1-      Introdução

Toda criança em processo de desenvolvimento e reafirmação da sua personalidade, testa os pais e educadores de diversas maneiras: choros, birras, desobediência e algumas vezes agressividade. Nos autistas essa questão é bem mais delicada, sendo assim, o presente artigo tocará justamente nessa questão, na tentativa de fornecer algumas contribuições aos pais que se encontram nessa situação com os seus anjos azuis.

      2-      Como identificar um comportamento inadequado nos autistas?

Pode soar um pouco estranho essa questão, pois, aparentemente ninguém teria dificuldade em perceber comportamento inadequados nos autistas. Mas não é tão simples como parece!

Os pais e todos que estão diretamente responsáveis e que lidam diariamente com os pequenos, muitas vezes não percebem esses comportamentos, pois, os autistas nos envolvem de tal forma que a tendência é que nós nos acostumemos e incluímos no nosso cotidiano.

Nos acostumamos a fazer tudo o que eles “pedem”, para evitarmos birras ou crises que nos deixam extremamente transtornados, principalmente em locais públicos. Mas isso não é bom, nem para nós e nem para os autistas, pois, aos poucos, o cotidiano vai ficando cada vez mais insuportável!

Esse problema deve ser revisto e modificado, para garantir uma qualidade de vida tanto para os autistas, quanto para os pais e educadores. E a melhor forma de trabalhar esses comportamentos é por meio de um profissional capacitado e com experiência com os autistas.

Mas o que é um comportamento inadequado, em se tratando de um autista? Sabemos das limitações dos autistas em se relacionarem e seguirem todos os padrões sociais, porém, deve se trabalhar para que eles tenham um padrão mínimo de comportamento desejável para poderem viver em sociedade. Sendo assim, os comportamentos inadequados são aqueles que “fogem” dos padrões mínimos de convivência, com o agravante do uso da violência.

Como os autistas apresentam a dificuldade, em maior ou menor grau, no âmbito das interações, é muito comum que eles desenvolvam outras formas de fazer valer as suas vontades. E uma delas é por meio da violência. Como não sabem se comunicar verbalmente, a violência é uma forma de suprir essa deficiência.

O importante é mostrar que esse tipo de comportamento não surte efeito, ou seja, não atenda, não faça nada que eles pedem, por meio de birras, ameaças, transgressões ou até mesmo violência física.

Estamos falando aqui de várias formas de violência, a psicológica e agressão em si. Se você, leitor ou leitora, que tem um filho(a) autista mas que ainda está muito novo (até 2 ou 3 anos de idade), deve estar se assustando um pouco, mas infelizmente, essa é uma realidade no comportamento deles. Então, quanto mais cedo se precaver e se preparar, melhor! Para isso, não há outra ferramenta a não ser a informação!

Não se deve aceitar, em hipótese alguma, comportamentos violentos dos nossos pequenos, mas também, esse comportamento não pode, jamais, partir de nós, pois eles aprendem rápido e fácil a serem violentos. Portanto, comece dando o exemplo: nenhuma das pessoas que convivem com o seu pequeno podem fazer uso desse tipo de ferramenta para obter os fins desejados. E jamais faça uso de “palmadas”, pois a tendência é que eles reproduzem isso na escola e em outras situações.

Se o seu autista ainda não aprendeu a se comunicar por meio do uso padrão da linguagem, você deve incentivá-lo a buscar outras formas de comunicação, para que ele não sinta a necessidade de se comportar de forma agressiva. Isso não deve ser uma opção!

O único caminho é por meio da expressão, seja por mímica, desenhos, apontar o que ele deseja, ou outros sons que ele possa emitir. Pouco interessa se ele faz uso da língua, como nós fazemos, o importante é ele aprender a obter o que deseja sem usar meios violentos.

O problema do comportamento violento é que, se eles aprendem e passam a usar da violência para se reafirmarem (seja em casa ou na escola), dificilmente esse quadro será revertido, ou seja, uma vez aprendido o comportamento violento, o autista sempre terá reações ligadas á imposição, seja por meio de choro, voz alta, desobediência e por fim, a violência física.

Se o seu filho ou filha está se comportando de maneira próximo a isso, tome cuidado, pois a tendência é sempre piorar! Tome medidas drásticas, dentro de casa e na busca de profissionais que possam auxiliar com técnicas para que todos tenham uma melhora significativa na qualidade de vida.

   3- Violência na rotina ou a rotina na violência? Algumas possíveis dicas para evitar o comportamento agressivo

Os autistas são 100% baseados na rotina, ou seja, todos os dias aqueles mesmos rituais devem ser seguidos, caso contrário, se algo de diferente acontece, tornam-se extremamente difíceis de lhe dar, e é aí que na maioria das vezes ocorre o comportamento violento.

Se os autistas não podem ser contrariados, então, o que fazer? Bem, a rotina mínima, escola, tarefa, almoço, janta, banho, etc, devem ser mantidos para o próprio bem estar da criança. Porém, algumas pequenas coisas podem ser mudadas, para que ele possa se acostumar com mudanças, que na maioria das vezes ocorrem sem que estejamos preparados. A nossa vida é assim, feita de mudanças o tempo todo! Logo, temos que preparar os pequenos para essa realidade.

Veja abaixo algumas dicas que podem ser úteis:

- Não faça o mesmo caminho para a escola todos os dias;

- Não dê os banhos todos os dias exatamente nos mesmos horários;

- Chame pessoas diferentes para frequentar a sua casa;

- Aos finais de semana, tente visitar lugares diferentes.

Se a rotina for quebrada, mas de forma sutil, eles podem até perceber e sofrer um pouco, mas com o tempo esse comportamento será amenizado, pois eles se acostumam (sim, pode acreditar nisso)!

Não reforce os comportamentos obsessivos no seu filho, (sim, muitas vezes somo nós que incentivamos esses comportamentos neles) pois, isso é um passo para a prática do comportamento violento. Logo, repense o seu cotidiano e o mais importante de tudo: crie um ambiente de paz e equilíbrio dentro da sua casa, para que ele possa perceber que não há espaço para outras formas de obter o que querem fora dos padrões socialmente aceitos. 

E por fim, o amor é o principal remédio, logo, tenha paciência, fale sempre baixo com ele(a) olhando nos olhos e procure não se desequilibrar, pois é justamente aí que eles atuam! E não só os autistas, mas sim, qualquer criança!

Fonte: http://www.desmistificandoautismo.com.br