Tatiana Hatsck de Souza[1], Amanda Dias de Oliveira[2], Vinicius Brack Gestaro[3], Verônica Schmidt[4]

Resumo

O estudo objetivou obter informações sobre a qualidade da carcaça de ovinos a partir de características fenotípicas como, o peso vivo (PV), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça quente (RCQ), conformação (C) e acabamento (A) em animais da região Metropolitana de Porto Alegre. Foram identificados animais dos tipos biológicos Corriedale, Merina, Texel e animais oriundos de cruzamento com Corriedale. Os animais foram categorizados, pelo sexo e idade, em categorias (cordeiros, borregos, capões, carneiros, borregas e ovelhas) e pelo sistema de produção (extensivo à campo e intensivo - confinamentos). Observaram-se maiores pesos médios em fêmeas de descarte (47,1kg de PV; 20,2kg de PCQ). Conformação (3,5) e acabamento (4,0) foram melhores em borregas de cruza Corriedale. Em relação ao rendimento de carcaça quente, a maior média foi de 49,52% em borrego da raça Corriedale enquanto a menor (42,25%), foi observada em borregos e ovelhas cruza Corriedale. O estudo evidenciou oferta sazonal, qualidade variável do produto e elevada idade de abate - predomínio de animais de descarte. Estes fatores podem contribuir para o baixo consumo per capita e constituir entraves ao desenvolvimento da cadeia produtiva da ovinocultura de corte.

Palavras-chaves: qualidade de carcaça, tipificação, avaliação.

Introdução

A ovinocultura foi uma das primeiras atividades produtivas adotadas pelo homem na criação de animais e difundiu-se por todas as regiões do mundo. Isto lhe permitiu um retorno de alimento, na forma de carne e leite, e de proteção através da lã e pele. A produção e desenvolvimento em todo o território mundial foram favoráveis por diversos fatores como, clima, temperatura, adaptação das raças, fotoperíodo, solo, topografia e disponibilidade de pastagem. A atividade é potencialmente lucrativa e pode gerar desenvolvimento. Entretanto deve evoluir no tocante a qualidade da carne para conquistar o consumidor mais exigente e assim agregar valor e renda ao produtor. O mercado da carne ovina no Brasil expandiu-se de forma significativa nos últimos anos, por aspectos ambientais, econômicos e sociais relevantes, mas ainda necessita superar obstáculos, tais como a carência de estrutura e de investimentos na cadeia produtiva brasileira. Alguns anos atrás, o Brasil possuía sua ovinocultura concentrada no Rio Grande do Sul, voltada à produção de lã, especificamente com raças laníferas; e, na região Nordeste, com raças deslanadas oriundos de uma produção extensiva e com baixa tecnologia caracterizada como uma criação de subsistência (Viana, 2008). Atualmente, a atividade econômica, no RS, está voltada para o setor de carne, pela desvalorização na lã nas últimas décadas. O consumidor está mais exigente, no tocante à qualidade, exigindo padronização e desejando uma carne macia com pouca gordura. A produção de carne ovina no Estado ainda é incipiente comparado a oferta de carne de outras espécies, por exemplo bovinos, que possui uma cadeia produtiva com credibilidade, mercado consolidado e estruturado. Já a produção ovina difere-se por apresentar muitas dificuldades que interferem no desenvolvimento comercial, industrial e produtivo. O conflito entre produtores e frigoríficos se dá pela baixa oferta por parte do produtor, resultando no abate de animais de descarte, carne de baixa qualidade e elevado preço comercial (Pereira Neto, 2004; Firetti, 2010). 3 Além disso, estima-se que 90% da carne ovina nacional seja proveniente do mercado informal. Esses problemas têm consequências mais agravantes no Rio Grande do Sul, do qual 60 % do abate ocorre de forma ilegal que está diretamente ligado ao abigeato nas propriedades (Silveira, 2005). Atualmente, o parque industrial que abate ovino é de porte pequeno, com número de abate reduzido, não dispondo de infraestrutura para evolução e com sistema de inspeção com abrangência municipal e estadual. Os dados da Secretaria de Agricultura do Estado do RS demonstram que o número de abates ovinos é o menor de todas as espécies e suas estruturas, em números, não se comparam à quantidade de infraestrutura de bovinos, aves e suínos. A comercialização dos ovinos dos frigoríficos com os produtores é praticada através do peso vivo, isto é decorrente da falta de adequação ao sistema brasileiro de classificação e tipificação de carcaça (Santos et al., 2009). Com o intuito dessa evolução tem-se disponível o Sistema Nacional de Classificação e Tipificação de carne ovina desde 1990, pelo Ministério da Agricultura, dispondo-se da qualidade e padronização do produto a ser comercializado, considerando carcaças inteiras até os cortes comerciais (Brasil, 1990). [...]