CATRAIA
Publicado em 05 de agosto de 2014 por Francisco Antônio Saraiva de Farias
CATRAIA
Canoa oval, com toldo de mescla.
Ao redor da catraia tinha um banco enteriço, buliado,
Seguindo o modelo do casco da catraia.
Na proa ficava sentado o comandante,
Mas não era pra vender beleza não,
Era ele quem pegava firme nas falhas, uma espécie de remo,
Que, pelo força dos braços do catraieiro,
Tangia a catraia duma margem à outra do rio.
O catraieiro movia com maestria as falhas da catraia,
Iniciando sempre a travessia no sentido rio acima,
Com remadas fortes,
Pra depois relaxar um tantinho,
Deixando a catraia descer um pouquinho
Até ancorar suavemente na base da escadaria da outra margem do rio.
Na minha querida Rio Branco antiga era assim,
A gente atravessava o rio de catraia,
Não tinha pontes.
Muitos proprietários de catraias exibiam, orgulhosamente,
Em pequenos mastros, as Bandeiras do Acre e do Brasil.
Nunca tive medo de andar de catraia,
Às vezes nem ia trabalhar
Tamanho era o prazer que sentia em andar de catraia,
De nela atravessar vagarosamente dum lado pro outro do rio.