Antes de começar a determinar qualquer tipo de castigo tem que analisar o seguinte:  o que uma criança entende do castigo? Qual o raciocínio de uma criança pequena de dois anos ou menos, ou mais um pouco, sobre a intenção do castigo? O raciocínio dela não é igual ao de um adulto; um adulto sabe exatamente o motivo do castigo, mas, a criança não. Muitas vezes aquilo que para os pais é errado para a criança é natural.  Assim começa o distanciamento entre a percepção de duas mentes extremamente distantes.

Imagina que os pais colocam uma criança num quarto, por que ela jogou um copo na cabeça de alguém.  Ela ainda não tem raciocínio suficiente para entender que os pais estão fazendo isso para o bem dela. Então a primeira reação é do inconsciente dela, que seria apenas um sentimento ruim no coração em relação aos pais.  A criança pode sentir mal, mas não pode analisar por que está se sentindo mal; a criança pode se sentir humilhada, mas não sabe o motivo desta humilhação. Finalmente a criança sente medo, e devido ao medo até é possível mostrar uma melhora provisória. Mas ao passar do tempo o seu mal estar oculto será sentido a cada vez que tivesse de ficar num quarto fechado, mesmo que fosse durante alguns minutos, se evoluindo numa revolta oculta nela. Depois, a criança mostrará esta revolta em várias formas.

Uma das formas mais frequente que uma criança demostra a revolta acumulada na sua inconsciente é pouco a pouco fazer atitudes “erradas” (aquelas censuradas pelos pais) nas costas de seus pais. A segunda consequência grave é, a criança para evitar o castigo e humilhação nas situações parecidas apela para mentiras. Por isso, em 95% das crianças  castigadas pelos pais, aos poucos suas colocações se tornam inconfiáveis.

Para educar as crianças a melhor ferramenta é argumentação. Explicar e repetir, repetir quantas vezes forem precisos. Por exemplo, imagina uma criança que anda gritando. Quando gritar, logo chegar ao lado dela e perguntar por que está gritando? E explicar que não deve gritar, e a mãe ou pai mostrarem a ela que realmente não se sentem bem do grito. E da próxima vez que ela chamar pai ou a mãe sem gritar, correr a ela e atender  rapidamente  e lhe parabenizar por não gritar. Então, pouco a pouco a criança percebe que quando não grita a fisionomia dos pais fica alegre, e quando grita a fisionomia deles fica triste. Assim, ela desenvolve uma relação e correlação entre a tristeza dos pais e sua gritaria, e vise –versa.  É neste raciocínio pelo prazer deles e para ver a alegria e satisfação no rosto dos pais evitaria os gritos, não pelo castigo. Então a decisão de evitar os gritos seria uma iniciativa dela, e assim nunca gritaria, nem na frente dos pais, nem nas costas.

Portanto, quando castigamos uma criança e colocamos  num quatro, ela não desenvolve este raciocínio e apenas sente mal, e depois cria um sentimento negativo na sua memoria contra os pais. Qualquer melhoria aparente não acontece devido a um desenvolvimento lógico, e sim devido ao medo de castigo. E o medo trará consequências negativas no seu futuro.

O mestre Abdul-Bahá (1884 – 1921) para ajudar nesta questão usa exemplo de criação de cavalos de raça nobre pelos povos árabes e afirma que os árabes tratam com muito respeito e amor os cavalos para preservar a dignidade, superioridade e nobreza da raça. Assim ele questiona os pais que não tratam seus filhos com a mesma dignidade que os árabes tratam seus cavalos.É um exemplo simples: Os treinadores dos animais para ensinar qualquer instrução para um animal, nunca o castigam pelos erros. Mas, toda vez que o animal acertar uma instrução o treinador coloca uma coisa gostosa na boca do animal. Então o confiante de que está seguro nas mãos de seu educador, pouco a pouco faz tudo o que o treinador ensina.

Assim, tem elefante que pinta quadros, cavalos que marcham, cachorros que cantam, ou passarinhos que levam mensagem de uma cidade para outra.

A educação é uma arte e envolve a alma da criança, quanto mais a alma da criança sentir confiança dos que a educam, mais rápido assimilará os passos ensinados. Deixar num quarto, ou brigar, ou bater não aumenta a confiança e sim o medo e revolta que em curto prazo podem ser positivos, mas, em longo prazo trazem consequências indesejáveis.

Felora Dalir Sherafat