Case Português - Fogo Morto

Por Louremar Vieira Alves | 29/11/2017 | Direito

Louremar Vieira Alves

Marineis Merçon

1 DESCRIÇÃO DO CASO

No ano de 1943, o escritor José Lins do Rego publica o romance Fogo Morto. É uma obra literária que mostra a decadência da economia açucareira no Nordeste do Brasil.

O relato mostra a realidade dos engenhos, construídos à base da mão de obra escrava. O escritor mostra casos individuais onde pontua o conflito entre personagens. Os protagonistas são: José Amaro é um fazedor de selas, pobre e orgulhoso; Vitorino Carneiro da Cunha, apelidado de papa-rabo, é um arremedo de herói; Coronel Lula de Holanda é um senhor de engenho, sem ação, sem o respeito da comunidade e decadente.

O romance é ambientado na Paraíba e dividido em três partes. Cada uma delas recebe como título o nome de um dos protagonistas. A primeira parte da narrativa gira em torno de José Amaro. Sentado na porta da sua casa, ele conversa com as pessoas que por ali passam. Vive numa casa pobre com sua mulher e sua filha. Marta, a filha, tem devaneios. No afã de vê-la curada, no auge do desespero como pai, José Amaro dá uma surra na filha e a conduz à loucura.

José Amaro vive de favor no terreno do engenho Santa Fé. Mantém contato com o bandoleiro Antonio Silvino. Essa relação o leva a ser espancado pela polícia. No transcorrer da narrativa é intimado a abandonar o local onde vive. Desprezado pela mulher, com a filha doente e humilhado pelo espancamento sofrido termina por se suicidar.

A segunda parte da obra de José Lins do Rego remete ao passado. Conta a história do engenho Santa Fé construído pelo Capitão Tomás Cabral de Melo. Homem duro e trabalhador tinha o orgulho de ter dado estudo para as filhas. Olivia e Amélia estudaram em Recife.  Olívia terminou por enlouquecer. Amélia voltou como uma moça prendada e casou-se com Luis Cesar de Holanda Chacon, o Lula de Holanda.

O homem, que se mostrou educado, de voz mansa, no primeiro momento, depois da morte do Capitão Tomás, Lula tentou se apropriar do engenho Santa Fé. A pendenga dele com a sogra foi parar na Justiça que deu ganho de causa para a sogra, dona Mariquinha. Daí em diante, Lula passou a isolar a sogra da neta, certo dia após uma discussão dos dois, dona Mariquinha adoeceu e morreu dias depois.

Se Lula já tinha mostrado sua verdadeira personalidade, depois da morte da sogra isso se evidenciou para todos. Passou a dar ordens para castigar seus escravos por qualquer motivo. Mesmo se tornando o dono do engenho, não conseguiu administrar o empreendimento de forma a manter a prosperidade. Somou-se a isto, o advento da Abolição da Escravatura que terminou por deixar as propriedades sem a mão de obra dos negros que trabalhavam sem receberem nada por isso.

O Capitão Vitorino é o foco da terceira parte da narrativa de Lins do Rego. Era compadre de José Amaro e estava sempre pronto a lutar por justiça, sempre se posicionando contra os donos da terra e do lado dos humildes. É um homem destabanado nas suas pretensões de ser o legítimo defensor dos oprimidos. Ele se posiciona contra os desmandos da polícia, a violência dos cangaceiros e a prepotência dos senhores rurais.

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