Por Ludmilla Paniago Nogueira, Maria Zilda da Silva Barbosa e Simone Batista Campos

 

Ao se discutir sobre de que forma os alunos aprendem os conteúdos escolares e, portanto, como é que a escola ensina o que ela deseja que os alunos aprendam, deve-se considerar o fato de que atualmente se sabe de coisas que antes não se tinha conhecimento, sobre a educação e os processos de ensino e aprendizagem.

A escola de ontem acreditava que boa parte das aprendizagens acontecia pela memória, porém nos dias de hoje se sabe que uma parte pequena do aprendizado é pela memória, outra é entrando em contato direto com o objeto de conhecimento e sendo acompanhado por alguém que saiba e uma terceira é aprender com quem gosta de fazer o que está fazendo.

A sociedade, ao longo dos tempos, vem atribuindo cada vez mais seu êxito no campo educacional à formação de cidadãos conscientes de sua realidade local e global. A carência econômica da comunidade, a qualidade do ensino público, a inexistência de opções de lazer e espaços culturais tem provocado nas crianças e nos adolescentes a falta de perspectiva e projetos de vida, causando auto conformismo, violência e refúgio nas drogas, em busca da autoafirmação e sentido de viver.

Para que esta sociedade possa minimizar a condição de vulnerabilidade é necessário que a escola esteja integrada com a comunidade circunvizinha bem como integrada nela mesma, pois a educação não é um ato isolado, mas sim uma combinação de ações sociais que é responsabilidade de todos os envolvidos no processo educativo.

Criar um ambiente de discussões objetivas e focadas no interesse coletivo pode ser uma tarefa árdua. na escola pública, o gestor tem de lidar com o que tem - em termos de recursos materiais, de espaço e de funcionários.

Diferentemente das instituições privadas, ele não tem liberdade para substituições e ainda precisa lidar com a rotatividade de profissionais, o que gera descontinuidade no trabalho.

A comunicação entre a equipe escolar, os pais, os estudantes e seus familiares é uma das estratégias usadas para estabelecer uma prática escolar participativa. a partir de uma visão comum, as pessoas definem objetivos, metas, caminhos teóricos e práticos a serem seguidos, construindo o plano de desenvolvimento da escola e o projeto político pedagógico com vistas ao desenvolvimento de um processo educativo em todos os aspectos e níveis da vida de uma pessoa.

Esse enfoque de gestão compartilhada representa a fonte motivadora para o presente estudo, que apresenta uma análise específica sobre a organização do trabalho pedagógico para a democratização do processo ensino-aprendizagem, desenvolvido na escola estadual Prof.ª Vera Guimarães Loureiro, no município de Bela Vista/MS.

O interesse pelo tema da pesquisa foi despertado a partir do envolvimento direto das pesquisadoras na gestão administrativa e pedagógica da unidade escolar em estudo em decorrência da função desempenhada como técnicas da secretaria de estado de educação.

Tendo por finalidade a observação de mecanismos que abarcam a gestão escolar e como objeto de estudo a atuação da comunidade escolar na efetiva construção do projeto político pedagógico (PPP) e do plano de desenvolvimento da escola (PDE) vinculado aos mecanismos de construção de uma gestão participativa e democrática, este trabalho apresenta-se organizado em três capítulos, a seguir descritos.

No primeiro item, se fez uma revisão do arcabouço teórico que norteia esta pesquisa, com a apresentação de um breve histórico dos princípios e mecanismos de gestão democrática e suas implicações nas ações das unidades escolares. Partiu-se do pressuposto da utilização do projeto político pedagógico como instrumento de participação democrática. Em seguida, foi feita uma caracterização do plano de desenvolvimento da escola como instrumento de fortalecimento da autonomia da gestão escolar. Focalizou-se, em particular, a relação entre PPP e PDE no processo de organização do trabalho pedagógico. É evidenciado o objetivo da avaliação institucional como

ferramenta de controle de eficácia do processo de ensino e de aprendizagem, abrangendo todos os aspectos da unidade escolar, desde a estrutura física a maneira como estão sendo implementadas as práticas pedagógicas e administrativas.

No segundo item, buscou-se caracterizar o contexto da pesquisa, através dos atores sociais envolvidos e da análise documental da unidade escolar, interpretando o significado da vivência e do discurso do grupo estudado, observando o cotidiano deste, seus comportamentos e comentários significativos. os resultados desse estudo são retomados nos capítulos subsequentes, por meio da tabulação dos dados obtidos comparada aos referenciais teóricos sobre gestão democrática.

O terceiro item traz uma análise dos dados obtidos por meio dos instrumentos utilizados para sua coleta, obedecendo ao curso progressivo e aberto de um processo de construção e interpretação da informação.

Por último tem-se uma síntese da pesquisa, e se retomou a hipótese da investigação, através da recapitulação dos resultados alcançados e se discutindo a relação com o reconhecimento da importância do trabalho em grupo como instrumento de troca de saberes e valorização das diferenças, por meio da promoção da interação e do exercício da responsabilidade de todos no resultado da educação, o que remete à necessidade da gestão democrática para a construção dos saberes. possíveis desdobramentos deste estudo são apontados.