Ao fazer uma análise da obra pedagogia da autonomia, do célebre pedagogo Paulo Freire, constata-se diversas inovações e mesmo algo que já existe, porém com uma visão mais perceptiva o autor se mostra com uma capacidade inata de estabelecer relações recíprocas professor-aluno.

Segundo Paulo Freire, "[...] somos seres condicionados mas não determinados", que "a história é tempo de possibilidades e não de determinismo" (1996, p. 21), em meio a isso, devemos acreditar na história, para que, permaneça o sonho, permaneça a utopia, a necessidade de valores constantes, e, não deixar essa história acabar, que isso, faria com que se acaba também o nosso sonho, a nossa utopia, assim, para sermos devemos sempre estar sendo, e esse mesmo, é a condição fundamental para ser, promover com certa freqüência um mundo fundado na prática educativo-crítica ou progressista, esta que segundo Paulo Freire seria a prática ideal, estar sempre em busca da democracia, por uma sociedade solidária e igualitária, onde não existe ninguém melhor que ninguém, ver que, "[...] mudar é difícil mas é possível, [...]" (FREIRE, 1996, p. 88).

Dessa forma, devemos lutar contra qualquer tipo de desigualdade, de preconceito, isso tudo diz Freire estar fundado na educação, mesmo sabendo que só essa não pode mudar tudo, mas alguma coisa esta educação pode, pelo menos servir de intervenção no mundo e para o mundo, sendo assim, está educação se transforma em política, acredita Paulo Freire que a educação é política, esforço este que mostra em palavras nítidas que o mundo não é ele esta sendo, esta se transformando, mas necessita da nossa compreensão para que essa mudança se torne possível.

Algo que marca muito a obra de Paulo Freire, ou uma frase que possui algo muito profundo e contemplativo para quem ira servir o corpo docente é a passagem onde cita, "[...] quem forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (1996, p. 25), existe neste ponto algo a ser debatido e que resume em uma frase o que demoraria muito e muito para ser explicado com tanta audácia e muita sabedoria, não formamos apenas ao formar, também nós como professores somos formados e contemplados com os alunos, dessa forma devemos entender que ensinar não é algo simples e nem algo que não exija dedicação e respeito, o professor não é simplesmente um servidor do estado ou do município, mas sim, uma pessoa que possui um compromisso com o aluno assim como com ele mesmo.

O professor não deve ser apenas objeto intermediário, entre o conhecimento e o objeto a serviço, mas sim, transformador, criador de possibilidades para a sua própria produção e auto-conhecimento, devemos nós professores estar sempre vigilantes a aspectos comuns, dos quais podemos transformar em recursos para com a vida do aluno, pensar certo, respeitar assim o senso comum que este aluno possui e se ocupar disso, dessa vivência desse aluno para fazer trabalhos enfatizando o seu dia a dia, o seu cotidiano permanente, despertar nele com isso a crítica, a inquietude, dar liberdade para a curiosidade e instigá-la com freqüência, alunos e professores devem saber que seu maior tesouro é o diálogo, e desse não podem desfazerem-se, o professor deve saber que a prática de ensino é na verdade uma troca de experiências, que seu trabalho deve ser com o aluno e não com ele mesmo, fazer com que diminua a distância entre teoria e prática isso deve ser algo fundamental entre esses dois pólos unívocos, onde em suas aulas o aluno deve cansar, deve sair pronto para as decisões, ter opiniões críticas, escolhas para com as coisas que se seguem na vida, e mesmo o professor deve proporcionar isso a ele, devem juntos alunos e professores instigar a curiosidade que esta dentro de cada ser, citaria aqui o que Skinner diz sobre o conhecimento como método de busca, que para essa busca produzir eficiência o ser necessita obter estímulos e respostas, o que seria o ato do professor com o aluno, a instigação, a insaciável vontade de buscar conhecimento e acima de tudo e de todas as coisas, desenvolver a amorosidade entre os mesmos, amorosidade esta que Paulo Freire busca com freqüência sociável e que na verdade estaria aí a respostas para todos os nossos problemas no mundo.

Como no princípio Paulo Freire cita François Jacob em sua célebre frase, "seres programados mas para aprender" (FREIRE, 1996, p.27), assim, seremos mais felizes e permanecemos acreditando em nossa utopia, em nosso sonho, enfim, em nossa história.