CARVÃO: O CASO DA USINA TERMOELÉTRICA DE CANDIOTA, RS

Julia Kaori Schmidt[1], Amanda Dias de Oliveira[2], Adriano Bruzza[3], Verônica Schmidt[4] 

Resumo

A região Sul do Brasil possui as maiores jazidas de carvão mineral do país sendo a Usina Termelétrica Presidente Médici (UTPM), em Candiota, RS, responsável pela geração de 446 MW de energia. A exploração do carvão pode causar prejuízos ao meio ambiente e à produção animal e, dentre os subprodutos lançados na atmosfera, o flúor pode causar intoxicação nos animais reduzindo sua vida produtiva. O presente estudo tem por objetivo descrever o processo histórico da exploração do carvão, bem como sua utilização na geração de energia e o impacto gerado na produção animal na área de entorno de uma usina termoelétrica. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva exploratória quanto ao desenvolvimento da exploração carbonífera no Rio Grande do Sul e o impacto desta no agronegócio, em especial na produção animal. A exploração do carvão, especialmente para geração de energia, é econômica e socialmente importante na região de Candiota. Contudo, esse processo pode resultar em dano ambiental com repercussões importantes na produção agropecuária. Entretanto, a minimização de impactos ambientais negativos é possível, desde que haja investimentos e busca por inovação de processos.   

Palavras-chave: carvão, produção animal, impacto ambiental, desenvolvimento.

1 Introdução

No Brasil, assim como na maioria dos países industrializados, as fontes de energia são de uma demanda emergente. Com isso, a emissão de poluentes na geração de energia ocasionada pela queima de carvão mineral é um ponto crítico que deve ser observado e monitorado. Ainda neste contexto, a ação de monitoramento em áreas rurais é relevante à produção animal, uma vez que cerca de um quarto das patologias animais evitáveis estão relacionados à poluição decorrente da produção de resíduos e da degradação do meio ambiente (ANDRADE e ABREU, 2006). Contudo, o carvão é o recurso energético mais abundante no mundo. Embora a poluição química, oriunda das emissões industriais e despejos residenciais, seja preocupante, a poluição é definida como qualquer modificação física, química ou biológica e sua interferência nas composições de fauna, flora e meio ambiente como um todo (FELLENBERG,1980). No que se refere a animais de produção, o monitoramento do ambiente se faz necessário visando a sanidade e o bem-estar dos animais e do próprio homem, prevenindo ações antropogênicas sobre o meio ambiente (MARÇAL et al., 2004; MARÇAL et al., 2005a). Na região do município de Candiota, Rio Grande do Sul, encontra-se uma das maiores reservas de carvão mineral do Brasil. Neste município foi inaugurada, em 1961, a Usina Termoelétrica Presidente Médici, que é uma referência econômica para região Sul do Brasil. No início dos anos oitenta, estudos realizados na região evidenciaram poluição ambiental decorrente das emissões atmosféricas da Usina nas áreas agropecuárias próximas, causando preocupações econômicas e ambientais (RIET-CORREA et al., 1983). As emissões industriais possuem alto potencial poluente em áreas próximas da fonte emissora. Algumas empresas que ainda possuem instalações e planejamento não monitorados e podem ser perigosas e consideradas de risco à emissão de poluentes ao ambiente (TANNER, 2003). Os poluentes são, geralmente, encontrados mais precocemente nos animais do que no homem, assim como suas influências (MOREIRA e MOREIRA, 2004). Mesmo que evidências diretas mostrem resultados no ecossistema em contraponto à saúde humana, esta correlação é difícil de ser estabelecida; neste sentido, o uso de animais com função de sentinelas e de possíveis influências antrópicas tem servido como base conceitual para esta conexão (SILVA et al., 2003). 3 O presente estudo tem por objetivo descrever o processo histórico da exploração do carvão, bem como sua utilização na geração de energia e o impacto gerado na produção animal na área de entorno de uma usina termoelétrica. [...]