Breve Apresentação das Contribuições de Gordon Allport

Gordon Allport focou sua teoria na autonomia. Os diagnósticos de pessoas saudáveis seriam próprios quando dissociados dos daquelas que possuíam instabilidade emocional e psicológica; a personalidade adulta consistia na autonomia do proprium e, por sua vez, era autônoma (diferente) da personalidade infantil. Autônomos os traços de personalidade porque não são constructos, mas formas individuais ou compartilhadas apenas por aspectos comuns como a cultura. Porém, toda essa “autonomia” serviria a um fim último, o qual é o deslocamento da Psicologia para o estudo da singularidade no indivíduo (caso concreto). Dois indivíduos não compartilham da mesma personalidade, ainda que gêmeos (mesmo fator genético), pelo fato de o ambiente a ser reproduzido não ser idêntico; aliás, diferentes seriam as respostas a ele, ou seja, a forma de interação, os traços e os hábitos a serem desenvolvidos.

Allport era extremamente otimista em sua hermenêutica da personalidade, a começar pela abordagem dada à motivação. Tendo o indivíduo motivos com a característica de autonomia funcional, estariam estes apartados das daqueles que regeram sua infância. Mas não tão somente isto. Devido a essa autonomia funcional, os motivos transformam-se à medida que os êxitos são obtidos, de forma que a finalidade precípua é, em verdade, um fim. Sendo assim, haveria mais valor à luta em relação à vitória. Ainda que tal raciocínio fosse mero reflexo de sua obsessão por se tornar melhor que seu irmão, seria inadmissível negar a benevolência e utilidade de sua proposição. Não seria necessário morrer para chegar atestar sua felicidade ou não (eudaimonia). Quanto à natureza humana, comportamentos atrelados apenas a disposições pessoais. Caracterizo favorável (não moderado) porque não há comportamento sem manifestação de personalidade; caso o contrário seria apenas um ato. Sendo assim, todo grau de liberdade tem um pano de fundo que lhe dá coerência e não necessariamente uma corrente.