PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 30.08.2010, horário: 21:00 horas:

Resolvi ligar para a Delegada Ester, assessora  do Delegado-Geral Ademir Serafim, cujo objetivo era saber das novidades. Ester parecia que estava em algum lugar público (talvez num Supermercado...) e avisou que ligaria logo em seguida, pois precisava conversar muito comigo.

Fiquei aguardando, e nada. Depois de mais ou menos uma hora, resolvi ligar e Ester foi relatando:

- “Aquele teu projeto da Corregedoria passou por mim lá na Delegacia-Geral. Veio da Jurídica, eles analisaram, conversei com o Moacir Bernardino e eles gostaram muito do trabalho”.

Fiquei motivado e quis saber mais e Ester continuou seu relato:

- “Eu tava louca para conversar contigo prá te contar, logo que eu vi o projeto eu lembrei que nós já tínhamos conversado na última viagem, lembra? Eu logo imaginei que era o projeto do Felipe”.

Interrompi:

- “Sim, mas foi para onde agora?”

Ester respondeu:

- “Ele vai para o Secretário, o Ademir tá mandando para o André”.

Interrompi:

- “Bom, tomara que dê tudo certo…!”

Horário: 18:10 horas:

Estava no Supermercado Angeloni do Bairro Capoeiras, Florianópolis, tomando um café, quando fui surpreendido pelo Delegado Abreu que daquele seu jeito “mane” foi gritando pelo meu nome: “Genovez, Genovez, o que tu achasses da ‘Pec’ da carreira jurídica?”

Tive que segurar o salgadinho e o café que estavas prestes a sorver  para dar atenção ao colega:

- “Ah, sim, Isso é ‘balela’!, Emais uma enganação! Esse negócio de ‘carreira jurídica’ não vai adiantar nada, é mais um engodo, um factoide em véspera de eleições. Eu não entendo como é que o ‘Renatão’  foi se prestar  a isso? Bom, ele já assumiu a nossa associação com a missão de salvar aquela gestão deles lá..., todo mundo sabe o preço que pagamos no governo do Luiz Henrique, foram cinco seis anos perdidos, amordaçaram os nossos Delegados mais uma vez, seguraram o que puderam a classe para cobrarem uma fatura política e o marido dela acabou levando uma rasteira, não foi nomeado Secretário de Segurança… Bom, a saída que encontraram foi ‘pegar’ o ‘Renatão’ que possui um bom conceito perante a classe, é um nome que possuía história dentro da instituição, e colocá-lo no lugar da ex-Presidente da Adepol. Olha, Abreu, uma coisa era o ‘Renatão’ formar uma chapa em época de eleições, sair por aí fazendo campanha, fazer oposição, denunciar que no governo Luiz Henrique os Delegados amargaram os piores salários do Brasil, enquanto o pessoal viajava para Brasília vendendo o sonho da ‘Pec 439’..., fizeram isso para desviar a atenção e as pressões contra o governo do Estado. Aí vem o ‘Renatão’ que não é bobo nem nada, sabendo disso tudo, se prestar a aceitar docemente assumir a Adepol, sem eleições, tudo decidido no tapete… Moral da história, logo que o ‘Renatão’ aceitou esse encargo, foi para os Estados Unidos fazer curso com o Pavan, Maurício e Neves…, brincadeira, não é?”

Abreu me interrompeu parecendo habilidoso e contido depois da minha provocação:

- “Genovez, eu sou amigo do ‘Renatão’, eu gosto do ‘Renatão’, ainda esta semana eu estive com ele, é uma pessoa boa…”.

Interrompi:

- “Sim, eu não estou dizendo que ele não é uma pessoa boa, claro que é, mas olha só o papel que ele está se prestando na presidência da Adepol?”

Durante o curso da conversa, contestei a “Pec 439” da carreira jurídica e insisti na proposta de “Pec” para criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”. Abreu pareceu concordar com meus argumentos, especialmente, que a “Pec” da carreira jurídica não iria resolver nosso problema e que se entrássemos assim no próximo governo estaríamos em mal lençóis, ou seja, iríamos continuar sendo “bois de piranhas”. Lembrei, com insistência, que esperava muito dos “quatro Delegados” chamados de os “Cavaleiros da Esperança” e que possuíam ligação forte com o Governador Pavan (Maurício Eskudlark, André Mendes, Ademir Serafim e ‘Renatão’). A esperança era que aproveitassem a “intimidade” com o Governador para que fosse aprovado um projeto de impacto para a “Polícia Civil”. Abreu me interrompeu:

- “Genovez, Genovez, deixa eu te contar, não é ‘intimidade’, o ‘Renatão’ não tem intimidade, o que ele tem é gravações comprometedoras envolvendo o Pavan naquela operação lá…, tu sabes, é isso, eles têm é medo do ‘Renatão’, é por isso que ele tem esse canal lá encima…”.

Interrompi:

- “Tudo bem, tudo bem, mas goza da ‘intimidade’ com o Governador, não é? Pelo menos é o que a gente tem visto…”.

Horário: 18: 40 horas:

Já havia me despedido do Delegado Abreu, quando percebi que havia uma ligação no meu celular que era do Delegado Natal de Chapecó. Retornei a ligação e do outro lado ele começou ironizando ao falar do Delegado M. E. (denominando-o de “Pescoço-Torto”) e que o mesmo esteve em Chapecó recentemente fazendo política e tentando “vender um peixe” gordo para a “poliçada”. Não poderia comungar com aquelas adjetivações de Natal com relação a rotulação de colegas, mas era o seu estilo..., já contava mais de setenta anos, sua mente precisava de novos fluídos, o que parecia meio que impossível...

Depois, Natal teceu comentários sobre a “Pec” da carreira jurídica, relatando que soube que o Delegado “Renatão” estava “puto da cara” porque  no dia anterior havia sido chamado no gabinete do Secretário para tratar da redação final e que encontrou vários Coronéis da PM no gabinete do Secretário André tratando do assunto e apresentando uma alteração na “Pec”, inserindo os mesmos na mesma redação como “carreira jurídica”.

Interrompi Natal e externei que aquela “Pec” era um engodo, reprisando os argumentos que já havia expendido anteriormente para o Delegado Abreu e para outros colegas. Reiterei sobre a importância de se apostar no projeto de criação da “Procuradoria-Geral da Polícia” e que esse era o caminho mais certo nesses últimos meses de governo, já que estávamos num “salve-se quem puder”.  Durante o curso da conversa acabei desabafando que não sabia em quem votar para o governo do Estado, porém, externei que achava “Angela Amin” bastante complicada para os servidores, pois, ganhando as eleições iniciaria seu governo com uma “trance” geral, a começar pelos servidores públicos, horas extras, salários, direitos… e só depois de três ou quarto anos é que se teria um fio de  esperança, diferentemente de Raimundo Colombo que seria a continuidade do governo e projetos, portanto, seria a continuidade para o Estado e servidores públicos.

Natal acompanhou meu raciocínio, sem se comprometer com nada, apenas ouvindo até que fiz um outro questionamento:

- “Mas, sinceramente, eu acho que a nossa esperança estaria com a Ideli Salvatti, acho que com ela seria possível se emplacar um projeto já que o Governo do PT tem dado um tratamento especial à Polícia Federal”.

Natal me interrompeu para concordar com o que eu estava dizendo e chegando a reforçar:

- “E por que não?”

Natal quis dizer que votaria na Senadora Ideli Salvatti e que estava com ela para o governo. Acabei desabafando que tentei abrir um canal por meio do meu irmão com o pessoal da Ideli Salvatti, utilizando o Senador Paim…, mas não consegui nada, pois queria verificar a possibilidade de apresentar o projeto da “Procuradoria-Geral de Polícia”, da autonomia institucional...

No curso da conversa acabamos falando sobre o Deputado Federal Cláudio Vignatti, quando eu comentei que se tivesse uma forma de chegar nele… Natal interrompeu:

- “Mas eu sou muito amigo dele, me dou bem com ele, tenho um amigo aqui em Chapecó que é muito ligado ao Vignatti, se tu quiseres eu arranjo isso…”.

Fiquei surpreso com o arremate de Natal e argumentei:

- “Bom, eu votei nele para Deputado Federal nas últimas eleições e acho que ele é uma pessoa de futuro, pode se comprometer com um projeto desses…”.

Natal me interrompeu:

- “Eu também votei nele, eu também…”.

Era muita coincidência e esse trunfo de Natal poderia significar esperança depois de tanto navegar... Ao concluir nossa conversa, ficou acertado que Natal faria os contatos com Vignatti e no momento certo…  Então, era só aguardar os desdobramentos políticos no Estado para ver se era possível abrir uma nova frente com o “PT” ao governo do Estado. Cheguei ainda a perguntar pelo Deputado Estadual Pedro Uczai (casado com a filha de uma policial civil de Chapecó e nossa amiga). Natal disse que o casal já havia se separado, e que era muito amigo desse parlamentar e que também poderia fazer contato com ele… Insisti que o nome era “Vignatti”, sem desconsiderar Uczai que era mais outro trunfo.