BREVE RELEXÃO SOBRE A IDENTIDADE DOCENTE

Ludmilla Paniago Nogueira

Neide Figueiredo de Souza

A proposta deste artigo e abordar a identidade docente na sociedade contemporânea. Empreende esforços para atender o objetivo geral de analisar os saberes requeridos para a constituição da identidade docente ante os desafios da educação na contemporaneidade e o compromisso social para compreender melhor a constituição profissional na docência. Para desenvolver o estudo, fez-se levantamento de dissertações e teses sobre o tema assim como de artigos acadêmicos que investigam as relações entre as identidades, os saberes e os compromissos docentes na contemporaneidade. Como fundamento teórico, são explorados trabalhos e proposições teórico-críticas e orientações da Base Nacional Curricular Comum (2017) sobre as competências requeridas na atualidade para o exercício docente. Como resultado, observa-se que a maioria dos artigos e obras encontradas e selecionadas para construção do estado do conhecimento, apresentam a formação de identidades docentes como decorrências das transformações que a sociedade vive. A profissão docente, nesta compreensão, cada vez mais precisa estar próxima das realidades dos/das estudantes, e assim, colocar-se no enfrentamento às crises que a atingem. Esta pesquisa move-se, na perspectiva da reflexão docente com intencionalidades emancipadoras, constituintes da identidade e da consciência do compromisso social no exercício do magistério.

Interessa-nos a temática da identidade docente e ela tem uma gênese que consideramos central apresentar nesse momento introdutório para marcar as conexões que fomentam a pesquisa a partir das problemáticas pessoais e profissionais. É da práxis docente da autora dessa dissertação, das suas inquietações e constantes reflexões que brota a necessidade desse estudo. Nesse momento inicial, colocamos em apresentação, a autora, suas experiências e caminhada. Na sequência, nos movemos para a exposição da temática, problemas, objetivos e metodologias de modo a vincular as vivências profissionais e inquietações da pesquisadora com o debate em desenvolvimento no texto dissertativo.

Para um primeiro movimento, consideramos primordial situar que a autora deste trabalho compreende, no lastro teórico da conhecida reflexão do filósofo José Ortega y Gasset, que os indivíduos são eles próprios e suas circunstâncias. Então, de alguma forma nos é permitido escrever que o eu não é uma única realidade, estática, imóvel e perfeita. Essa condição de construção e de influências sobre o indivíduo nos permite afirmar que o eu é plural, composto de várias dimensões, situações, influências e circunstâncias. Embora não nos interessa, neste momento, a seara filosófica especificamente, nos servimos dela para justificar a adoção da primeira pessoa do plural para referirmos a condição da pesquisadora e mantermos a coerência entre o foco narrativo do texto e a temática que nos ensina a pluralidade das identidades e o compromisso enquanto atitude social, e o faremos ao longo de todo o texto.

Percebemos que a universidade oferece os subsídios, mas, o que vai nos constituir professora, realmente, é esse contato do dia a dia que envolve o fundamento teórico, as compreensões, e as ações, portanto, a práxis. Assim, sentimos a necessidade de permanecer em estudo, de aprofundar os conhecimentos, de forma a manter vivo o sonho de ensinar e aprender. Esse é o ciclo, o processo histórico e reflexivo que nos move na direção da busca constante por aprimoramento. O anseio por discutir a temática da identidade docente construída na práxis cotidiana decorre de experiências vivenciadas na graduação a partir de reflexões acerca da história da educação/formação de professores/as no Brasil e das exigências da atuação profissional em sala de aula. Nessas oportunidades nos foi possível constatar que se sobressaem, na atualidade, a formação e a atuação de professores/as orientadas à ênfase técnica, como conhecimentos necessários, e à instrumentalização, como ações docentes adequadas para apresentar e repassar os conhecimentos. O que parece não ser suficiente.

Compreendemos que, desse lugar crítico-reflexivo da práxis docente, tem germinado a diversidade e a pluralidade que nos constitui enquanto indivíduos e institui a identidade docente que queremos estudar. Por isso, o tema de nossa investigação, Identidade docente na sociedade contemporânea, expressa a preocupação em estudar os desafios que se apresentam na sociedade contemporânea para a construção da identidade docente, especialmente quando a compreendemos como um compromisso social que se efetiva na práxis.

A identidade docente frente aos desafios da contemporaneidade ativa necessárias reflexões acerca da trajetória do/a profissional da educação em sua relação com a formação, o ingresso, a permanência na docência e, especialmente, com os desafios que os novos tempos – nos quais realizamos o esforço constituinte das identidades - sugerem à tarefa enquanto compromisso social. Nesse contexto, interessa-nos discutir que saberes docentes são requeridos para a identidade do/a professor/a de modo a dialogar com os desafios contemporâneos em relação ao compromisso social com o/a aluno/a, tanto no âmbito pedagógico, quanto na dimensão cotidiana. Compreendemos que o/a professor/a se reveste de uma autoridade capaz de alguma motivação e, de diversas formas, em uma espécie de exemplo para os indivíduos das comunidades nas quais convive.

Tomando o estudo realizado por Nunes (2017), as seguintes questões também se apresentam relevante para o desenvolvimento dessa investigação e a produção da reflexão que se constitui em texto dissertativo: O que se compreende por identidade docente? Quais são os saberes constituintes da profissão docente? Qual a natureza dos saberes docentes para a contemporaneidade: técnicos, de ação ou de habilidades adquiridas? São cognitivos ou de natureza social? Que saberes são basilares à formação da identidade docente na contemporaneidade? E, que compromissos sociais podem ser identificados na relação docência – discência?

Analisar os sentidos para a compreensão do conceito de identidade; Identificar, na tradição educativa, os saberes docentes reconhecidos como constituidores da profissão de professor/a; Refletir sobre a natureza dos saberes docentes; Pensar quais saberes docentes são requeridos pela educação na contemporaneidade; Tematizar os compromissos sociais docentes diante dos/das alunos/as.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.

NUNES, Teresa. O que são saberes docentes? Publicado em: 13 dez. 2017. Disponível em: . Acesso em: 28 fev. 2020.