BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por Lorivane Aparecida Meneguzzo | 18/04/2022 | Educação

BRINCADEIRA DE FAZ DE CONTA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Carla Benatto1

Daniele Benatto2

Daniela Capeletti Rizzon3

Jacira Justina Brambatti4

Maíra Michelon5

 

 

 

RESUMO: Atualmente a maioria das crianças passa grande parte do dia, conectadas a jogos e a mídia eletrônica, que dispõe de propagandas que vende a imagem de que o melhor é o mais tecnológico, e a satisfação pessoal está em coisas que o dinheiro pode comprar. As escolas de educação infantil estão buscando resgatar as brincadeiras. Autores como: Vygotsky defende que o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação. Já Kishimoto, diz que: o jogo serve para divulgar os princípios de moral e de ética. O estudo concluiu que o brincar deve ser parte integrante dos conteúdos nas escolas de educação infantil visto que o brincar faz parte do desenvolvimento humano e através do brincar a criança expressa sentimentos, desenvolve habilidades cognitivas e psicológicas. O artigo foi desenvolvido com base na pesquisa bibliográfica.

 

PALAVRAS CHAVE: Educação Infantil. Brincadeira. Desenvolvimento.

 

Atualmente a maioria das crianças passa grande parte do dia, conectadas a jogos e a mídia eletrônica. Isso se dá devido ao avanço da tecnologia e algumas facilidades que essas tecnologias favorecem aos pais e cuidadores das crianças. Pois essas ferramentas atraem as crianças deixando a maioria entretida por longos períodos. Outro fator que favorece essa busca pela tecnologia digital para as crianças é o mercado consumista em que os brinquedos e jogos mudam constantemente, gerando a busca constante por estar sempre na “moda”. Isso gerou inversão de valores em que a característica principal da sociedade é o imediatismo, que, aos poucos, foi transformando uma sociedade que valoriza o consumismo.“Isso gerou mudanças inclusive na concepção de infância hoje, as crianças também são consumistas, as crianças são bombardeadas por mensagens criadas para convencê-las de que a chave para a felicidade e o bem estar está na aquisição de coisas que o dinheiro pode comprar” (LINN, 2010, p. 17).

Algumas escolas de educação infantil estão reproduzindo o comportamento consumista e reforçando a prática dos jogos e brincadeiras estabelecidos pela mídia. Partindo desses pressupostos, o presente artigo tem o objetivo de analisar a importância das brincadeiras de faz de conta na Educação Infantil. As brincadeiras de faz de conta geralmente iniciam por volta de um ano de idade. Por volta dos dois anos de idade, a criança começa a incluir outras pessoas nas brincadeiras de faz de conta, também inventa algumas situações para brincar.

Este artigo tem com base a pesquisa bibliográfica, realizada em livros, artigos e sites na internet. O mesmo se justifica, pois apresenta informações para os professores de educação infantil acerca da valorização das brincadeiras de faz de conta e do quanto essas brincadeiras podem ser benéficas no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional das crianças. Além de desenvolver habilidades como autonomia, criatividade, linguagem e expressão corporal, em que através do brincar de faz de conta, é possível expressar suas fantasias e seus conflitos.

A escola como espaço de educação, deve propiciar momentos lúdicos, estimulando as crianças a brincarem de forma criativa e autônoma, porém este momento tem que ser planejado, com um ambiente propício ao faz de conta, e o professor como mediador dessas brincadeiras.

 

O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

As escolas de Educação Infantil devem garantir espaço e tempo para o lúdico na rotina das crianças, porém deve ser planejado, ter objetivos e intencionalidade. Segundo, Bomtempo (2003, p. 58) a importância de promover a brincadeira de faz de conta, é que através do imaginário a criança representa diversos papéis, dentro de vários contextos; nesse viés, a menina torna-se mãe, professora, médica, enfim criando regras específicas para cada momento da brincadeira, ou seja, os personagens quase nunca se repetem; no outro dia, a mesma brincadeira muda seu papel, ao contrário de outros tipos de brincadeiras, que não permitem a intervenção imaginária da criança.

As brincadeiras de faz de conta são muito comuns durante a infância. Ao brincar de ser super-heróis, princesas, papai, mamãe, é muito mais do que se divertir, a criança está vivenciando situações e resolvendo conflitos que precisam ser trabalhados no seu eu interior. Por meio dessas brincadeiras, as crianças conseguem expressar os seus pensamentos reproduzir as experiências que vivem em seu cotidiano e assim conseguem assimilar e internalizar os acontecimentos do dia a dia.

 

O brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos. [...] brincar tem sua origem na situação imaginaria criada pela criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados, com a função de reduzir a tensão e, ao mesmo tempo, para construir uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real. (VYGOTSKY, 1987, p.37)

 

Uma criança que se imagina um motorista em uma brincadeira reproduz talvez a forma de agir no único motorista que ela viu, mas sua ação será uma representação, não de um certo motorista concreto, mas de um motorista “em geral”, não suas ações concretas, tais como foram observadas pelas crianças, mas as ações de guiar um carro, dentro dos limites, da compreensão e generalização dessas ações, que sejam acessíveis à criança. (VYGOTSKY, 2010)

Desse modo, é fundamental compreender que as brincadeiras contribuem não só para o desenvolvimento cognitivo, mas também o motor, o social e o físico. Elas contribuem para transmissão de cultura de geração a geração, que devem ser resgatadas e incorporadas às rotinas didáticas escolares, considerando que a aprendizagem pode se efetivar ludicamente.

Ao brincar, a criança cria relações sociais e vínculos com outras crianças. Seus aspectos psicológicos vão sendo aprimorados e estimulados, sendo que a maneira com que a criança brinca e se relaciona implica na construção de seus valores, além de auxiliar no processo de aprendizagem. Segundo Kishimoto (2005), o jogo serve para divulgar os princípios de moral e de ética. A criança, ao jogar, brincar e se relacionar, constrói valores que contribuem para o seu desenvolvimento depois no contexto social.

Kishimoto (2011), considera que os jogos, na educação infantil, desenvolvem na criança astúcia, estratégias, inteligência, e o prazer na busca de novos conhecimentos através dos estímulos proporcionados pelo jogo nas atividades lúdicas.

Percebe-se então que o jogo nada mais é que um relato da vida real, partindo de um sistema de regras e um objetivo a ser alcançado, envolve também a linguagem, pois depende do contexto social em que a criança está inserida.

Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos diferentes jogos e formas de jogar. Eles tem a função de construir e desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e democracia, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social (KISHIMOTO, 1993, p.15).

O jogo, brinquedo e as brincadeiras podem ser ferramentas a serem utilizadas por todos os profissionais da educação, independentemente da sua área de conhecimento e ou atuação. Sendo assim cabe aos professores principalmente na educação infantil fazer uso dos jogos e brincadeiras no dia a dia da sala de aula. No intuito de proporcionar o desenvolvimento integral da criança, através da ludicidade, promovendo a aprendizagem significativa e prazerosa.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O brincar faz parte do desenvolvimento da criança e contribui com elementos indispensáveis para o relacionamento interpessoal. A criança aprende brincando, assim consegue expor naturalmente seus sentimentos, além de se conhecer e conhecer outras crianças, aprendendo a conviver e a respeitar as regras de convivência e o outro.

Introduzir os jogos e as atividades lúdicas na escola de educação infantil é muito importante, pelos benefícios que eles proporcionam as crianças. A memória, a linguagem, a atenção, o desenvolvimento de habilidades cognitivas e psicológicas, a afetividade, a convivência, o respeito as regras, a socialização, etc. O brincar é uma necessidade humana, através dele a criança desenvolve suas potencialidades e a aprendizagem. O brincar, os jogos e as atividades lúdicas atuam no desenvolvimento como um todo, e sua importância já está comprovada através dos estudos de diversos teóricos e pesquisadores.

Existem muitos jogos, brinquedos e brincadeiras que podem ser utilizados nas aulas em todas as disciplinas, porém é necessário que o professor tenha cuidado e atenção no momento de escolher e de explicar as regras dos jogos para as crianças. As aulas devem ter objetivos claros e intencionalidade, assim os jogos e brincadeiras devem ser escolhidos de acordo com os objetivos estabelecidos.

 

REFERÊNCIAS 

BOMTEMPO, Edda. A brincadeira de faz-de-conta: lugar de simbolismo, da representação, do imaginário. In: KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2003

 

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil In KISHIMOTO, Tizuko M (org) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação; 8 ed. – São Paulo: Cortez, 2005.

 

______, Tizuko Morchida (Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3ª Ed. São Paulo: Cortez 1993.

 

LINN, Susan. Em defesa do faz de conta. Tradução: Débora Guimarães Isidoro. Rio de Janeiro: BestSeller, 2010. disponível em: < https://portal.fslf.edu.br/wp-content/uploads/2016/12/tcc_12.pdf>. Acesso em mar. De 2022.

 

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

 

VIGOTSKI, Lev Semenovich. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. 11 ed. São Paulo: Ícone, 2010.

1Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Química.

2Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia UCS e Pós Graduação em Alfabetização e Letramento pela Cruzeiro do Sul.

3Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade Murialdo.

4Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia pela UCS.

5Professora de Educação Infantil com Licenciatura em Pedagogia pela UCS e Pós Graduação em Educação Física para Educação Infantil.

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