CAPITALISMO OU EGOÍSMO?

Reflexões sobre o Estado Paralelo

Por Robinson A. Miolo

Ciências Humanas e Sociais, Fanor

11/03/2009

Nas últimas semanas tenho refletido sobre o Estado Paralelo que existe atualmente, instigado pela cadeira de Ciências Humanas e Sociais que estou cursando. Qualquer reflexão sobre o assunto deve compreender a organização da sociedade. Pensando durante poucos segundos, vemos que existe um profundo abismo que separa os que têm, dos que querem ter, os que são, dos querem ser, os que podem, dos que querem poder. Neste cenário repleto de desigualdades, deveríamos procurar buscar sempre o equilíbrio através dos direitos fundamentais, previstos na Constituição, uma vez que o aparato institucional fundamenta-se na igualdade. Daí a balança, símbolo da justiça, aparecer em equilíbrio, só que tal equilíbrio já não existe há muito tempo. Parece-me que ela fora deixada de lado e a senhora do direito tomou para si somente a espada, andando, agora, de olhos bem abertos.

Após assistir ao documentário que deu origem ao famigerado Tropa de Elite, saí com uma única idéia fixa: o filme se manifestava, para mim, como o "fracasso do capitalismo". Que recursos tem essas pessoas que nascem em favelas como as do Rio de Janeiro para crescer na vida? Como fazer para ascender a esta sociedade "cheia de prazeres e deleites"? É natural, penso eu, que um ser humano não se conforme com migalhas enquanto o outro usufrui da polpa. Criam-se, portanto, meios ilícitos que lhes permitam ter uma vida mais "digna". Como consequência surge um novo estado, com suas próprias regras e leis, inconstitucionais, do qual participam todos aqueles que estão inseridos no meio, mesmo que contra a vontade. Prevalece a soberania da força bruta.

A sociedade exige o sucesso e a ascensão de seus membros, mas não oferece oportunidades, levando muitas pessoas a buscarem isso de forma ilegal. Eles são os segregados da nossa sociedade.

Porém, continuei a reflexão no final de semana e em alguns momentos de ócio e, ao analisar alguns fatos, me pareceu claro que a "culpa" não é unicamente do capitalismo. Consideremos países capitalistas como Dinamarca, Japão, Suécia, Noruega e diversos outros onde as taxas de criminalidade são baixíssimas, esses países estão também entre as mais justas distribuições da renda, e quase sempre está associada a um alto índice de desenvolvimento humano (IDH). Vejo, assim, que "culpar" o capitalismo não justifica as grandes diferenças que existem entre os países capitalistas.

São as pessoas que tomam para si o poder, seja o poder do Estado seja o poder do dinheiro, ajustam as regras às conveniências e constroem o seu mundo egoisticamente sob as costas daqueles que não podem. Somando isso à cultura de gerações, tem-se uma nação desequilibrada e injusta, na qual o Brasil é só um exemplo.

Ainda vejo o capitalismo como o grande aliciador das desigualdades sociais, mas o problema primeiro, para mim, não está no capitalismo, mas no indivíduo, que joga a balança e ergue a espada. Devemos retirar do papel a igualdade formal, para termos um equilíbrio verdadeiro. O grande desafio é buscar os caminhos que garantam a justiça aos que querem ser, ter e poder.