PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 04.10.2007, horário: 21:00 horas:

Estava na cidade de Videira e resolvi dar uma caminhada, isso depois de verificar que o Investigador “Zico”, a Delegada Marillisa e a Escrivã Ariane ainda não haviam retornado e fiz as contas: “Esse lanche acabou demorado demais, como ontem, que era para ser um ‘lanchinho’, um ‘cafezinho’...”. Parecia uma dor de cotovelo ou talvez uma sensação de “descarte”, mas não era isso que eu sentia, apenas queria ver uma expressão de carinho, amizade, sinceridade por parte de meus companheiros de viagem, mas sabia que estava sendo muito insistente sermpre falando a mesma coisa sobre projetos.... Sabia que no caso de Ariane era mais difícil, apesar de ter a convicção que dos três seria a pessoa mais provável a adotar uma atitude desse tipo.

Então, estava caminhando pela cidade e numa das avenidas principais encontrei a viatura estacionada (Lanchonete e Pizzaria Dona Benta). Ao passar pela frente do estabelecimento avistei numa mesa “Zico” sentado de frente para Ariane e Marilisa, conversando animadamente. Pensei: “São passados das vinte uma horas, nem vou me juntar a eles para não prolongar ainda mais a noite, já que amanhã cedo temos compromissos, melhor não perturbá-los...”. Segui mais a frente e encontrei uma pizzaria numa rua transversal e jantei nesse local por volta das vinte e duas horas. Depois, retornei para o hotel, passando novamente em frente a “Dona Benta”. Lá estavam os três ainda conversando animadamente, bebendo... Marilisa estava espichada para o lado, sentada na ponta da cadeira e conversava com Ariane sob o olhar atendo de “Zico”. Procurei passar rapidinho para não ser notado (naquelas circunstâncias era bem melhor permanecer invisível) e sem saber que horas chegariam. 

Data: 15.10.07, horário: 07:40 horas:

Estava dirigindo para a Corregedoria da Polícia Civil e lembrei do sonho que tive de madrugada, era inconfessável, nunca tinha ocorrido antes,  pela primeira vez a senti uma mulher nos meus braços, apesar de ser virtual, ela se entregou cativa e apaixonadamente, com seu corpo selvagem, cheio de volúpia... Fiquei feliz porque se tratava apenas de um sonho que me surpreendeu, pois nunca imaginaria que essa pessoa viesse povoar minha mente daquele jeito sorrateiro, acabei creditando isso mais a minha solidão, acreditando que deveria dispor de mais tempo para me divertir, minimizar responsabilidades, estresses... “Imunizado estou”, pensei. Mas poderia ser até obra de algum "feitiço", uma espécie de encantamento, uma premonição, talvez, mais porque essa mulher tinha estado tanto nos meus pensamentos em razão de nossa epopéia,, o que acabou gerando desejos e ardência... Ainda no trajeto escutei aquela música “Those Eyes” que não saia dos meus pensamentos e fiquei pensando como era possível conseguir transformá-la em sonhos , não era justo, não poderia, e não queria confundir as coisas... No final, lamentei o fato, passou!

Horário: 08:10 horas:

Estava na Corregedoria com um gosto amargo na boca e pensando: “Vou ter que fazer uma ginástica medonha para aguentar trabalhar neste dia, nesta semana, até dois mil e dez”. Na verdade o clima era bom, o problema era que estava tudo “dominado”, não existiam projetos, nova ideias, discussões e  inovações.  Lembrei que na última quinta-feira estava na Delegacia Regional de Balneário Camboriú e avistei em cima da mesa do Delegado Gilberto, dentro de uma caixinha que ficava a mostra, cartões de visita do Delegado Maurício Eskudlark com sua foto, onde constava seu nome, seguido pela designação “Deputado Estadual”. Depois de refeito da surpresa, fiquei pensando: “Por que Gilberto Cervi e Silva mantém aqueles cartões visíveis em cima da sua mesa? Provavelmente seria para entregar para as pessoas que procuram a repartição e precisam resolver algum problema? Também, era para que Maurício Eskudlark – frequentador assíduo da DRP – tivesse conhecimento que ali estava um preposto seu, um fiel escudeiro, um representante... e que era ele que mandava naquele “curral”. Pensei: “Pobre Gilberto (?!?!), pobre Polícia Civil, alguém disse que enquanto um se preocupa com migalhas, outro se preocupa com milhões, isso pra ficar na superfície”. 

A seguir apanhei dois cartõezinhos escondidos e fui até a lanchonete da Delegacia Regional, em cuja ocasião encontrei o policial “Zico” da Corregedoria conversando com o motorista que trouxe a Delegada Marilisa. Meu objetivo era fazer uma brincadeira e em razão disso quis entregar um cartão para “Zico”  recomendando que repassasse para a “doutora Marilisa” logo que ela chegasse no barzinho. “Zico” ao perceber a foto do Maurício no cartão, não vez nenhum gesto para pegar o material, apenas esbravejou:

- “Não pego não, doutor, que é isso? Eu não pego essa coisa não!”

Sob o olhar atento do motorista da Delegada Marilisa,  procurei me controlar e simplesmente saí de fininho olhando “Zico” afundado na cadeira, estático após destilar seu veneno não só contra Maurício, mas contra mim também, atingível, próximo, e tangível... 

Na verdade aquilo era mais que uma brincadeira, era um teste. “Zico” quando estava sozinho comigo se mostrava sensato, solícito, educado, companheiro, “amigão”, agradecido por tudo, subordinado, respeitoso...  Mas, em alguns momentos, quando estava na frente de colegas se transformava, mostrava seu “ego’, se revelava uma pessoa revoltada com a sua condição, seus consignados,  frustrado e denotava que queria apenas sobreviver e usufruir.

Fiquei pensando no feriadão do último final de semana (dia da criança) e da quilometragem da viatura Renault Cénic`que marcava duzentos e quarenta e três quilômetros quando chegamos na Capital.

Horário: 20:00 horas:

Havia deixado o prédio da Corregedoria e  nem “Zico” e nem a viatura se encontravam na garagem. Sim, era mais um final de semana que “Zico” ficava com a viatura em sua casa, para seu deleite e de sua família, tudo as custa do dinheiro público, com direito aquele discurso de “revolta”.  Lembrei de muitos finais de semana em que estive no prédio da Corregedoria, e a garagem estava vazia, e me perguntava: “onde estariam as viaturas?” Sim, os motoristas privilegiados levam as viaturas para casa, era Samir, Dílson, “Zico”, e os Corregedores Feijó e Nilton faziam de conta que não enxergarvam absolutamente nada, era um faz de conta...  Acabei lembrando de Patrícia Angélica, pois no mês de setembro resolvi fazer um controle das suas horas extras, anotando que nos dias três, quatro e cinco, somente trabalhou à tarde. Observei que até o dia dez de setembro ela tinha apenas trabalhado três horas extras, só que no seu relatório fez constar dezoito horas extras, quando na verdade não realizou...  Não controlei o resto do mês.  Também, lembrei que no dia vinte e seis de setembro ela informou que ficaria fora duas semanas de férias para viajar a Minas Gerais (ganhou passagem de ida e volta do seu namorado). Só que deixou de trabalhar dia vinte sete de setembro e fui informado que retornaria somente dia dezoito de outubro, ou seja, foram vinte dias de afastamento (seis a mais). Lembrei que no dia vinte e seis de setembro, quando ela me entregou seu relatório de horas extras, eu propositalmente, pedi que ela fizesse o meu relatório. Patrícia parecia estar fora de órbita, só pensava nela, e era o momento propício para ver se ela se preocuparia um pouquinho comigo. Quando me dei por conta, já era final do expediente e Patrícia já tinha ido embora, e meu relatório não deu em nada, pois tive que fazê-lo sozinho, como fazia todos os meses.  “Sim, vou ter que engolir tudo isso até terminar meu tempo e ir embora, acho que estourou meu tempo!” pensei. 

“Zico” lembrou aquela máxima Bonapartista: “Quem serve para bajular serve para caluniar”. Já Patrícia era um caso a parte, pois seu instinto feminino libanês,  só restava um homem para chamar de seu “protetor”. Ambos possuem qualidades, mas como diz a máxima (em linhas gerais): “o homem é um produto do meio”.