No Brasil, a educação de nível médio e técnico-profissionalizante deu início no começo do século XX em decorrência do desenvolvimento de novas tecnologias, integradas à produção e prestação de serviços. De maneira cíclica, de acordo com a mudança dos governos e com a promulgação de novas legislações a educação foi se remodelando adquirindo um novo perfil institucional.
A construção deste trabalho tem como objetivo caracterizar o campo de estágio em que a autora está inserida, fazendo um levantamento do contexto histórico da instituição no setor da educação e de como o Serviço Social nela foi posto, bem como as principais demandas e desafios que são apresentados no cotidiano do fazer profissional.
Esta caracterização tem como parâmetro as experiências obtidas no estágio supervisionado realizado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBAIANO – CAMPUS VALENÇA-BA) no período de março a junho de 2019. Nos componentes curriculares necessários para a formação do curso de Serviço Social, o estágio é considerado atividade curricular obrigatória (Resolução CNE/CES nº 15, de 13/03/2002).
De acordo com a resolução CFESS nº 533, de 29 de setembro de 2008: “[...] a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento ímpar no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação teoria-prática, na articulação entre pesquisa e intervenção profissional e que se consubstancia como exercício teórico-prático, mediante a inserção do aluno nos diferentes espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com vistas à formação profissional, conhecimento da realidade institucional, problematização teórico-metodológica”.
O estágio supervisionado na Faculdade Zacarias de Góes se divide em três períodos, cada estágio precisa cumprir a carga horária de 150 horas, totalizando 450 horas ao final do curso. Das 150 horas em cada etapa de estágio 90 horas são cumpridas em campo e 60 horas são destinadas para orientação acadêmica e leituras distanciando-se do pensamento de que “na prática a teoria é outra” e reconhecendo que durante o processo de formação em Serviço Social, quando adentramos ao campo de estágio vemos o quanto o arcabouço teórico-metodológico é importante na construção do perfil profissional. No estágio I, o discente é ambientado ao setor de estágio, observando e identificando as demandas que são apresentadas no cotidiano e relaciona o fazer profissional com o arcabouço teórico visto durante o curso, ao final desta primeira etapa é entregue uma caracterização do campo de estágio como forma de avaliação. Já no estágio II além da observação, o estudante participa de alguns processos que no estágio I um ele ficava ausente – por ser respeitado neste processo as fases do ensino-aprendizagem, assim como o amadurecimento intelectual do aluno –, ao final do processo ele apresenta como forma de avaliação um projeto de intervenção. O III e último momento do estágio segue o mesmo passo de participação da II etapa e permite a intervenção parcial do estagiário, para ser avaliado é necessário que o discente execute o projeto de intervenção desenvolvido no estágio II.
Durante a trajetória acadêmica aprendemos que o estágio é configurado a partir da inserção do aluno no espaço sócio ocupacional, e tem como objetivo capacitá-lo para o exercício profissional mediante supervisão sistemática, aproximando-se da prática profissional. Muitos discentes e profissionais afirmam de maneira errônea que na prática a teoria é outra, pois a prática se refere ao procedimento operacional: instrumentos, técnicas, estratégias, táticas etc. SANTOS E ABREU (2013) ressalta que:
“[...] a formação profissional não se realiza somente, com esse tipo de conhecimento. Ela necessita de vários tipos de conhecimentos, entre eles o conhecimento sobre o qual o Serviço Social atua, dos meios e instrumentos necessários à produção dos resultados, um conhecimento acerca das condições que potencializam ou dificultam seu fazer, além do horizonte ético-político. Portanto, não temos um ensino da teoria e um ensino da prática, e sim um ensino teórico-prático”.
Nesta direção, entendemos que o conhecimento é a realidade sistematizada e não podemos descrever a prática da maneira que ela nos apresenta. É necessário que no processo de formação o discente adquira um olhar investigativo, ultrapassando a aparência, buscando analisar as expressões da questão social, entendendo que de acordo com a ótica marxista, elas são fruto das contradições da relação capital x trabalho. Esse arcabouço teórico que construímos é muito importante para uma ação profissional crítica.
É neste intento que apresento uma análise crítica da atuação profissional na instituição IF BAIANO (campus Valença-BA), buscando analisar as ações desenvolvidas pela profissional de Serviço Social na instituição.