Carácter e objectivos da educação em Angola antes da chegada dos portugueses

Autor: 

Alberto Mahúla Francisco (MSc)

Mestre em Economia e Gestão de Educação, Docente Universitário pelo Instituto Superior de Ciências de Educação, professor do Primeiro Ciclo do Ensino Secundário pela Escola 1812 de Pambos de Sonhe, Município de Samba-Cajú, Província de Cuanza Norte.

Resumo

Esta pesquisa de natureza qualitativa, foi realizada com o propósito de buscar uma explicação mais sistemática, referente ao carácter e objectivos da educação em Angola na fase pré-colonial. Os resultados do estudo mostram que a educação em Angola na fase pré-colonial, apresentara um carácter natural, cujo, objectivo principal consistia em ajudar as novas gerações a inserirem-se no seu meio ambiente natural. Pelo que o valor do pai na família, o respeito ao homem adulto e boa convivência familiar constituíam os valores mais sólidos para a construção da identidade das jovens gerações.

Palavras-chave: Carácter, objectivos, educação, Angola, chegada, portugueses

  1. Introdução 

A prática educativa é um fenómeno social e universal. E, sendo uma actividade humana necessária para a existência e ao desenvolvimento de toda sociedade, cada povo ou nação precisa primar na formação da sua população, auxiliando-as no desenvolvimento das suas capacidades cognitivas, intelectuais, espirituais e físicas. Na mesma, deve preparar o cidadão para participar na transformação de cada instância social (Libâneo, 2013). 

Assim, falar do carácter e objectivo da educação em Angola na fase pré-colonial, implica abrir uma página inédita, conducente ao estudo histórico da educação como fenómeno social, consistente em descrever factos e práticas que toca na vida da juventude e adultos, cujo reflexo histórico educativo para muitos, vive ofuscado.

É, justamente mostrar que não existe sociedade sem educação, nem educação sem sociedade. E, Angola, sendo uma nação, tem uma história educativa que funde-se com o seu próprio processo evolutivo.

Por motivos de cogitação social, vê-se que actualmente, pouco ou nada se sabe da historia da educação em Angola. Por isso, ouve-se em muitas ocasiões, narrações históricas destorcidas da realidade sobre a educação em Angola antes da colonização. Isto, faz de Angola parecer ser um povo desprovido de uma cultura educativa própria. Face, a esta realidade, muita gente questiona dizendo:

Será que Angola, antes da chegada dos portugueses não tinha a educação como uma prática de vida? Se ocorria em Angola, alguma prática educativa, que carácter tinha? E, educava-se com quê objectivo?

Este conjunto de pergunta, remonta um desenrolar histórico, fazendo a mente do homem angolano, a pairar sem fundamentos próprios para construção da sua própria identidade histórica, constituindo assim, um questionário sem resposta.

Neste âmbito, este estudo, procura responder pedagogicamente estas questões, descrevendo a educação em Angola antes da chegada dos portugueses, e, especificando, o seu carácter, objectivos e interesse social.

Deste modo, parte-se num momento inédito para a descrição histórica da educação como fenómeno social que é intimamente ligada com o desenvolvimento de cada povo.

  1. Objectivos e o carácter da educação em Angola, antes da fase colonial 

É, importante lembrar que o período em abordagem, constitui a fase cuja, as práticas educativas decorriam fora do julgo colonial, onde todas as práticas educativas ocorriam sem especulação, nem predicadores.

A educação nesta época tinha metas concretas vinculadas com a própria cultura do homem angolano, primando numa formação de um ideal social que visa a lealdade, justiça e progresso numa visão inter-familiar e tribos. Todas metas educativas, tinham o seu enfoque no fortalecimento dos laços de solidariedade. E, pela mesma via objectiva a educação Angola antes da fase colonial, prendia-se em identificar os diferentes tipos de comportamentos atípicos ao fortalecimento das relações que eram privilegiadas, através da trajectória histórica do próprio povo Angola (Bettencourt, 2000). 

  1. Carácter da educação em Angola, antes da fase colonial 

Antes da fase colonial, a educação em Angola tinha um carácter puro e natural, cujo valores ético, morais e culturais desempenhavam um papel relevante para a formação da identidade das novas gerações. Nesta fase, o respeito, a obediência, a vergonha e a coragem caracterizavam as pessoas vivendo em comunidade.

Assim, “grande parte desta educação era adquirida pelos pais através do exemplo e do comportamento dos membros mais velhos da sociedade. Em circunstâncias normais ela emerge naturalmente, eleva-se do ambiente social”.

Neste contexto, a educação apesar de ter tido um carácter natural, tinha por isso um carácter qualitativo que permitia envolver as novas gerações na solução dos diversos problemas que enfermavam o meio ambiente comunitário.  

A naturalidade qualitativa que revestia a educação no período antes da colonização, permitiria as novas gerações a serem co-participes no desenvolvimento comunitário. As novas gerações eram inseridas na comunidade de forma plena, vivendo a moralidade no conjunto familiar e comunitário.

  1. Porque do carácter natural e puro da educação em Angola

A naturalidade da educação em Angola consistia no facto deste fenómeno ter sido plasmado na vida das populações sem intervenção das outras culturas.

Por isso, o carácter natural da educação Angola, servia de garante para a pureza da identidade cultural do povo Angolano. E, preservara a desenvolvimento das populações das práticas de corrupção e maldades impostas por outras sociedades e nações economicamente mais fortes e culturalmente mais verticais e horizontais.

Somente o carácter natural e puro poderia garantir a fidedignidade dos valores inter-familiares e a herança cultural. Pois, este carácter preservara o angolano da personalidade confusa fase sua própria identidade.

Assim, o homem angolano não poderia ser confundido com qualquer outro cidadão do mundo. Por ter sabido usar a sua própria língua, seus vestes, alimentos; e, usara os alimentos produzidos e colectados por eles mesmo.

Com o carácter natural e puro, o Angolano poderia ser mais firme perante a sua própria realidade; poderia ser mais patriota, digno e perene perante a sua pátria.

E, graças ao carácter puro e natural que revestia a educação em Angola, o cidadão angolano foi mais justo consigo mesmo e com a pátria. Neste caso, um angolano não poderia desviar, apoderar-se e roubar nenhum bem do seu próximo que servira para o desenvolvimento das comunidades. Assim, todos bens adquiridos de forma pessoal e colectivo, só deveriam ter algum valor uma vez que pudesse servir do interesse para o bem comum.

  1. Porque do carácter conservador

Oficialmente Angola mostra a sua existência conservadora a partir do século XIV . Pois, antes da chegada dos portugueses, a sua educação, tinha um carácter conservador, para assegurar a lealdade do povo angolano. E, defender o povo das praticas da maldade e verdades inconfessadas.

É, o carácter conservador que permitira manter a hegemonia da soberania nacional, onde os reis, os chefes das tribos e clãs; as famílias alargadas e restritas, tinham a supremacia defender os seus títulos territoriais.

O carácter conservador serviria de meio para preservação de valores, éticos, morais e culturais. Por meio deste carácter conservador da educação, se evitaria o desvio de personalidade provocado pela fuga e conflito de culturas.

Assim, através do carácter conservador poderia se conservar a pureza da identidade angolana, onde os valores seriam tratados e divulgados de forma natural.

Nesta conformidade, a passagem e a transferência de valores que passara de geração em geração, poderia ser acautelado e devidamente assegurado pelas gerações adultas.

Por meio do carácter conservador da educação, se conservava os poderes e proporcionalidade de identidade e hierarquia de valores. Por isso, nenhum poder nesta altura poderia ser superior que o outro, evitando, deste modo a submissão de poderes.

Neste âmbito, o poder dos pais e da família, esteve na mesma proporcionalidade ao poder do rei, mostrando que o rei não estaria acima do povo, nem o povo poderia estar acima do rei. Mas, sim, os poderes poderiam manter-se equidistantes.

A equidistância entre os poderes era conservada através do respeito individual. Por isso, se dizia que o poder do rei e das famílias pesa, pois, o mais importante entre os poderes, seria o respeito. Para tal, passaria ser uma regra indissolúvel o respeito perante as partes do reinado e do poder, onde o rei deve respeitar as famílias e as famílias por sua devera respeitar o rei.

Por isso, na tomada de decisões e resoluções de conflitos, era necessário conservar e respeitar a herança cultural, os títulos de pertença e respeito a integridade pessoal. Neste caso, reconhecia-se que qualquer grupo social: tribo ou clã, poderia discutir por uma qualquer causa. Mas, nunca passaria nas cabeças das partes em conflito o desejo de matar, violar e vingar-se dos outros. Pois, acreditava-se que “os buracos do bairro deveriam ser cavado e automaticamente tapados”. Isto implica dizer que todo problema, bem poderia existir, mas, o mais importante é a solução. Portanto. Se algum problema tivera ocorrido na comunidade, imediatamente todas as partes envolvidas, deveriam ser preparadas para resolver e ultrapassar os mesmos problemas, a fim de não afeitar as futuras gerações.

 2.1.2. Objectivos da educação antes da chegada dos portugueses

Os objectivos da educação em Angola antes da chegada dos portugueses, consistiam na criação de um reflexo real das necessidades do povo angolano. Por isso, os objectivos da educação neste período, eram firmes na formação e inserção das novas gerações no seio das comunidades.

Neste período, a educação visava a formação do homem, inspirando solidez a nível ético, moral e cultural. Assim, a educação tenha como meta principal “dar as novas gerações uma educação virada para a continuidade, da sua realidade histórica e sociocultural e da sua inclusão social na vida comunitária” (Nsaovinga, 2019, p. 1).

Por isso, para confirmar os resultados da educação do homem neste período, três aspectos eram indispensáveis, para a consolidação dos objectivos da educação nesta época. Estes três aspectos são: respeito, coragem e vergonha.

  • Respeito

Desde a mais tenra idade o homem angolano, deveria dotar-se de respeito, a si, aos outros e comunidade. Assim, o respeito, tinha um valor reverente.

O respeito neste período, valeria mais, duque qualquer outra riqueza no universo. O respeito conjugava-se com a obediência, organização, disciplina e trabalho.

As novas gerações formadas sob bases sólidas de respeito, participavam voluntariamente nas tarefas da comunidade. Obedeciam as regras emanadas superiormente, trabalhando na família e na comunidade.

Sob bases de respeito, as novas gerações cumpriam os seus deveres de forma responsável e disciplinada. Pois, a falta de responsabilidade e disciplina na família, no grupo de amigos e na comunidade implicaria falta de respeito, desobediência e punição.

  1. Práticas educativas em Angola antes da chegada dos portugueses

Antes da chegada dos portugueses, a educação em Angola foi algo de fácil realização. Por ter sido algo partilhado por todos entes da sociedade.

A participação de todos na educação das novas gerações, constituía um dever para a cidadania. Isto é, para ser um bom membro da comunidade, tinha que saber orientar a vida das novas gerações, servindo-lhes de modelo para o desenvolvimento e prosperidade.

Por isso, as lições de vida transmitidas de adultos para as novas gerações, insinuavam os seguintes princípios:

  • O pai do outro é seu pai: o pai representava uma entidade de reverência. Por isso, cada criança, adolescente e jovem, poderia necessariamente respeitar esta figura de reverência comunitária. E, toda orientação dada por um adulto sobre a criança era de alta consideração, servindo de via para o desenvolvimento e inserção activa das novas gerações no seu meio ambiente comunitário.  

Este princípio consistia em mostrar na criança que o papel do pai era ilimitado. Pois, este papel do pai, começaria em casa, servindo de modelo de vida para as gerações mais vindouras. Neste âmbito, as novas gerações teriam o adulto como referência social.

  • A mãe do outro é sua mãe: A mão tinha que ser boa em casa até, a fim de servir de exemplo para as novas gerações. Como mãe, na comunidade tinha que passar uma imagem que preserve a dignidade e respeito a mulher. Assim, a dignidade e respeito da mulher partiria da mais tenra idade, transcendendo até a idade adulta.
  • O filho do outro é seu filho: as novas gerações tinham que ser orientadas sem diferenças e ambiguidades tribalistas. Pois, acreditava-se que o erro na educação de uma criança não dificultaria somente os seus pais biológicos, mas, sim serviria de vergonha para a comunidade. Assim, toda criança, quanto a sua educação e orientação para vida, deveria receber um tratamento de igual para igual. Isto, é, recebendo uma educação orientada sob base de valores, tais, como: paz, amor e justiça.

Para educar as novas gerações, a palavra amor era cheia de apreensões, incluindo dentro da palavra “amor” conteúdos de referência tais como: mor a vida, amor a cultura, amor ao próximo, amor a comunidade, amor ao trabalho, etc.

  • O bem do outro é seu bem: os bens matérias adquiridos de forma individual, só, tinham valor pelo seu comunitário. Todo bem obtido de forma pessoal, teria valor, através do seu interesse social. Por isso, toda coisa encontrada de forma abandonada, era recolhida, respeitada e apresentada a entidade superior da comunidade que por sua vez, apresentara a todos membros da comunidade, a fim de encontrar o responsável da coisa.
    1. O papel dos pais na educação das novas gerações 

O papel dos pais na educação das novas gerações, facilitou toda acção de formação e integração das novas gerações a vida activa da comunidade.

Os pais exerciam o papel de extrema importância para vida da criança. Pois, a tarefa educativa decorria começava no ambiente familiar onde os próprios pais, tinham o dever de orientar a educação dos seus próprios filhos.

Os pais deveriam acompanhar gradualmente o desenvolvimento dos seus filhos, orientado a educação em valor. Aos pais, o rigor e a punição eram necessários para garantir a solidez nos valores, insubstituíveis tais como: o amor ao próximo, justiça, respeito a vida e honra aos mortos.

Assim, antes da chegada dos portugueses em a Angola, os pais foram os principais e melhores professoras que as crianças tinham. E, os membros da família alargada e comunidade em geral, constituíam os eminentes professores da criança, servindo de modelo de orientação cultural e dos ritos de iniciação.

Com os pais, a criança aprendia as técnicas de trabalho em comunidade, operacionalizando neste contexto, o método de trabalho comunitário por meio da imitação. Por meio da imitação as crianças aprendiam a viver em comunidade, colocando o respeito e a obediência acima de tudo.

 

 

  1. O papel da comunidade na educação das novas gerações 

A comunidade colaborava com os pais, quanto a educação, das novas gerações. É, a comunidade que reunia as novas gerações, chamando-as a respeitar toda entidade social, sobretudo os adultos da comunidade.

Assim, a tarefa de educar as novas gerações não seria um acto unicamente dirigida aos pais. Pois, caberia a comunidade ajudar a criança a aprender a viver em comunidade, desempenhando funções próprias para beneficiar a comunidade. Isto, implicaria ajudar o novo homem a colocar-se ao serviço da humanidade.

A comunidade tinha uma tarefa orientar, regular e inibir as tendências das jovens gerações.

  • Orientar: todo homem adulto, independentemente das suas tarefas na comunidade e seu grau parentesco com a criança, adolescente ou jovens, deveria dar orientação, mostrando o seu testemunho a juventude através das boas maneiras e formas de viver em sociedade.
  • Regular: foi tarefa dos adultos a criar nas novas gerações atitudes mais equilibradas, evitando excessos na tomada de decisões. Por meio da função reguladora, o homem adulto, ensinava as novas gerações a gerirem as suas emoções e sentimentos. 

Assim, a ilusão, ambições desmedidas, ódio e vinganças eram devidamente regulados. A prática de concórdia, reconhecimento dos erros e pedidos de desculpas eram inclusos no diálogo entre o adulto e as novas gerações.

Neste âmbito, era proibido um homem adulto ver uma criança, adolescente ou seja jovem, cometendo erro e deixa-lo andar, sem dizer nada.

  1. A divisão de tarefas educativas

Antes da chegada dos portugueses em Angola, as práticas educativas ocorriam no meio familiar, através da participação dos filhos nas tarefas familiares.

Neste âmbito, a divisão de tarefas no ambiente familiar, servia de uma técnica importante para facilitar as acções educativas nas comunidades.

Assim, a participação de cada criança nas tarefas do grupo familiar, era ditada por meio do sexo, onde os rapazes aprendiam a trabalhar com os seus pais e as raparigas, participavam no trabalho com as suas mães.

  • Educação dos rapazes 

A educação dos rapazes ocorreria no trabalho com os seus pais. Por isso, os rapazes participavam activamente no trabalho, aprendendo artes e ofícios dos seus progenitores.

Os rapazes aprendiam dos seus pais as técnicas de trabalho em comunidade, tais como: a caça, recolecção de frutas, tratamento de animais e as práticas de construção habitacional de forma artesanal.

Para além das técnicas de trabalho em comunidade, os rapazes aprendiam as boas maneiras para tornar-se bom pai e óptimo membro da família.

De facto, os rapazes, não poderiam ser inseridos na vida adulta e comunitária, sem antes aprenderem a serem responsáveis das suas próprias vidas e das vidas dos outros, tais como: a vida da esposa e dos filhos.

Os rapazes tinham que aprender as normas e regras de formar uma família. Nesse caso, todo jovem, antes de unir-se a uma mulher tinha que saber a origem familiar da sua futura esposa. E, desta maneira, evitariam dissabores familiares.

Os jovens deveriam ter conhecimento da tribo ou clã, sob qual pertencem. Pois, existem famílias que não podem cruzar. E, um cruzamento, imposto entre as famílias geraria azar e crise familiar.

Azar e as crises familiares, surgiriam uma vez que os jovens unissem as suas intenções de casamento sem o pleno conhecimento das famílias. Assim, surgia no seio das jovens famílias, as infertilidades, mortes materno-infantis, e outros problemas que eram tidos de praga inter-familiar.

O rapaz tinha que participar na resolução dos problemas dos outros. Só, desta maneira, aprenderia a resolver os seus próprios problemas e representar a sua família de forma digna. Por isso, um rapaz tinha que saber falar consigo mesmo e a comunidade.

O saber falar, significaria, saber exprimir o seu pensamento, usando a retórica tradicional. Neste caso, o jovem tinha que conhecer a sua cultura, aprender a falar a sua língua materna/dialecto, entender e interpretar os provérbios.

  • A maturidade do rapaz

A maturidade do rapaz, não poderia ser concretizada pelo tom de voz, barba, altura ou qualquer uma das simples manifestações biológica e fisiológica.

Assim, um rapaz só poderia ser maturo, uma vez que pudesse demonstrar diante da comunidade que tem capacidades para resolver problemas. E, fazer crer as pessoas adultas que aprendeu as normas da vida em comunidade. Isto, é, saber fazer o bem e evitar o mal.

Um rapaz maturo, não poderia ser covarde, intriguista, violento, preguiçoso, ambicioso, odioso, gatuno e fofoqueiro. Pois, estes traços de carácter não são óbvias de construir uma comunidade e uma sociedade sã.

Por isso, um jovem maturo, tinha que revelar-se através das suas capacidades criativas, humildade, respeito, tranquilidade, humor, honestidade, habilidade e honra. Essas qualidades eram aprendidas e desenvolvidas na família através do trabalho.

Assim, cada rapaz tinha que ser altamente educado, qualificado e moralizado, a fim de ser o último e melhor professor da sua futura esposa.

  • Educação das raparigas

As raparigas adquiriam a sua educação através da mãe e das tias.

Juntas da mãe e das tias, a rapariga aprendera ser mulher diante do seu esposo, mãe dos filhos e exemplo da comunidade.

As raparigas aprendiam as regras de trabalho, tais como: tecelagem, cozinhar alimentos, acolher família e amigos; saber servir o esposo.

Os cuidados maternos eram aprendidos no seio da família através da mãe e das tias. Por isso, a rapariga tinha que aprender a partir delas, os cuidados, antes e pois parto.

As raparigas tinham que aprender a ter parto mesmo sozinhas. Assim, toda rapariga, deveria aprender a perceber-se das dores do parto, ter o bebe, saber cortar o embico da criança e dar banho ao bebe recém-nascido.

Uma das medidas muito importante para a educação das raparigas, consistia em saber as plantas, folhas e raízes que serviriam de medicamentos para contrapor algumas endemias. Como não bastasse, conhecer as plantas, folhas e raízes, as raparigas tinham que aprender a preparar a mesma medicação e utiliza-la no momento certo.

  • Maturidade educativa feminina

A maturidade da educação feminina, era observada a partir da casa dos seus próprios famílias.

A partir de casa, a rapariga tinha que saber organização devidamente a casa e saber criar harmonia na família.

Entre outras tarefas que definiriam a maturidade da rapariga, cita-se a maneira voluntaria de participar nas actividades diárias de casa, tais como: cozinhar, cuidar da higiene dos seus irmãos, fazer comida e servir bem a família na ausência da mãe.

O modo de falar e olhar, exprimiam a maturidade da jovem mulher. Apesar destas manifestações, as famílias, acreditavam que o fim último da educação da mulher, poderia ser na casa do seu marido.

Por isso, a educação adquirida no seio da família através da mãe, e das tias, não seria suficiente para definir uma mulher matura. Neste caso, cada mulher deveria preparar-se para receber a sua última educação na casa do seu futuro esposo.

  1. Metodologia

Utilizou-se neste trabalho a metodologia qualitativa, concretizada através da técnica bibliográfica que consistiu em colectar um conjunto de informações e dados científicos que permitiram descrever o carácter e os objectivos da educação em Angola antes da colonização.

Assim, procedeu-se a colecta de dados que posteriormente, foram devidamente analisados e discutidos com os outros autores, expressos nesta obra.

A metodologia aplicada neste estudo, permitiu perceber o carácter da educação em Angola antes da chegada dos portugueses neste território africano que era rico na tradição e culturalmente estável.

Através da metodologia aplicada, foi possível identificar um conjunto de obras, que serviram de base literária para a caracterização da educação, trazenso deste modo um conjunto de informações que serviram de base de apoio aos estudos pedagógicos e didácticos. E, de igual modo, poderão ajudar na elaboração de vários projectos educativos que de algum modo, poderão contribuir para a optimização do processo de ensino e aprendizagem.

  1. Resultados da pesquisa

Os resultados desta pesquisa, mostram que antes da chegada dos português, a educação em Angola tinha um carácter natural, puro e conservador, cujo objectivos consistiam em dar as novas gerações uma educação virada para a continuidade da realidade histórica e sociocultural, garantindo uma rápida inclusão social da juventude na vida activa das comunidades.

  1. Analise e discussão dos resultados

A pós a colecta de todos os dados, descreveu-se os objectivos e carácter da educação na era antes da colonização em Angola.

Os resultados da pesquisa aludem que a educação em Angola antes da chegada dos portugueses tinha um carácter natural, puro e conservador. E, tinha por objectivo de ajudar os jovens a serem inseridos na vida activa da comunidade, servindo de suporte e segurança para as gerações adultas e as subsequentes.

A educação desta época apresentara estes caracteres por motivos obviamente obséquios de garantir uma óptima passagem de valores de geração em geração.

Assim, através do carácter natural, puro e conservador a população angolana, tornava-se cada vez mais idêntica si mesma e inconfundíveis perante as nações e o mundo.

E, a convicção nos objectivos da educação em Angola antes da chegada dos portugueses e a coerência no carácter educativo, fazia do povo angolano uma nação de valores indissolúveis ao bem-estar da pessoa humana. E, tendo construído deste modo, uma Angola sem dependência e intervenção de outros povos para a solução de problemas quer de índole social, político e económico.

Nesta óptica, a soberania, garantia na satisfação das necessidades básicas, secundárias e colectivas, eram internamente asseguradas. Pois, o homem angolano, sabia aproveitar todas as propriedades da natureza e colocava-as em benefício do próprio homem.

A prática da justiça era expressa por entre linhas da política de um determinado governo. Mas, era orientado e assimilados pela juventude de forma pura. Por isso, a educação em Angola antes da chegada dos portugueses, era tido como pedra angular para o desenvolvimento social e meio para garantia da soberania nacional, onde o amor, a justiça, paz e segurança construiriam uma Angola cada vez mais progressiva e implacável ao desenvolvimento económico, proporcionando felicidade na pessoa humana, partindo da sua própria família.

  1. Conclusões
  • Antes da chegada dos portugueses, a educação em Angola tinha um carácter natural, puro e conservador.
  • Os objectivos da educação consistiam preparar as novas gerações, a fim de servirem o interesse nacional, garantindo na juventude a sua rápida inserção a vida activa da sociedade.
  • Apresentava coerência, consistência e fidelidade em termos de valores tais como: amor, justiça, paz e segurança.
  • Havia nesta educação hierarquia de valores e poderes: rei e as famílias.
  1. Sugestões 
  • Que os gestores e autores da educação em Angola, possam garantir a preservação do carácter natural, puro e conservador da educação.
  • Que a educação actual possa ser digna e fiel na preparação das novas gerações, a fim de estas servirem de garante para o desenvolvimento nacional.
  • Que a coerência, fidelidade e consistência em termos de transmissão de valores inerentes ao amor, justiça, paz e segurança, sejam empregues para a formação da juventude na era actual.
  • Que haja no processo educativo respeito entre os poderes em Angola.

Bibliografia

Bettencourt, M. (2000). História de Angola: Seus achados e suas armadilhas.

Libâneo, J. C. (2013). Didática (2 ª Edição ed.). São Paulo, São Paulo, Brasil: Cortez.

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