta: como pode uma pessoa na modernidade honestamente, crer? Para isso, tentou trabalhar as questões levantadas pela razão científica e filosófica modernas. Um dos expoentes desta corrente teológica, é Karl Rahner., que assim como outros colegas que seguem a mesma linha, teve problemas com as instâncias romanas.


TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
A Teologia da América Latina sofre as mesmas restrições que a Teologia Europeia. Além disso, introduziu um complicador: aproximou-se do marxismo. A Teologia da Libertação elabora sua reflexão à luz da fé das pessoas, comprometidas num processo libertador. Quem a pratica deve estar envolvido na prática (Ex; pastorais). Propõe uma Igreja de "CEB?s" e um de seus maiores representantes é Leonardo Boff.
ELEMENTOS INTERNOS
Há inúmeros "cenários" dentro do CENÁRIO INSTITUIÇÃO. Cenários estes que se complementam e se interagem. Devido a essa pluralidade de cenários, optamos aqui, por elencar aqueles que consideramos essenciais e que estão mais diretamente relacionados à nossa vivência pastoral.
CATEQUESE
Ponto delicado na manutenção da Instituição. Durante muito tempo pensou-se em elaborar um "catecismo único", fato que foi refutado por inúmeros teólogos, inclusive K. Rahner que pregava a inviabilidade de tal empreendimento, alegando as particularidades de cada povo em diferentes contextos. Apesar disso, em 1992, o Papa João Paulo II aprova o CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, unificado. É com base no texto deste Catecismo que pessoas do mundo inteiro são catequisadas.
EXEGESE
Enquanto ela permanecer no mundo das publicações estritamente científicas, gozará de relativa liberdade. Entretanto, no momento em que entrar no espaço popular, padecerá de restrições.
LITURGIA
Permanecerá também sob estrita vigilância, buscando o difícil equilíbrio entre o zelo pela exatidão do rito e a onda carismática. As autoridades eclesiais procurarão traçar as linhas-limite da "criatividade nas celebrações" evitando os dois extremos: rigidez e surtos emocionais. A Igreja Institucional tem uma enorme dificuldade em trabalhar a questão da inculturação e do sincretismo, como é o caso da "liturgia afro", no Brasil. Ela toca elementos teológicos de compreensão das próprias celebrações, o que vai de encontro à liturgia tradicional. O grande desafio é chegar a um "meio-termo".




MOVIMENTOS DE LEIGOS
Reforçarão a Instituição pondo-se a serviço dela. Não estão ligados a nenhuma diocese particular, tendo uma visão ampla da realidade eclesial, social e religiosa do mundo. Apoiados pela Instituição ajudarão a manter a unidade e o dinamismo em toda a Igreja, dando maior visibilidade à ela. Como tocam o "emocional" das pessoas, o grande dilema da Instituição é não permitir que haja excessos e fanatismos, uma vez que, tais movimentos são de grande ajuda na conquista de jovens para as vocações religiosas e sacerdotais
VIDA RELIGIOSA
Poucas instituições sofreram tão profundas modificações como a vida religiosa nos anos pós-Concílio Vaticano II. Muitas ordens trocaram o hábito por vestes mais simples. Os religiosos passaram a ter vida em serviço mais junto às pessoas. Na América Latina, os religiosos partiram para uma inserção na vida do povo, uma comunhão com os pobres, às vezes, morrendo por uma causa. Ex: Irmã Dorothy.
VOCAÇÕES E SEMINÁRIOS
As vocações, tanto para a vida religiosa como para o ministério presbiteral serão pensadas como reforço e prolongação destas mesmas instituições. Em certos casos, poderão significar uma busca de reconhecimento social por parte do candidato.
O clero se formará mais para as suas funções sagradas e institucionais, com maior reconhecimento social e aumento das vocações. Uma vez estabelecido o modelo de presbitério a ser incrementado, os seminários se pautarão por ele, visando a sua formação.
QUESTÕES ÉTICAS
A sociedade das próximas décadas mostrará extrema preocupação com as questões éticas. Estará em jogo sua sobrevivência e a Igreja Institucional não poderá estar alheia a tal problemática. Deverá, para tanto, dedicar-se à elaboração objetiva de um ensinamento moral especialmente no campo familiar e sexual.
DESAFIO DA MÍDIA
A mídia se converterá em espaço privilegiado para a Igreja, que deve estar atenta aos "interesses de mercado" advindos deste meio. Caberá à Instituição, então, tentar criar canais independentes, não sujeitos às regras que contrariem seus critérios éticos


OS CENÁRIOS DENTRO DA NOSSA REALIDADE
Dentre os diversos enfoques apresentados no cenário da Igreja da Instituição, queremos aqui, confrontar com nossa realidade comunitária e paroquial. Atestamos que há uma diversidade de cenários, dentro do cenário Instituição.
As particularidades se dão em função da região, moradores, costumes, tradição, realidades econômicas e sociais. Interessante notar, entretanto que, mesmo assim, tudo se converge para a unicidade da Igreja. Observamos tudo isso, através das "festas religiosas", onde cada cidade, comunidade ou região tem seu modo próprio de celebrar e praticar sua fé. Exemplos:
 Jubileu de São José Operário e Festa de Santo Antônio? com celebrações eminentemente populares;
 Festa de N.S. do Carmo, Paróquia do Bom Pastor ? prima apelo lado mais tradicionalista;
 Celebrações da Semana Santa no Santuário da Piedade ? talvez pela decoração fúnebre com que se reveste, para ali se deslocam pessoas de todas as regiões da cidade e adjacências.
 Avisos de interesse popular (óbitos, informativos paroquiais e da Prefeitura, utilidade pública), transmitidos através do sistema de alto-falante da Igreja, como é o caso da Comunidade de Dr. Sá Fortes, Paróquia de Sant?Ana. Curiosamente, até mesmos pessoas de outras Igrejas utilizam-se do sistema de avisos, oferecido pela Igreja São João Batista.
 Em nossa Arquidiocese, de modo especial, devemos agradecer a Deus pelos momentos fortes de celebração, pelo numeroso clero e pela piedade e fervor do nosso povo.

CONCLUSÃO
O Cenário está aí. Tem chance de vingar? Estamos mais preocupados com a ação evangelizadora da Igreja ou com a Instituição? Ficam as reflexões! O que não podemos perder nunca é que o nosso foco: JESUS CRISTO

Bárbara Araújo Elias
Barbacena, 24 de junho de 2011
Curso de Teologia