BUSCA ATIVA: Uma ferramenta pedagógica essencial da escola para contornar a ausência do aluno (absenteísmo), à evasão escolar e reprovação escolar.

Texto produzido em março de 2023 e postado em junho de 2023 em Santa Maria do Uruará – Pará

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Introdução

O que entendemos hoje, como profissionais da educação que, devemos e temos inúmeros problemas e desafios que possam levar a uma aprendizagem falha nos ambientes escolares, assim como, por exemplo, o abandono escolar ou evasão escolar, deste ambiente pelos alunos em todos as faixas etárias, inclusive àqueles no final do Ensino Fundamental maior e Ensino Médio.

São inúmeros os fatores e processos intervenientes que levam estes indivíduos a desistirem de se processo educacional e consequentemente da bagagem educativa que os ambientes escolares poderiam lhes possibilitar. Entre estes diversos fatores, pode-se destacar; família desestruturada, falta de motivação própria, vícios, falta de interesse, condições socioeconômicas, distorção idade-série, distância ou condições geográficas, entre outros motivos.

Assim, pode-se dizer que, os motivos são de cunhos sociais, culturais, geográficos, econômicos, familiares, emocionais, comportamentais, cognitivos, psicológicos culturais, etc. Pois, como sabemos, cada indivíduo é um universos em si, assim com suas particularidades, gostos, sensibilidades, preferências e hábitos; o que podem levar a congregar com outros, facilitando a interação e socialização de um grupo maior; ou ainda divergindo, o que acaba por isola-lo cada vez mais em seu mundo, não permitindo-lhe uma integração e convivência mútua com seus pares, no espaço escolar.

Desta forma, especialistas em educação, profissionais da educação e outros profissionais se debruçam para entender melhor estas condições que impedem que os alunos se detenham nos espaços escolares, com isto fomentando e introjetando uma aprendizagem que lhes dê retorno a longo prazo.

Entre estes especialistas, estão, principalmente, pedagogos, professores, psicopedagogos, psicólogos e terapeutas, os quais estão atentos há algumas questões familiares e sociais, as quais ficaram mais expressivas e contundentes, inclusive pós período pandêmico, porém, que já eram observadas e levadas em consideração como fatores que implicavam serem dificuldades ou distúrbios de aprendizagem aos alunos.

Este aprofundamento, pode ser observado em relação aos dois anos em que as escolas e educandários ficaram paralisados em suas atividades educativas, quando estes dois anos, possivelmente produziram na aprendizagem um reflexo de 10 anos de prejuízos na vida do aluno, visto que a maioria não teve se quer o mínimo contato com professores, orientações didáticas, contato com outros colegas, com o espaço escolar e afins nestes dois anos. O que fez com que houvesse um aprofundamento das relações entre escola e aluno, escola e família de aluno, e aluno e os profissionais de educação, no caso específico, entre professores/pedagogos e discentes.

Como se sabe, e é notório, o aprendizado, inclusive nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil se dar quase que exclusivamente pelo aspecto emocional, inclusive entre dois atores, o professor e o aluno. Quando a socialização, a inter-relação pessoal, a empatia por exemplo, entre estes segmentos são fundamentais para que, a segurança de um aprender eficaz seja possível; assim como, poderá assegurar e dar confiança ao aluno em este saber que ele não se encontra sozinho no processo, mas que ele tem um guia, um mediador ou um facilitador da sua aprendizagem.

Portanto, para acalmar os ânimos negativos quanto à aprendizagem, escolas e outros espaços escolares, passaram a desenvolver formas e estratégias ou mesmo ações educativas que pudessem manter e permitir que os alunos ou educandos não abandonasse sua estada no processo educativo, ou se ausentassem ou mesmo eliminasse a reprovação destes.

E, uma das estratégias, foi a chamada busca ativa, uma ferramenta que não só envolve a escola, mais um conjunto de atores, os quais com sua maneira de atuação e percepção quanto a necessidade da educação, se juntasse e organizassem uma visita aos espaços familiares dos alunos.

O que é a busca ativa?

A Busca ativa, segundo um entendimento pedagógico, é uma ferramenta não meramente esporádica, mas atuante, significativa e essencial a todas as unidades escolares, as quais não se preocupam apenas com as questões dos alunos dentro do espaço escolar, porém procura identificar, socializar e encontrar soluções coerentes junto o espaço extra-escola, isto é, o familiar do aluno, onde podem emergir as causas que o levam a este absenteísmo, fuga, ou relutância em frequentar assiduamente às aulas, o que podem lhe trazer grandes prejuízos ao seu aprendizado, e, consequentemente, no caso de reprovação ou desistência, à própria unidade escolar.

Assim, como se observa, os prejuízos não são pontuais, mas são muito mais profundos do que se imagina, pois implica também, em alguns prejuízos à família, a escola e a sociedade. Pois, à família, é notada quando da frequência do aluno ser negativa, poderá implicar no recebimento de benefícios que a família é contemplada pelas esferas administrativas; já quanto a escola, esta ausência ou mesmo a desistência ou abandono do aluno, implica na diminuição dos Índices de aprovação da escola, ou ainda no recebimento dos recursos destinados via Governo federal à estas unidades. Já quanto à sociedade, o prejuízo, e mais de uma mão-de-obra desqualificada, sem um aprendizado notório e eficiente, assim como uma população constituída de um analfabetismo funcional crônico.

Um dos indicadores, mais prejudicados por estes três aspectos: ausência do aluno, desistência e reprovação, está o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, realizada pelo Governo Federal via MEC, com responsabilidade de execução do INEP, o qual de 2 em 2 anos faz a verificação de progresso e desenvolvimento dos alunos da Educação Básica, isto é do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, quando as escolas no ano da divulgação dos resultados, já recebem uma meta a ser alcançada nos próximos 2 anos posteriores da realização da prova.

No que tange, a escola Municipal de Ensino Fundamental Ezilda Aragão Brasil, localizada na sede do Distrito de Santa Maria do Uruará, no município de Prainha, Estado do Pará, desde muito tempo este processo vem ocorrendo, quando em 2013, no curso de pós-graduação em Gestão Escola pela Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, a seguinte proposta apresentada pelo acadêmico e professor da referida escola, Sydney Pinto dos Santos, como tema: Visitação Pedagógica: “Compartilhando com a Família o Processo Educativo”.

Esta foi uma proposta, em que somente eram atendidos os alunos do Ensino Fundamental Menor, àqueles que apresentavam profundas dificuldades de aprendizagem, inclusive nos quesitos de leitura, escrita e cálculos.

Segundo Santos (2014), esta proposta de intervenção, não atendia:

particularmente a família, mas ao aluno que apresenta dificuldades de aprendizado dentro do espaço escolar, onde professores dos anos iniciais se dirigiriam ao ambiente familiar, para primeiro, conviver e conhecer este ambiente do aluno; segundo, possibilitar interagir com estes alunos, tendo em vista estarem (eles) em um ambiente de convívio e já familiarizado.

Este foi um dos primeiros passos dados pela unidade escola, de forma organizada, assim como “credenciada” por um estudo acadêmico, porém com outro nome, em vez de Busca Ativa, denominou-se “Visitação Pedagógica”. Porém, se há relatos de que mesmo antes de ser implementado este projeto, alguns professores já faziam esta “busca ativa” de forma esporádica e sem uma ligação com a unidade escolar, mas junto àqueles alunos “faltosos” ou que porventura adoeciam e acabavam por permanecer mais tempo do que o esperado na recuperação.

A Busca Ativa nas diretrizes da escola e no PPP:

De acordo com Santos (2014), quanto a necessidade de se envolver na busca ativa, ele declara que a mesma:

Contribuirá para alertar pais e responsáveis de alunos de seu compromisso e deveres que os mesmos têm com a educação e o aprendizado de seus filhos. (...) que a escola além de contribuir diretamente com o ensino, professores se sintam motivados a participarem dos desafios existentes na comunidade escolar; facilitando e promovendo a educação dos discentes que porventura apresentam dificuldades de aprendizado.

Logo, quanto ao exposto acima, percebe-se que, não apenas os segmentos de dentro espaço escolar tem responsabilidade e obrigação com o aprendizado e manutenção destes alunos no ambiente, porém, os pais devem contribuir, de acordo com suas possibilidades para que assim haja uma integração mais assídua do que a família espera da escola, e a escola espera que os seus atores, inclusive, os alunos possam possibilitar de resultados positivos à própria escola e a sociedade como um todo.

Segundo Santos (2022), quanto as iniciativas e ações da Equipe pedagógica da Escola Municipal Ezilda Aragão Brasil, logo período pandêmico, destacou a necessidade de se: “fazer busca ativa nas famílias próximas à escola ou “bairros” da comunidade para identificar se há possíveis alunos com deficiências e que podem ingressar na matrícula anual da escola”.

De acordo com o PPP da Escola Ezilda Aragão Brasil (2023, p. 49), esclarece que, se deve: “promover a busca ativa de crianças e adolescentes fora da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, adolescência e juventude”; o que muitas vezes, servem apenas, nestes casos para o que conhecemos atender as necessidades dos órgãos que de certa forma fiscaliza o recebimento de recursos da esfera federal, especialmente, e que os filhos destas famílias, em caso de ausência, acabam por prejudicar em algumas situações o “recebimento”.

Logo, se entende, que esta ação acaba por ajudar a família, quando as mesmas não conseguem perceber que um dos quesitos exigidos ao recebimento destes valores, via transferência de renda, está atrelada e em consonância à frequência do aluno na escola.

Ou seja, é uma busca ativa, mas direcionada a colaborar com a família e não diretamente com o educando. Quando, outros dois aspectos, sim, deverão ser levados em conta neste processo da busca, como: a reprovação escolar, e a desistência e/ou evasão escolar. Pois segundo o Ministério de Educação, (2017)

Deixar de frequentar as aulas durante o ano letivo caracteriza o abandono escolar. Já a situação em que o estudante, seja reprovado ou aprovado, não efetua a matrícula para dar continuidade aos estudos no ano seguinte é entendida como evasão escolar.

Então, são casos distintos, mas que precisam de uma atenção profunda e imediata da comunidade escolar, pois, diante da ação dos profissionais deste ambiente-espaço, é possível que os prejuízos oi impactos negativos a estes indivíduos sejam amenizados. Portanto, os segmentos, como escola, sociedade, e a família, devem estar convergentes em interagir e que, diante das situações, podem encontrar soluções plausíveis para amenizar os “sintomas” da evasão, da reprovação e do abandono escolar, especialmente em idade em que o agente escolar, no caso o aluno, esteja em efetivo desenvolvimento de outros aspectos, como os cognitivos, emocionais, comportamentais e atitudinais.

Tivemos entre os anos de 2019 e os ano de 2022, um evento que nos pegou de surpresa no que tange ao processo educacional, e isto exigiu muito mais do que um estado de alerta aos educandários, e que propôs a estes uma ressignificação quanto aos métodos e estratégias que poderiam ser utilizadas naquele espaço de tempo, no sentido de que os alunos não pudessem perder este contato com o espaço escolar, e consequentemente, não desenvolvessem prejuízos profundos na sua aprendizagem. O que levou à elaboração de ações de intervenções no contexto escolar, e entre elas estava a Busca Ativa, como um instrumento necessário para que contornasse os efeitos negativos proposto por àquele momento.

E, em relação a este contexto, Santos (2023, p. 18), destacou que:

esta busca ativa, preocupa-se com a participação do aluno na execução e participação direta das atividades, interagindo continuamente com o processo ensino – aprendizagem neste contexto atual, onde a pandemia acabou por afastar os alunos das aulas presenciais nas escolas.

 

Foi um período extremamente preocupante e ao mesmo tempo constituído de incertezas e duvidosos; já que, em primeiro lugar, alunos se distanciaram dos ambientes escolares, para lugares mais distantes e ermos, pois, os pais entendiam que precisam se proteger e proteger seus filhos. Por outro lado, professores e profissionais da educação, sem nenhum treinamento ou orientação, foram pegos de surpresa, quando não sabiam como agir. Inclusive, muitos jamais tinham se comunicado com alunos vias meios midiáticos ou utilizando as ferramentas digitais para desenvolver as suas práticas pedagógicas. O que fez crescer um certo desconforto e incômodo, pois muitos deles sabiam que uma grande parte de seus alunos, inclusive os maiores, tinha estas habilidades no domínio e uso das Tecnologias de Comunicação e Informações.

Porém, as escolas e os profissionais da educação, em um esforço, conseguiram depois agregar alguns recursos e possibilitar algum “contato” com a maioria dos alunos, pelos meios que hoje possibilitam esta “socialização” entre as pessoas, via internet. Só que, em razão da dispersão destes atores, muitos acabaram por não receber as informações e orientações pedagógicas no espaço de tempo que a escola, em especial a citada no estudo, começou a se mobilizar com a entrega das “atividades remotas”.

No entanto, esta entrega de “atividades remotas” não seguiam um direcionamento prático, que no meu entender, acabou mais por atrapalhar, do que em colaborar com o aluno, visto as seguintes razões:

1 – alunos não eram orientados e informados adequadamente ou mesmo havia a inexistência disto, o que acabava por ser uma atividade aleatória, sem grande resultados;

2 – o espaço da entrega das atividades eram longos, chegando a meio mês letivo, ou de 15 em 15 dias, ou até mais, o que provocava em síntese, um relaxamento quanto ao aprendizado;

3 -  Acabou-se descobrindo que em muitos casos, que eram pais, irmãos mais velhos ou outro agente que acabam por executar a atividade entregue à família;

4 – muitos pais, saíram do espaço ou da área geográfica de localização da escola, o que impediu a entrega integral das atividades, e assim levando a não concluir o percentual exigido ao recebimento;

5 – Muitos pais e responsáveis de alunos, entenderam que esta ação, não possuía efeitos positivos na aprendizagem do aluno, o que possibilitava a desmotivação e o interesse em buscar estas atividades;

6 – pais de alunos e seus responsáveis, não foram preparados academicamente para executar a prática e a teoria didático-pedagógica; pois, muitos pais de alunos, inclusive na nossa região, são analfabetos ou tem dificuldades diversas em relação as habilidades e competências do aprendizado;

7 – por fim, cabe sim, e por obrigatoriedade e formação, o papel crucial aos professores de ensinar aos alunos, usando técnicas e métodos precisos e contundentes, os quais muitas vezes precisam passar por modificações profunda, e claro, em função da clientela estudantil, para que assim haja, realmente uma aprendizagem efetiva e eficaz.

Quem deve fazer a busca ativa?

A Busca Ativa, a qual deve ser entendida como um processo relevante e contínuo, além de necessário e fundamental para o desenvolvimento de ações e práticas pedagógicas, como a visita às famílias de alunos, no sentido de entender e compreender os diversos fatores, razões e claro, impedimentos que levam o aluno a deixar de frequentar o espaço escolar, e especial quando esta ausência acaba por ingressar a outros possíveis problemas, como a evasão escolar, ou mesmo levando o aluno à reprovação.

Assim, entende-se que todos os integrantes da escola ou da comunidade escolar, como profissionais que realmente se preocupam e agregam atribuições no processo educativo devem estar aptos para agir. Porém, cabe aos professores, muitas vezes este papel da busca ativa junto às famílias. Neste contexto, fundamenta-se a atribuição do pedagogo ou da equipe pedagógica da escola, visto que como agindo Orientador Educacional, o pedagogo terá um presença e flexibilidade muito maior no seu trabalho e consequentemente no contato com a família do aluno ou discente. Pois ele é um agente da educação:

que age e executa como orientador educacional; sendo ele um profissional que busca mediadas as ações entre os discentes, quanto ao seu universo educativo e familiar, e assim como também à família como corpo e segmento social que faz esta integração entre o social (sociedade) e a escola (instituição educativa).. (SANTOS, 2023, p. 05)

 

 

 

Fatos intervenientes que possibilitam a busca ativa dos alunos da Escola Ezilda Aragão Brasil:

A escola como uma instituição que leva a sério seu propósito de conduzir e implementar uma educação ou ensino a todos que estão na comunidade, inclusive àqueles em idade adequada, no que diz respeito, às várias séries/anos da Educação Básica, procura envolver, primeiro seus atores que compõem os diversos segmentos do educandário, assim como outros segmentos extra-escola, para que assim, possibilite que todos os indivíduos estejam ou frequentem a unidade escolar. Incluindo nisto, todas as programações, eventos e atividades escolares, estabelecidas durante o ano escolar ou letivo.

Tomando como base, a escola municipal de Ensino Fundamental Ezilda Aragão Brasil, localizada esta na sede do Distrito de Santa Maria do Uruará, município de Prainha, estado do Pará, este educandário, executa suas atividades diárias de acordo com um calendário pré- estabelecido e planejado no início de cada ano. Assim como, de acordo com as diretrizes anuais, como daquelas estratégias e ações destacadas no PPP – Projeto político Pedagógico; quando este último instrumento, e revisado e atualizado a cada dois anos. Permitindo com isto, adequar-se cada vez mais às diversas novidades e inclusões obrigatórias, como dos últimos anos, no caso à BNCC, o uso gradual das TICs, e assim como projeto que visam a melhoria da educação como um todo.

Desta forma, a unidade escolar, se permitiu elencar novidades, como agir dentro de uma exigência proposta pelas mudanças ocorridas dentro da educação no Brasil nos últimos tempos, inclusive no que diz respeito às propostas pós período pandêmico, o qual deixou um rastro de prejuízos incalculáveis aos alunos e, também aos professores. Podendo e tentando aos poucos, corrigir os resultados negativos.

Assim, no que tange ao voltar às aulas, depois de período pandêmico, tivemos que destacar grupos de alunos, que hoje estão “rondando” o espaço escolar, como se fossem indivíduos forçados a fazer alguma coisa contra sua vontade. Pois, no afastamento de dois anos puderam experimentar certas situações que os levaram ao comodismo, ao absenteísmo e outros aspectos não muito convencionais ao processo educacional. Como por exemplo, podemos citar:

1 – Experimentaram por um grande tempo em casa, o “sedentarismo” forçado; pois, nem para praças, clubes ou outros espaços podiam ir para que assim pudessem interagir com seus pares;

2 – Perceberam que as escolas eram “forçadas” a lhes darem condições mínimas ao aprendizado, quando estas, através de professores produziam materiais e entregavam aos seus pais. E, quando eram entregues, as atividades às escolas, não se tinha o cuidado de perceber se foram eles mesmos, os alunos, que executaram no espaço escolar;

3 – Sentiram que, estudar pouco, e poucos dias no mês ou mesmo não recebendo obrigatoriamente as atividades, ou se recebessem não tinha a obrigação de executadas com eficiência, dava também, a possibilidade de serem promovidos, com pouquíssimo ou nenhum esforço;

4 – A percepção dos pais e responsáveis dos alunos, de que eles não foram preparados “academicamente” para agirem como professores nos espaços familiares, levaram os alunos e mesmos estes pais, darem pouca importância para aquilo que a escola estava propondo via as tarefas extras-escolares ou “atividades remotas”.

5 – Pais e até mesmo, vendo-se na ausência da obrigatoriedade das atividades na escola, resolveram “fazer férias”, e assim afastando-se mais do propósito de utilizar os recursos midiáticos ou as plataformas digitais para que, pelo menos pudessem entrar em contato um com o outro, no sentido de se possibilitarem algum tipo de orientação;

6 – Estas férias acentuadas ou a longo prazo, permitiram o desenvolvimento de alguns aspectos e fatores que impediram que os atores educacionais, e neste âmbito, os familiares, ficassem mais atentos ao que o período de afastamento pudesse trazer de prejuízo à vida dos envolvidos.

Portanto, após este período, o retorno ao espaço, propriamente dito, isto é, à escola com toda a sua estrutura, ambiente e atividades, se tornaram um ambiente estranho e desinteressante; pois, o costume com o espaço familiar, e claro com os instrumentos midiáticos, fomentaram nos agentes uma nova forma de ver o processo de ensino e aprendizagem. Como, se não interessasse mais as orientações frente a frente, ou seja, entre professor e aluno; a socialização não fazia mais sentido, assim como as interações sociais, a cooperação, as “empatias” grupais; como também, quase que, os instrumentos de sala de aula, e o próprio professor ficassem em segundo plano ao aluno.

Assim, se observa um afastamento do discente quanto à busca pelo espaço escolar, como daqueles que integram o conjunto das turmas. Quando, penso eu que, fora um dos motivos para que o absenteísmo tomasse um grau mais profundo junto aos alunos, criado pela desmotivação e outros aspectos afins.

Desta forma, o absenteísmo, ganhando força, leva a ausência profunda, acarretando prejuízos na aprendizagem, nas relações e nas atividades escolares, o que pode provocar um conjunto de outros fatores negativos, como: o desinteresse pelas atividades escolares em executá-las; o afastamento cada vez não perceptível pelos responsáveis pelos alunos, surgimento de transtornos diversos como: depressão, ansiedade e outros alojados nos primeiros, como medo, insegurança, incertezas, afastamento da rotina, isolamento e solidão, como outros mais perniciosos, como o envolvimentos com drogas e afins.

Logo, além do absenteísmo, e seu aprofundamento, ganha-se contornos as médias baixíssimas, levando o discente com baixo rendimento, a reprovação, e em último estágio á desistência e evasão escolar. Tornando-se um aluno “trancado”, “cancelado” ou “desistente ou situação de abandono”.

Pois segundo o Portal Educatio (2022), descreve sobre estas diferenças estabelecidas aos alunos nestas situações, quando:

Aluno Trancado - É aquele que interrompeu o vínculo por tempo determinado, seja de forma parcial (algumas disciplinas ou componentes curriculares) ou integral (toda as disciplinas ou componentes curriculares), ficando suspensa a matrícula, conforme o disciplinado no Regimento da instituição.

Aluno Cancelado - É aquele que rompe o vínculo com a instituição de forma definitiva, naquele curso e com aquela via de ingresso, seja por solicitação dele próprio, seja por procedimentos internos conforme disciplinado no regimento ou norma interna amplamente divulgada. Aluno Desistente ou em Situação de Abandono - É aquele aluno que não renovou sua matrícula para o novo período letivo, não efetuou o trancamento e ou ainda, aquele que abandonou o curso, de acordo com o período definido no Regimento da instituição, podendo a mesma cancelar sua matrícula, se assim estiver disciplinado.

 

Então, é o momento de se agir, em função destes indivíduos, no sentido de tentar recuperá-los, interagindo com sabedoria, paciência, inteligência, amabilidade, empatia e muita eficácia no discurso. Pois, acabam por se tornarem indivíduos muito espertos, escorregadios e articuladores em defender sua tese quanto à situação ora destacada pela escola, seja pela ausência em demasia, ou reprovação ou e, principalmente pela desistência – abandono das atividades escolares.

Como os professores e pedagogos, por sua natureza e convivência, como também por formação acadêmica e instrucional (protocolos), assim como conhecer os atores que se embrenham nesta situação, ou mesmo por conviverem em outros espaços dentro da comunidade, acredita-se, são os agentes mais adequados e mais convenientes para tratar ou aplicar a Busca Ativa a estes indivíduos em seus espaços de convivência. Com objetivo específico de convencê-los e assegurar a permanência destes no espaço escolar, e consequentemente nas atividades escolares.

 

EJA – Um caso complexo para a Busca Ativa:

No meio escolar, no que tange, à matrícula de alunos, existe um grupo de indivíduos específico com suas particularidades, os quais a tendência em 75% ou mais dos integrantes, estão sujeitos ou propensos a esta situação, inclusive de abandono e evasão escolar.

Pois, algumas características levam muitos deles, que participam da Educação de Jovens e Adultos – EJA, inclusive quando esta modalidade funciona no turno noturno, a desistirem das atividades escolares. Ou simplesmente fazem suas matrículas no período da mesma, mas nunca comparecem ao espaço escolar. Já que, estes alunos são caracterizados por alguns aspectos intervenientes em suas vidas sociais.

1 – São pessoas mais idosas, ou quando não, estiveram por muito tempo fora do espaço escolar, o que os impede de terem já uma coordenação ou uma ação mais atuante nas atividades escolares.

2 – Possuem, no espaço diurno, suas atividades laborais, o que acabam por implicar um cansaço, e assim, não participarem assiduamente. Isto é, estarem presentes todos os dias letivos na escola;

3- Quando mulheres, procuram este horário e esta modalidade de ensino, porque pela parte do dia cuidam dos filhos, ou tem suas atividades laborais ou ainda estão sujeitas a cuidar do esposo. Visto que, também, o cansaço as impedem de ter um acesso constante e contínuo. Muita força de vontade, fazem com que algumas delas consigam concluir esta fase.

4 – Os mais jovens, ou àqueles que estão em idade para frequentar esta modalidade, muitas vezes possuem outros interesses e vontades, inclusive quando se trata do turno noturno. Quando veem a oportunidade de se sair da vigilância dos seus responsáveis, e vagueiam por outros espaços não convencionais em detrimento do espaço escolar.

5 – a mistura de várias idades, acabam por provocar desconfiança um no outro, e assim cria um clima de inoperância, pois os mais velhos se sentem excluídos das atividades, e os mais novos se acham no direito de expressar as suas “habilidades” não tão honrosas, o que leva a um conflito cultural, de idade e de opiniões.

Assim, os fatores, destacados e abordados acima, acabam por fornecer combustível suficiente para que haja dentro desta clientela, conceitos, pré-julgamentos, e ainda restrições de socialização e interação, fomentando o desinteresse e a pouca vontade de continuar nas atividades escolares, inclusive dos mais velhos.

Logo, é uma população de estudantes que, são muito melindrosos e delicados, quanto ao quesito do que se propõe na Busca Ativa, que é o convencimento e retorno a participarem novamente das atividades e interações socioeducativas propostas pela escola na Educação de Jovens e Adultos.

Portanto, para este segmento de alunos, precisa-se desenvolver habilidades de convencimento e empatia acima da conta; pois pela sensibilidade, inclusive dos mais idosos, ficará difícil manobra-los e assim, abarca-los ao processo de ensino e aprendizagem novamente. Precisa-se de um “jogo de cintura” e dinamismo mais que atraente e convincente. Precisa-se ser generoso, ao ponto que o papel do professor deve expressar nos momentos das atividades em sala de aula, pois não são pessoas com a mesma energia e propensas a aceitar demasiadamente certas situações que possam abalar seu ego. Não podem ser consideradas um conceito avançado do Ensino Fundamental maior, onde no regular os alunos possuem energia e habilidades suficientes para acompanhar os professores, inclusive no que tange ao “copiar” de forma rápida do quadro, as atividades. Deve ser visto pela sua essência e força de vontade de se proporem a estarem neste estágio de ensino, que em tese, já passou do seu tempo, como muitos deles pensam.

 

 

Considerações Complementares

Considerando a Busca Ativa como uma ferramenta essencial da escola como um meio fundamental e necessário para “capturar” ou convencer os alunos a retornarem aos seus ambientes escolares, em caso de reprovação ou mesmo desistência e evasão, os educandários estão procurando revir seus estratégias e métodos de ação na prática de ensinar em sala de aula, pois, quando a aula não se torna atrativa e chamativa da atenção do aluno, a possibilidade do aluno começar a procrastinar, depois provocar o absenteísmo, e em consequência começar a anular seus esforços, com ênfase à reprovação, ou ainda pior, o abandona e evadir-se da prática educativa.

Estas circunstâncias e consequências, estão ligadas principalmente à alunos que, frequentam o Ensino Fundamental e Ensino Médio, onde há outras formas e possibilidades de se entreterem, caso não estejam no raio de atenção e verificação dos seus pais e responsáveis.

Considerando a busca Ativa, como um instrumento real e funcional das escolas e educandários, precisa-se implementa-lo de forma responsável e contínuo, mas não que seja uma regra para todas as escolas, visto que nas aglomerações diversas, as quais denominamos de sociedade, seja ela pequena ou não, há uma diversificação de indivíduos que podem tornar os efeitos na escola como algo negativo ou não. Em outras palavras, quando há pais responsáveis e atentos aos seus filhos, muito dificilmente acontecerá casos em que a Busca Ativa será necessária. Caso, contrário, onde os cidadãos das famílias dos alunos, não estão ligando e muito menos dando importância para o aprendizado de seus filhos, ou não estão alertas quanto à algumas situações extra-classe ou extra-escola, possivelmente terão problemas sérios com os alunos filhos destes ambientes.

Assim, escolas para não perderem, até recursos devidos ao número exagerado de reprovados, ou ainda de alunos desistentes, ou que elas ainda possam não alcançar a meta estabelecida no IDEB anterior, procuram desenvolver medidas e ações interventivas, como no caso, a Busca Ativa, a chamada e reconhecida “Visitação Pedagógica” ou outro nome que se venha dar a esta procura, convencimento e reintegração do aluno às atividades escolares. Quando, além da escola, a família e outros órgãos devem também estarem empenhados, visto que cada aluno recebe recursos ou mesmo em linha direta, “são pagos pelo contribuinte via governos em suas esferas administrativas” para estarem em sala de aula.

Portanto, não cabe, eu acredito, o papel exclusivo e obrigatório da escola de se fazer o forçamento de retorno dos alunos às salas de aulas e, consequentemente a todo aparato que as escolas oferecem a eles, mas uma gama de entidades e órgãos, que mesmo de forma indireta possuem algum tipo de responsabilidade sobre estes indivíduos, visto que para cada grupo de família, há órgãos que fiscalizam, inclusive o recebimento de valores via transferência de renda, os quais são destinados, inclusive à manutenção destes alunos no processo e nos espaços escolares.

 

REFERÊNCIAS

PORTAL EDUCATIO. Você sabia que dentro de uma Instituição temos diversos tipos de alunos? Assessoria e consultoria educacional. 2022.

SANTOS, Sydney Pinto dos. VISITAÇÃO PEDAGÓGICA: “Compartilhando com a Família o Processo Educativo. UFOPA – Monte Alegre, 2014. (TCC de Pós – Graduação Lato Sensu em Gestão Escolar) Disponível em: www.webartigos.com

_________. (Org.). RELATÓRIO SOBRE AS AÇÕES DESENVOLVIDAS PELOS DOCENTES E AGENTES DA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL EAB EM PERÍODO PANDÊMICO. Santa Maria do Uruará/PA, 2022. Disponível em: www.webartigos.com

_________. PROPOSIÇÕES E INICIATIVAS EDUCACIONAIS DO CORPO DOCENTE E EQUIPE PEDAGÓGICA ESCOLA EZILDA ARAGÃO BRASIL PÓS ANO DE 2021. Santa Maria do Uruará – PA, 2022. Disponível em: www.webartigos.com

_________. (Org.). Projeto Político Pedagógico – PPP: ESCOLA EZILDA ARAGÃO BRASIL – 2022/2024: “construindo um novo tempo para uma nova realidade” nestes 39 anos de existência e obrigação com a sociedade! Santa Maria do Uruará – PA, 2023. Disponível em: www.webartigos.com

________. A FUNÇÃO DO PEDAGOGO NAS QUATROS DIMENSÕES SOCIOEDUCATIVAS: uma análise da relação do profissional sobre os segmentos constituintes, enfatizando as barreiras, desafios e expectativas no Ensino Fundamental da Escola Ezilda Aragão Brasil. Santa Maria do Uruará – PA, 2023. Disponível em: www.webartigos.com

 

 

[1] Professor e pedagogo da Rede Pública de Ensino do Município de Prainha – Pará, desde 1998.

Graduado em Pedagogia pela USM e Pedagogia pela Universidade Única.

Graduado em Educação Física pela UFPA.

Pós-Graduado em Gestão Escolar pela UFOPA.

Pós-graduado em Metodologias da Língua Portuguesa e Estrangeira pela UNINTER.

Pós-graduado em Formação Docente pela UFOPA.

Mestrando em Educação com Especialização em Educação Superior – FUNIBER/UNIB.

Terapeuta TRG – Formado pelo Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas –IBFT.