PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 19.10.2010, horário: 17:30 horas:

Estava na Delegacia Regional de Joinville para mais uma audiência correicional e aproveitei o final de tarde para ir até o gabinete do Delegado Dirceu Silveira para uma daquelas nossas conversar “produtivas” sobre o futuro da Polícia Civil. Durante o transcurso de nosso encontro começamos a falar sobre o encontro dos Delegados em Treze Tilias (Adepol-SC) no último final de semana. Dirceu Silveira relatou que participou do encontro e que no dia da Assembleia estavam o Secretário de Segurança Pública e Delegado André Mendes da Silveira, também, o Presidente da Adepol/SC, Delegado Renato Hendges e mais cerca de sessenta Delegados discutindo a “Pec” da carreira jurídica.

Dirceu Silveira relatou que de um lado o Secretário de Segurança defendia o seu projeto de “Pec”, ou seja, que  Delegados e Oficiais da PM fossem incluídos como carreira jurídica na mesma emenda constitucional. Do outro lado outro lado o Delegado Renatão defendia que cada categoria tivesse sua “Pec”, cujo processo legislativo deveria ser independente. Em razão dessa discussão pediram que fossem colocadas as duas propostas em votação. Dirceu Silveira relatou que quando a proposta de “Renatão” foi votada meia dúzia de gatos pingados levantaram os braços favoravelmente, entretanto, quando a proposta do Secretário André Mendes foi apresentada quase que os sessenta Delegados presentes levantaram os braços de maneira retumbante.

Não pude conter minha decepção recorrente com os Delegados de Polícia (a maioria novatos...), mais preocupados em ficarem bem com a cúpula da Secretaria da Segurança Pública e que estava no poder, fato bem compreensível e previsível, ainda mais em se tratando de uma instituição tão problemática e sujeita a ingerências políticas, as pessoas acabam se “apequenando”, sendo “pobres de espíritos”...

Registre-se, nada contra os Oficiais da PM, muito pelo contrário, aliás, o projeto de criação da “Procuradoria-Geral de Polícia” contempla a “PM”  dentro de uma visão macro, de um futuro em que a “Polícia Estadual” seja uma organização única, com dois segmentos históricos: Polícia Militar e Polícia Civil.

No entanto, no momento, era preciso que se criasse mecanismos que pudessem garantir uma perspectiva salarial que beneficiasse a todos, mesmo que isso tivesse que ser feito em etapas, sem esquecer todo universo de policiais que constituíam parte relevante e indissociável das “jóias da coroa”.

Na sequência conversamos sobre quem poderia ser o futuro Secretário de Segurança e Dirceu Silveira com sua visão de futuro arriscou um palpite:

- “Ah, eu acho que vai ser alguém do Ministério Público ou alguém do Judiciário, o governador não vai querer colocar alguém...”.

Concordei com o raciocínio, mais resolvi mencionar o nome do Delegado Julio Teixeira e Dirceu Silveira foi bastante pragmático:

- “Eu acho difícil, o Julio não tem condições, ele pode até ser convidado para ser o adjunto, mas....”.

Em seguida conversamos sobre quem seria o futuro Delegado-Geral da Polícia Civil e Dirceu Silveira deu com os ombros sem saber citar um único nome. Resolvi perguntar pelo Delegado Zulmar Valverde e meu interlocutor fez uma cara de decepção, comentando o seguinte:

- “Não, não tem as mínimas condições, imagina, com a votação que ele fez...”.

Interrompi:

- “Sim, mas ele apoiou o Paulinho Bornhausen, não foi?”

Dirceu Silveira continuou:

- “É verdade, mais fez sete mil e poucos votos, o cara queria ser Deputado Estadual e olha só quantos votos ele fez? Imagina a quanto tempo o Zulmar está aqui, foi Vereador, Delegado Regional, e só fez essa votação, não tem condições...”.

Interrompi outra vez:

- “Sim, Dirceu, e qual é o teu projeto? É-  ficar aqui como DRP?”

Dirceu respondeu abrindo os braços na sua cadeira e mesmo tempo afirmou com eloquência e arte cênica

- “Sim, sim, quero ficar aqui, não vou sair daqui...!”

Voltamos a conversar sobre os possíveis nomes para Delegado-Geral e aproveitei para falar que o Delegado Ademir Tadeu de Oliveira de Joaçaba, segundo o Delegado Toninho, estaria se insinuando, fazendo campanha para ser o futuro Delegado-Geral. Dirceu fez uma cara de descrédito e externou sua opinião:

- “Não acredito, ele não tem condições. Imagina, o cara teve aquela condenação, acho que foi naquele caso lá de Balneário Camboriú, não foi? Bom, ele não tem condições morais...”.

Afirmei que Ademir acabou se envolvendo em algumas situações que mereceriam uma investigação mais profunda, como foi o caso do filho do ex-Deputado Kuster, que era policial em São Cristóvao do Sul... No final da conversa Dirceu Silveira me surpreendeu fazendo uma pergunta:

- “E tu Felipe? Tu és um nome inatacável, ninguém pode falar nada a respeito de ti, parece que tu tivesses uma ligação no passado com os ‘Democratas’, fosse candidato, não fosse? Eu acho que tu deverias... Não tens um canal com o Colombo?”

Interrompi:

- “É, mas se eu fosse convidado não ficaria barato, só aceitaria assumir um cargo mediante uma proposta de projeto institucional, pois do contrário ficaria fora do poder, mas talvez a minha maior dificuldade talvez seja o Julio Teixeira, na época das eleições mandou um pessoal me procurar e eu não aceitei o convite....”.

Dirceu Silveira reiterou:

- “Mas eu acho que tu deves analisar bem, és um nome...”.

Aproveitei para fazer um relato a respeito da trajetória de Julio Teixeira e sua “traição” (1997/1998) e da ascenção de Wanderlei Redondo por meio do ex-Deputado Sidney Pacheco...