PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 13.04.2010, horário: 10:00 horas:

Estava na Corregedoria da Polícia Civil sou surpreendido pela chegada do Delegado Nilton Andrade para uma conversa:

- “Felipe, eu não sei se tu tens interesse, falei com o Renato agora de manhã, acabei de falar com ele, também o Ademir me ligou cobrando propostas para o plano de governo do ‘PT’, então eu pensei em ti, não sei tu queres participar, colaborar…”.

Interrompi:

- ‘Vem cá, tu estais falando do Renato Hendges?”

Nilton confirmou:

- “Sim, sim, o Renato me ligou, o pessoal do ‘PT’ pediu sugestões para ele, o Ademir Serafim também me ligou agora cobrando…”.

Argumentei:

- “Bom, tu sabes como é que é, todos os candidatos ao governo agora vão pedir sugestões para fazer planos. Eles não entendem quase nada de Polícia e querem contribuições para formularem seus planos de governos. Eu acredito muito é em compromissos dos candidatos com Delegados, com os policiais, isso sim, mas apenas fazer planos, eu já conheço essa história, não da certo…”.

Acabamos conversando por muito tempo, talvez quase uma hora, em cuja ocasião reiterei que Maurício Eskudlark e Ademir Serafim tinham nas mãos um momento ímpar para a Polícia Civil e se não soubessem aproveitar iríamos perder mais alguns anos. Argumentei que estava a sua disposição para dar alguma sugestão, apesar de meu ceticismo, de ter me posicionado pelo descrédito quanto a proposta de partidos políticos. Entreguei cópia do “plano de governo” entregue para o governador Amin no ano de 1998, quando foi proposta a criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”. Nilton teceu algumas considerações a respeito dessa proposta e eu aproveitei para registrar que muitos Delegados naquele momento pareciam simpáticos à ideia. No final da nossa conversa repeti que rezaria para que Maurício Eskudlark e Ademir Serafim tivessem plena consciência do momento que estávamos vivendo e da importância de se plantar algum projeto relevante para o futuro, cuja proposta pretendia firmar os alicerces para criação no futuro da  “Polícia Estadual” sob o comando da “Procuradoria-Geral de Polícia”, passando as Polícias Civil e judiciária a condição de “função”, assim como a Militar.

Data: 10.08.2010, horário: 14:20 horas:

Estava na Corregedoria quando se apresentou a Delegada Cláudia Bernardi, atualmente, prestando serviços no Detran e que tinha horário para prestar depoimento numa sindicância que apurava faltas disciplinares atribuídas a policiais que haviam atuado na Delegacia Regional de Polícia de Palhoça durante os anos de 2005 a 2007, quando eclodiu na mídia denúncias de irregularidades no setor de trânsito daquele órgão.

Não conhecia a Delegada Cláudia e logo pude perceber que tinha baixa estatura e cerca de uns quarenta e poucos anos de idade. Orientei que ela se dirigisse para o cartório, procurando dar um pouco de vida e boas-vindas tão logo veio conversar comigo. No final do depoimento, Cláudia deixou escapar que me conhecia apenas de nome, entretanto, sem conhecer nada sobre minha vida, em especial, na instituição.

Fiz um breve relato a respeito de algumas realizações já que percebi que ela era mais uma frustrada com a instituição. De qualquer forma percebi que era uma profissional bastante sociável e que apreciava uma boa conversa. Depois que relatei minha proposta de “PEC” para criar a “Procuradoria-Geral de Polícia” Cláudia se mostrou surpresa, desconhecendo totalmente o assunto. Acabei me comprometendo em mandar a proposta para que ela se engajasse nessa luta, chamando sua atenção para o momento que estávamos vivenciando, ou seja: Secretário de Segurança era Delegado e com acesso ao Governador Leonel Pavan, cúpula da Polícia Civil também ligada ao Governador, Maurício Eskudlark amigo do Governador e candidato a Deputado, Delegado Renato Hendges também amigo do governador e etc. Cláudia se mostrou muito receptiva a respeito da proposta de “PEC” e pediu que lhe enviasse uma cópia e que conversaria com o Delegado-Geral Ademir Serafim a esse respeito.

Cláudia ainda me perguntou se poderia citar meu nome quando conversasse com o Delegado-Geral sobre o assunto e eu  argumentei que não teria problema.

Data: 14.08.2010, horário: 09:30 horas:

Repassei para o Delegado Nilton Andrade da Corregedoria a proposta de “PEC” prevendo a criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”, além de remetê-la, também, para alguns Delegados (inclusive para a Delegada Cláudia Bernadi).

Data: 16.08.2010, horário: 16:20 horas:

Estava na Corregedoria e havia acabado de encerrar uma audiência com comissão de processo disciplinar, com a participação das Delegadas Ester Fernanda Coelho e Sandra Andreatta. Já tinha sido avisado que Ester era assessora do Delegado-Geral e que estaria informada quanto ao que estava ocorrendo. Aproveitei o espaço para perguntar como é que estavam as coisas lá por cima e ela respondeu que estava tudo acertado para que o governador Leonel Pavan assinasse a “PEC” da carreira jurídica para os Delegados de Polícia. Fiquei pensando: “Bom, é ano eleitoral e o Delegado Maurício Eskudlark precisa de ‘fatos novos’ para emplacar sua campanha, nada mais ‘esperto’ do que essa boa nova da “carreira juridica” que na verdade nada mais é do que pura fantasia/estandarte ou até alegoria para encantamento dos pares e arregimentação de votos dentro do seu “curral eleitoral”.

Então, já constava da Constituição do Estado que os Delegados se constituíam carreira jurídica, entretanto, será que isso parecia pouco (art. 196)? O fato era que alguns entendiam que pequenas ideias já bastariam ou serviriam para algum propósito, como um troféu ou um rótulo nobilíssimo de distinção reverencial. O problema era que continuaríamos numa vala comum, servindo ainda mais de “boi de piranha” e o que era pior, todos esses responsáveis no futuro se esconderiam, como fizeram tantos que já passaram pelo poder e que agora estavam por aí quietinhos. 

Ester ainda revelou que o Corregedor da Polícia Civil Delegado Nilton Andrade estava sempre na Delegacia-Geral e era um dos conselheiros de Ademir Serafim. Respirei mais aliviado, pois Nilton estava com o nosso projeto de reestruturação da Corregedoria da Polícia Civil e, também, da criação da “Procuradoria-Geral”, então não poderia estar em melhores mãos, além de ser companheiro de trabalho eu o considerava uma pessoa amiga...  

O fato perturbador era saber o quanto o Delegado Ademir Serafim era uma pessoa séria, confiável, honesta e comprometida com a instituição? Esperava que todas as minhas conversas surtissem efeito e que eles tivessem a exata noção da importância do momento... Na verdade tinha sérias dúvidas, pois o Delegado-Geral Ademir Serafim acabava não me dando cem por cento de confiança, havia algumas coisas, detalhes... que me preocupavam e como escreveu Shakespeare que “o diabo mora nos detalhes”...! Porém, era obrigado a acreditar que o Delegado-Geral e seus amigos fariam o melhor pela nossa causa, entretanto, só o tempo era quem poderia mostrar a verdade...