CAINDO LIXO DO CÉU (é o seu?)

(Autor: Antonio Brás Constante)

Há alguns dias atrás, li que havia caído um objeto não identificado em Goiás. Alguns poderão achar que tal artefato foi jogado por uma nave de extraterrestres (homenzinhos esquisitões, que vivem a dezenas de bilhões de anos luz de nosso chão), como quem joga papel de bala pela janela do carro. Ou será que eles finalmente perceberam algo que ainda não percebemos? Ou seja, de que não nos importamos de viver no meio (ambiente) de toneladas de lixo.

Se isto aconteceu, podemos presumir que eles resolveram fazer como qualquer País de primeiro mundo, e começaram a jogar suas inutilidades por aqui, neste nosso subdesenvolvido planetinha imundo. Provavelmente devem ter se guiado pela mesma lógica de quem cria porcos em chiqueiros, cheios de lama, traduzida na frase: "se os porcos gostam de lama, dêem lama aos porcos". Algo que também se aplicaria ao modo de agir do ser humano. Se olharmos para quantidade de lixo que jogamos em nossos rios, nas areias do mar, nas matas, dentro de nossos pulmões, ou do lixo que comemos, de tudo que deixamos de reciclar por preguiça, ou para aumentar lucros mesquinhos. A conclusão lógica de qualquer ser verde-esmeralda de duas cabeças e dezoito olhos é de que gostamos de lixo.

Crescemos e nos multiplicamos tal qual bactérias em uma profecia. Somos rios de sangue presos em artérias, dançando em inúmeras veias por onde se bombeia a vida. Um contraste triste, feito de 1% de riquezas contra 99% de miséria e pobreza. Mamíferos amestrados para serem seres civilizados, mas que agem como feias feras primitivas.

Pertencemos a uma ecologia que não praticamos. Alquimistas capazes de transformar rios em escrotos esgotos, dizendo que isso faz parte do progresso, que estão buscando apenas nosso conforto mais concreto. E assim somos iludidos a não nos vermos como fetos criados para ser um mero utensílio, usados e descartados em um mundo cada vez mais sujo e globalizado.

Somo bípedes, bestas vorazes, bebendo sonhos em taças forjadas nas fornalhas de mil pesadelos, produzindo vítimas fugazes dos frutos da criminalidade. E em meio a todas estas verdades, pisamos no lixo, um subproduto do luxo que dizem que precisamos. Mas também um produto direto de nossa mais avançada ignorância, sobre o que realmente somos nesta existência.

Enfim, o lixo já anda caindo do céu. Presente em forma de um arremedo de cavalo de tróia (sem o cavalo), de nós para nós mesmos. Ou talvez este artefato transformado em fato, seja um pequeno sinal vindo do desconhecido, avisando-nos de que estamos virando um gigantesco cesto de papel e detritos, controlado por mentes ocas que não enxergam este caminho sem volta que se abre nebuloso em toda sua glória louca.

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