PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 19.10.2007, horário: 09:30 horas:

Estava pensando na Delegada Marilisa que não deu mais sinal de vida. Isso já era esperado, e a impressão que ficou foi que aquela nossa ida até o Deputado Darci de Matos funcionou como um desencargo, uma lavagem, um “descarrego”, especialmente, pelo nível de cobranças com vistas à luta pelo nosso projeto do “fundo de garantia” para os policiais civis. Lembrei a nossa viagem para o oeste (Campos Novos-Videira), quando indiretamente dei um toque que não acreditava no nosso contato com aquele parlamentar.

Marilisa se revelou hábil, pois já me conhecendo um pouco e sabendo que sou “plugado” no mundo, nas coisas, nos compromissos, muito provavelmente quis ficar bem na foto, cumprindo com sua obrigação que era me conduzir até o parlamentar para o “encontro”. Só que eu sempre soube que aquele político era mais um “político” desses que a gente conhece, então nada esperar a não ser a arte da “politicagem”, com aquele seu semblante pseudo sério, esperto, experiente, vivaz, articulador, trocador, negociador... Já de Marilisa, o que esperar? Sim, agiu política e institucionalmente, mas para mim, mais que isso, era  protagonista de uma história que pretendia descortinar as entranhas de uma instituição povoada de pessoas com seus interesses pessoais... Não que não houvesse uma preocupação com os nossos destinos institucionais, claro que havia, mas a diferença era  muito grande entre o querer e o fazer. Além do mais, tínhamos outros desafios e ela poderia fazer a diferença..., especialmente, com relação a “PEC” da “Procuradoria-Geral de Polícia. Mas havia a preocupação de que ela talvez não quisesse participar dessas empreitadas no plano institucional e aí eu estaria malhando em ferro frio? 

Horário: 09:50 horas:

Estava na Corregedoria da Polícia Civil e o Delegado Djalma Alcântara da Silva (casado com a Delegada Fedhra) já estava me aguardando para prestar seu depoimento em um procedimento disciplinar. Djalma atuava como piloto de helicóptero no “Serviço Aerotático”, juntamente com os Delegados Jonas e Sena.  Depois que Djalma prestou o seu depoimento conversei com o mesmo a respeito importância dos Delegados se conscientizarem que o nosso grande momento teria que estar voltado para o momento em que o Vice-Governador Leonel Pavan viesse assumir o governo do Estado.

Aproveitei, ainda, para comentar sobre a nossa proposta de emenda constitucional de criação da “Procuradoria-Geral de Polícia” e que se Maurício Eskudlark, Ademir Serafim e a cúpula da Polícia não tivesse projeto algum que então tivéssemos esse projeto prontinho na gaveta. Logo depois que entreguei cópia da proposta da “PEC”, Djalma sem ler o documento e no momento que dobrava o mesmo para guardá-lo me perguntou sobre como estavam as “promoções”. Lamentando em silêncio que seu interesse não estivesse voltado a ler a proposta da “PEC” e sim matar sua curiosidade sobre “promoções” que era seu interesse imediato, argumentei:

- “Primeiro lê a proposta de Emenda. É para tu leres, se tiveres alguma dúvida, pergunte agora, temos que a qualquer custo gerar uma “onda”, temos que cristalizar isso e é urgente”.

Djalma ainda tentou argumentar alguma coisa utilizando o verbo defectivo “adequar” de maneira incorreta (a gente adécqua) e eu saí em socorro da nossa língua, dizendo para ele tomar cuidado com os “defectivos”.

Djalma deu a impressão que não tinha entendido, e eu expliquei. Depois da conversa ele agradeceu:

- “Que bom, apreendi mais uma!”

Eu repliquei:

- “Sim, com os Delegados a gente tem essa liberdade, imagina um colega nossa dando entrevista e falando ‘eu adécquo’, fica feio para a classe, não achas?”

Djalma concordou e passou a ler a proposta de emenda. Depois que leu com certa atenção comentou:

- “Puxa, isso é muito bom. Quer dizer que a gente traz de volta a perícia para a Polícia Civil?”

Respondi:

- “Não é isso, o que nós estamos propondo é criar a nossa perícia. O IGP faz as perícias gerais para o Estado, seja para a Justiça, para a Polícia Militar... Já nós criamos a nossa perícia para atender a nossa demanda, é isso que nós queremos, a não ser que haja alguma negociação com os Peritos...”.

Expliquei a ideia da “Procuradoria-Geral”, o segundo grau na carreira de Delegado de Polícia. Pedi para Djalma que levasse para frente a ideia, que difundisse, que ajudasse a gerar a tal “onda”. Djalma argumentou:

“Eu não tinha pensado, mas realmente nós temos que aproveitar o momento em que o Pavan assumir o governo, vai ser muito importante...”. 

Concordei com seu raciocínio, pois era justamente isso que eu estava tentando repassar, despertar... e aproveitei para falar das três vias políticas para fazer as coisas acontecerem na instituição:  a cúpula, os Delegados Regionais, e as lideranças classistas. Também, comentei sobre a necessidade de pressionamos essas três “vias” para que promovessem as nossas melhorias. Argumentei que se conseguíssemos naquele governo criar um órgão independente, no próximo conseguiríamos um tratamento remuneratório melhor, o que também iria ser muito bom para  outras classes, pois poderiam reivindicar melhorias, ao contrário da situação em que nos encontrávamos, todos “abraçadinhos”, mas sem perspectivas. A seguir, conversamos sobre os “projetos” da Presidente da Adpesc (Delegada Sonéa) e Djalma argumentou que já havia um consenso geral que a “Pec 549”  era inviável porque os governadores haviam declarado que iriam bloquear ela no Senado Federal. Argumentei que no passado já havia sido revogado o art. 241 da CF por meio da “EC 19/98” justamente porque os Estados pobres não tinham como pagar isonomia com Promotores de Justiça... Fiz questão de frisar que queria muito bem a Delegada Sonéa, mas que as minhas restrições eram com relação a ela como “Presidente da Adpesc”.  

A seguir, fiz um relato sobre minhas viagens a Rio do Sul e as reuniões com os Delegados para tratar sobre “projetos”, inclusive, que outro dia a “Presidente” levou a Delegada Karla e o Delegado Roberto para “uma viagem” importante à Brasília. Ponderei que que As Delegadas Sonéa, Karla e Roberto apareciam sorridentes em fotos circulando pelos gabinetes de parlamentares em Brasília. Depois, fiz um breve relato sobre minhas viagens à Itajaí, quando conversei com o Delegado Sílvio Gomes e Gilberto Cervi, entregando a proposta de emenda constitucional, logo em seguida o Delegado-Geral Maurício foi lá e reuniu todo mundo para dizer que não era assim, e contou uma “estoriazinha” para o pessoal, querendo dizer para eles tratassem de trabalhar... Djalma interrompeu para dizer que desse jeito o pessoal estava sem rumo, perdido, ninguém acreditava em mais nada. Contraditei, dizendo que a ordem era lutar, resistir, participar, contestar... e gerar uma onda para cobrar das três “vias posições”, iniciativas, projetos, resultados. No final da conversa pedi que Djalma levasse as ideias para frente, que ajudasse a gerar aquela “onda” perante nossos pares...