VIOLÊNCIA CONJUGAL – CAUSAS

 

Vanessa Ruffatto Gregoviski

A violência conjugal é um assunto muito sério, precisa ser tratado com senso de urgência e cautela tratando-se, até mesmo, de uma questão de saúde pública (LAMOGLIA; MINAYO; 2009). Cada vez mais casos vêm à tona mostrando o quão grave é o problema e como sempre existiu, mas anteriormente era encoberto com ditos populares tais como “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, ocasionando em um menor número de denúncias ou desqualificação daquelas realizadas.

Pelos registros do SIM, entre 1980 e 2013, num ritmo crescente ao longo do tempo, tanto em número quanto em taxas, morreu um total de 106.093 mulheres, vítimas de homicídio. Efetivamente, o número de vítimas passou de 1.353 mulheres em 1980, para 4.762 em 2013, um aumento de 252%. A taxa, que em 1980 era de 2,3 vítimas por 100 mil, passa para 4,8 em 2013, um aumento de 111,1% (WAISELFISZ; 2015; p.11)

 

            Como muito bem já discutido, a violência conjugal vai muito além daquela que deixa marcas físicas. A violência pode estar presente em uma proibição em tom de brincadeira para que a mulher troque de roupa ou deixe o emprego. Pode ser um tipo de abuso psicológico, sexual, social, econômico, ou outros.

            Discutir as causas desses atos é um assunto delicado que nos levará a olhar por diversos viéses. Penso, assim como muito bem colocado no texto da semana, que a passagem ao ato acontece no momento em que palavras não conseguem se fazer ouvidas, no momento em que o diálogo é inexistente.

            Há autores que apontam como causa a violência doméstica ser tratada como algo “normal” na sociedade, e estar enraizada através de atos que promovem a desqualificação da mulher. (SCHRAIBER; D’OLIVEIRA; 1999). Alves e Diniz (2005) apontam como causas a ideia de papel de gênero que é construído socialmente, mostram que é um ponto determinante na assimetria conjugal; também citam o medo de perder o controle e a autoridade, e o alcoolismo.

            Quanto mais nos aprofundamos no assunto, mais causas percebemos: submissão, drogas, traições, inseguraça, desamparo, possessividade, machismo, entre outros. E acredito que, na particularidade de cada caso, novas podem se manifestar.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, Sandra Lúcia Belo; DINIZ, Normélia Maria Freire. Eu digo não, ela diz sim: a violência conjugal no discurso masculino. Rev. bras. enferm.,  Brasília ,  v. 58, n. 4, p. 387-392,  Aug.  2005 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672005000400002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 3  Nov.  2016. 

 

LAMOGLIA, Cláudia Valéria Abdala; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência conjugal, um problema social e de saúde pública: estudo em uma delegacia do interior do Estado do Rio de Janeiro. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro ,  v. 14, n. 2, p. 595-604,   2009 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232009000200028&lng=en&nrm=iso>.  Acesso em:  3  nov.  2016. 

 

SCHRAIBER, L. B.; D'OLIVEIRA, A. F. L. P. Violência contra mulheres: Interfaces com a Saúde. Interface comun. saúde educ., 3, 5, p. 11-25,1999. Disponível em: < http://saude.sp.gov.br/resources/ses/agenda/i-encontro-tematico-de-humanizacao/violencia_contra_mulheres_-_interfaces_com_a_saude.pdf>. Acesso em: 3 nov 2016

 

WAISELFISZ, J.J.  Mapa da Violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil. Brasília, 1ª ed., 2015. Disponível em: <www.mapadaviolencia.org.br>. Acesso em: 3 nov. 2016