Essa estória aconteceu com um amigo meu que noutro dia foi ao teatro e quando saiu, como chovia muito, arregaçou as calças e correu para o carro que, felizmente, êle havia deixado com a porta destrancada e, então, entrou nele e ligou o motor, mas nada dele pegar! ... Virou a chave duas, três e quatro vezes, mas nada ! ... E agora ? ... Quando olhou em volta, não havia mais ninguém na rua. Saída de teatro e de cinema na última sessão é assim mesmo ... Com medo de assalto, todo mundo sai ao mesmo tempo e, dois minutos depois, não tem mais ninguém na rua.

Foi então que êle se lembrou do Touring Club ... Correu dois quarteirões, tomando chuva encima, até encontrar um botequim aberto e, encontrando, pediu para usar o telefone e ligou para o Touring, começando então outra ladainha ... Depois de várias tentativas, finalmente atenderam do outro lado e êle explicou o seu problema.

Lhe perguntaram então se êle estava em dia com a mensalidade, qual o número da sua inscrição, qual o defeito do carro, qual a chapa e uma porção de outras coisas mais e, então, pediram para que êle aguardasse na linha e, depois de uns quinze minutos de angustiante espera, o funcionário do outro lado lhe disse que aquele carro não estava inscrito no clube e então êle teria que ficar esperando o socorro chegar para mostrar os documentos do veículo ... Mais outro tempão de espera e então, furioso, o meu amigo atravessou a rua e falou com o porteiro do edifício em frente e lhe perguntou se ficaria ali a noite toda ao que, diante da resposta afirmativa, deu-lhe uma nota de cem reais e pediu para que êle ficasse de olho no reboque que êle estava esperando e para que, quando eles chegassem, lhes desse o seu telefone (que então entregou ao porteiro)e pedissem para que eles telefonassem para êle que, então, iria para casa para descansar um pouco ... Já estava dormindo ferrado quando o telefone tocou:

_ "Aqui é do Touring. O carro não pôde ser rebocado. O senhor o deixou trancado e deu informações erradas ao posto de sosorro".E desligaram o telefone.

Às sete horas da manhã voltou ao local onde deixara o carro para de lá telefonar para algum reboque particular, mas qual não foi a sua surpresa ao chegar em frente do teatro:

- o seu carro não estava lá ! ...

Desesperado, êle correu para o edifício onde pedira ao porteiro para vigiar o carro e já ia entrar em vias de fato com o porteiro quando êle lhe disse que, pouco antes das seis horas, chegou um camarada, abriu o carro e ligou o motor, e êle então correu para dizer de quem era o carro, mas êle disse que não. Mostrou os documentos e disse que o carro era seu mesmo e nisso, o meu amigo olhou para o lado de lá da rua e a mais ou menos a uns cinqüenta metros de distância, encostado ao meio-fio, estava um carro igualzinho ao seu e que tinha no parabrisa um adesivo de São Judas Tadeu, de quem era devoto ...

O meu amigo entrou no carro devagarzinho, ligou o motor e saiu de fininho, sem nem olhar para atrás e quando chegou em casa disse assim:

- "Carro é como gêmeo unvitelino, quetem sempre outro igual,do qual só se distingue por algum sinal especial" ...