E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos como Fabiano.
(Graciliano Ramo.)

Como São Paulo tornou-se o principal centro de migrações nordestinas? O que além da seca e da economia ajudou a propagar a imagem do Sul/Suldeste como lugar de esperança e de sobrevivência? De que formas são retratadas pela Literatura, as perspectivas e os conflitos dos heróis e anti-heróis, representantes dos dramas vivenciados por muitos nordestinos?

Para responder a esses questionamentos, foi elaborado um breve estudo para analisar a migração e seus efeitos sobre os nordestinos que elegeram um dia São Paulo como A terra prometida, tendo como referência o romance Essa Terra de Antonio Torres. 

Roland Walter em seu livro Narrative Identities: (Inter)cultural Inbetweeness in the Ameticas, sustenta que a migração nordestina foi motivada consideravelmente, através das imagens e dos discursos da ficção. Ele assegura que Vidas Secas de Graciliano Ramos e Seara Vermelha de Jorge Amado ... delineiam o Sul como lugar de esperança e sobrevivência para os nordestinos flagelados da seca e da exploração (WALTER, 2002.). Convém salientar, que o termo Sul/Suldeste apresentado por Walter refere-se ao Sul dos estados nordestinos de Pernambuco, com seus engenhos de açúcar, da Bahia com a plantação de cacau e aos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O autor ainda afirma que: O discurso narrativo inventou o Sul como saída da miséria, o lugar de uma vida melhor, a utopia, o (não-lugar), da mudança do flagelado explorado, num trabalhador industrial que contribui para a construção e o progresso do país. (Idem).