BREVES CONSIDERAÇÕES ATUAIS SOBRE AS ESQUIZOFRENIAS
Dr.Wagner Paulon
2008
Geralmente das doenças mentais, a esquizofrenia é a mais comum, se caracteriza por distorção do senso de realidade, inadequação e falta de harmonia entre pensamento e afetividade, e freqüentemente alucinações e idéias delirantes. A tendência à moléstia é hereditária, talvez produzida por anormalidades bioquímica (enzimas), mas fatores psicosociais também contribuem.

Os principais tipos de esquizofrenia são:
paranóide (perseguido),
catatônico (mudo, estuporoso, céreo ou bizarro, excitado, delirante),
hebefrênico (frívolo, infantil, isolado),
simples (apático, regressivo).

O tratamento é feito com drogas antipsicóticas (fenotiazinas em doses altas) e psicoterapia, com o mínimo de hospitalização.

Define-se esquizofrenia como "um grupo de desordens que se manifesta por distúrbios característicos do pensamento, humor e comportamento”.

Os distúrbios do pensamento são caracterizados por alteração da formação de conceitos que pode levar a falsas interpretações da realidade e, às vezes, idéias delirantes e alucinações, que freqüentemente parecem ser psicologicamente autoprotetoras. As mudanças de humor incluem ambivalência, respostas emocionais inadequadas e perda da empatia com os outros. O comportamento pode ser de isolamento, regressivo ou bizarro. As esquizofrenias, nas quais a alteração do estado mental é atribuível primeiramente a uma perturbação do pensamento, devem ser distinguidas das doenças afetivas maiores, nas quais predomina uma desordem do humor.

Os estados paranóide se distinguem da esquizofrenia pela exigüidade de suas distorções da realidade e pela ausência de outros sintomas psicóticos.

Emil Kraepelin forneceu uma descrição fenomenológica detalhada dos sintomas esquizofrênicos, mas acabou enfatizando um critério prognóstico -tendência para uma deterioração final que termina num estado de demência -como traço característico do diagnóstico. Ainda que a denominação de Kraepelin "demência precoce" seja usada mais ou menos como sinônimo de "esquizofrenia", não se aceita mais o melancólico prognóstico de Kraepelin, como inevitável.

Em 1911 Eugen Bleuler chamou a síndrome "esquizofrenia", enfatizando mais a cisão das funções psíquicas do que uma progressão inexorável "rumo ao abismo". Fez distinção entre os sintomas fundamentais e os acessórios, e considerou a desordem dos processos associativos o sintoma fundamental mais importante.

Adolph Meyer acreditava que a esquizofrenia era resultado de um acúmulo de hábitos reacionais defeituosos. Recomendava o estudo da história da vida inteira do paciente, com atenção aos fatores ambientais precoces; e tentou correlacionar os hábitos pré-psicóticos defeituosos com os sintomas esquizofrênicos plenamente desenvolvidos. Sigmund Freud descreveu como idéias dolorosas e inaceitáveis podem originar psicoses alucinatórias. O conceito de regressão a fases infantis ou arcaicas de integração na esquizofrenia substituiu o conceito Kraepelineano de deterioração.

As autoridades no assunto ainda estão em desacordo se a esquizofrenia é uma doença no sentido médico clássico, um grupo de síndromes, um desajuste, ou um estilo de vida aberrante. Na atualidade, o termo "esquizofrenia" denota uma constelação clínica de sinais e sintomas. É possível que o prosseguimento das pesquisas demonstre que aquilo que hoje chamamos de esquizofrenia seja um grupo de condições específicas com causas diversas