TALES AMORIM ARAÚJO REIS

Prof.ª Dra. Jedida Melo

Introdução

O câncer representa um problema de saúde pública real em qualquer país do mundo que se possam avaliar indicadores e epidemiologia, independente de figurar entre os primeiros lugares dos rankings de IDH e PIB ou se posicionar na retaguarda infame de tais classificações. Não apenas pelo custo financeiro de diagnóstico, tratamento e reabilitação adicionado aos cofres públicos e não estatais, mas, também, por todo universo de estigmas, conflitos psicológicos pessoais, familiares e da sociedade próxima, com consequências laborais, afetivas e da vida comum, enfrentados por todos os agentes envolvidos, muitas vezes, intitulado de custo social.

Cada localidade possui uma epidemiologia própria, com subtipos diferentes de câncer por faixa etária e sexo. No Brasil, a neoplasia mais comum nas mulheres, excluindo-se o câncer de pele não melanoma, é o de mama, exceto na região Norte, onde é suplantado pelo de colo de útero.

Desenvolvimento

Ao se criar política pública, estratégia de fomento ou fonte de custeio para o enfrentamento do grave problema representado pelo câncer de mama, pouca ou insatisfatória atenção se dá a todo um universo de mudanças causadas por ele, desde a suspeita clínica, passando pela confirmação histopatológica, início de tratamento e finalizando no êxito, representado pela cura, ou na morte, evento que interroga se falhas nesta cadeia de eventos não aconteceram.

Angústia, agressividade, medo, depressão, entrega, adiamento ou desistência de sonhos e projetos, culpa: nada disso pode ser quantificado. Dias ausentes de trabalho, sim. Queda da produtividade, talvez. Desilusão consigo e com a vida, nunca.

Verbas para exames de prevenção existem. Insuficientes. Para tratamento também. Gigantescas, ainda sem abarcar a necessidade crescente. Para reabilitação e reinserção social,

desconhecidas, hipodimensionadas e, com grande probabilidade, descabidas do valor de atenção necessário que deveria existir.

Além disto, políticas de saúde para tal realidade carecem de estatísticas regionais atuais e confiáveis, reflexo de um sistema de saúde que pouco diagnostica, menos ainda trata e quase nunca notifica.

Conclusão

Mesmo com todo o avanço de conhecimento em microbiologia, genética e de terapêuticas, permitindo curas antes impensáveis, todo o universo psicossocial que rodeia a doença física do câncer de mama ainda permanece sem a atenção necessária por parte de nossos gestores em saúde pública.

Negligenciar esse enfoque é trazer para si custos que, dificilmente, podem ser contabilizados e provisionados e, ainda mais grave, permitir que o paciente acometido carregue em si sofrimentos tão graves quanto os físicos e que desestabilizam não somente a ele, mas a todos os próximos e que deveriam servir de pilar de segurança, porto seguro ou mola propulsora no duro caminho em busca da cura.

Referências Bibliográficas

SCHLEMMER, JB, CASTILHOS, LV. DE LIMA, SBS. Políticas públicas e a atuação dos gestores frente ao câncer de mama e do colo uterino. Santa Maria: Editora própria. 2016

Instituto Oncoguia - Custo social do câncer de mama é subestimado. Disponível em < http://www.oncoguia.org.br/conteudo/custo-social-do-cancer-de-mama-e-subestimado/9909/7/ > Acessado em 17/08/2018.