Caminhando
Publicado em 10 de março de 2012 por GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
CAMINHANDO
Belo Horizonte, 05-12-1977
Como um deus desprestigiado
Ele caminhava triste,
Sem deixar atrás de si
As marcas de suas pegadas,
Para que ninguém o seguisse.
Sempre ventava atrás de si,
Para apagar seu sofrimento
Sem deixar uma pista sequer,
Para que ninguém o seguisse.
Caminhava desgraçado e pobre,
Desgraçado da vida,
Pobre de amor.
Até o sol recusava-se a aquecê-lo.
Com os olhos em prantos
Caminhava invisível,
Sentia-se insensível,
Ninguém lhe enxergava,
Nem os mil olhos do céu.
Caminhava descalço,
Caminhava sem objetivo,
Pisava em pedras de ponta;
Já não mais sentia dor.
Ele amava a todos
Mas ninguém entendia de amor.
E por isso ele foi embora,
E por isso ele caminhava,
Para que ninguém o seguisse.
Caminhava sozinho,
Ele mesmo se guiava
Para um objetivo sem objeto,
Para um mundo
Fantástico e desconhecido.
Chorava sem saber a razão,
Não sabia por que chorava,
Não sabia por que caminhava,
Apenas caminhava chorando.
Suas lágrimas molhavam o caminho
E inundava seus pés.
Caminhava sempre,
Sem parar,
Sempre.
Apenas caminhava,
Para que ninguém o seguisse.