Brassinosteróides, Poliaminas, Ácido Jasmônico e Ácido Salicílico: Compostos com importantes papéis no crescimento e desenvolvimento vegetal.

        Em botânica, fisiologia vegetal é descrita como o estudo das funções ou fisiologia das plantas, ou seja, como funcionam os vegetais. É o estudo dos processos e funções das plantas, bem como de suas respostas às variações do ambiente em que vivem, como, solo; clima; interação com outras espécies vegetais e animais.

        Assim como o corpo humano, as plantas necessitam de um eficiente meio de comunicação entre suas células, órgãos e tecidos para seu correto desenvolvimento. Os principais meios de comunicação intercelular são os hormônios, estes carregam a informação entre células, coordenando assim o seu crescimento e desenvolvimento.

        O desenvolvimento da planta é regulado por uma variedade de hormônios vegetais, as cinco classes de hormônios mais estudadas e citadas na literatura científica são as auxinas, giberelinas, citocininas, etileno, e, ácido abscísico.  

        Porém, existem outros compostos que podem efetivamente afetar o crescimento e desenvolvimento vegetal, estes tem sido atualmente alvo de muitos estudos, a saber: os brassinosteróides, as Poliaminas, o ácido jasmônico e o ácido salicílico.

 

1 – Os Brassinosteróides

        Os brassinosteróides (BRs) são hormônios vegetais com ampla distribuição no corpo vegetal, podendo estar localizado nos caules, nos botões florais, nas sementes, em folhas e frutos, exceto nas raízes. Estes são derivados do esteroide vegetal campesterol, sitosterol e colesterol.

1.1 – Funções

  • São essenciais para as plantas, uma vez que possuem ação semelhante à das auxinas, regulando o crescimento e desenvolvimento.
  • Possui influência na germinação de sementes, floração, senescência, retardamento da abscisão em folhas, maturação, e resistência contra vários estresses abióticos e bióticos.
  • Regulam processos como divisão e alongamento celular, diferenciação vascular, desenvolvimento reprodutivo e modulação da expressão gênica.
  • Provocam mudanças na composição de ácidos graxos promovendo assim mudanças em suas propriedades, fenômeno esse chamado de plasticidade.
  • Aumenta a capacidade de síntese de composto polissacarídeo facilitando a translocação de moléculas.

 

2 – Poliaminas (PAs)

        As poliaminas (PAs) são comumente encontradas em todas as células, tanto em animais quanto em plantas, porém, somente a partir da década de 1980 que o papel das PAs na atividade metabólica das células vegetais passou a ser investigado.

        São três os tipos de poliaminas encontrados nas plantas, sendo elas: as putrescinas (diaminas), espermidinas (triaminas) e as esperminas (tetraminas). As poliaminas são sintetizadas nas células do tecido vegetal e possuem principal ação na maturação. Porém, estas necessitam estar em maiores concentrações do que os hormônios convencionais para realizar o mesmo efeito de um fitorregulador clássico.

        Sua biossíntese é estimulada na presença de Auxinas, Citocininas e Giberelinas; inibe a síntese de Etileno e vice e versa (possuem precursor comum).

2.1 – Funções

  • Podem ser encontradas em vacúolos, mitocôndrias, cloroplastos e associadas às paredes celulares, podendo constituir até 90% do total das PAs nas células.
  • Estimulam a síntese de macromoléculas, síntese das cinases e da frutose-1,6-bisfosfato.
  • Restaura os padrões normais de crescimento e desenvolvimento e atua na divisão e alongamento celular, podendo ainda ser substitutas do tratamento com auxinas.
  • Influenciam na formação de flores normais retardando ou prevenindo a senescência foliar (clorofila, proteínas e RNA).
  • Atua na maturação de frutos e grãos de pólen, na formação de raízes e ramos adventícias, no enraizamento e formação de tubérculos e na diferenciação vascular.

 

3 - Ácido Jasmônico 

        O ácido jasmônico foi extraído pela primeira vez a partir de arbustos de jasmim, porém, tem sido isolado em muitos outros espécies de plantas, este é sintetizado a partir de  ácido linoleico.

        Sua atuação ocorre quando em plantas feridas é desencadeada a formação da sistemina, esta é transportada para outros órgãos da planta, ligando-se a um receptor, o que causa à ativação da lípase, por fim, esta promove a ação do ácido jasmônico.

        Este ácido e alguns dos seus derivados (principalmente a jasmonato de metilo ), são utilizados em culturas como indutores vegetais à produção de metabólicos secundários envolvidos na defesa química.

3.1 – Funções

  • É inibidor do crescimento e da germinação das sementes, e promotor da senescência, sua aplicação inibe o crescimento de raízes e caules.
  • Compromete a fotossíntese, pois gera redução da expressão de genes que codificam proteínas de reserva vegetativo, situados no núcleo e no cloroplasto.
  • Causa a degradação de clorofilas e folhas, provocando a senescência e abscisão de folhas.
  • Estimula a formação de tubérculos, induz o amadurecimento de frutos e a formação de pigmentos.
  • Possui participação na expressão de genes, estando envolvido no desenvolvimento de grãos pólen e semente.
  • Atua na transdução de sinais relacionados ao estresse, promovendo sinalização e defesa contra o estresse físico, químico e biótico.

 

4 - Ácido Acetilsalicílico

        O ácido salicílico (AS) pertence ao grupo bastante diverso dos compostos fenólicos usualmente definidos como substâncias com um anel aromático ligado a um grupo hidroxil ou ao seu derivado funcional.

        O ácido salicílico só foi denominado após ser encontrado na casca de Salix sp., hoje sabe-se que ele está amplamente distribuído nas plantas tanto folhas quanto em suas estruturas reprodutivas. Em estudos, um aumento na concentração de AS livre foi observado próximo ás lesões ocasionadas.

 4.1 – Funções

  • Inibe a germinação e o crescimento da planta interferindo na absorção das raízes.
  • Reduz a transpiração e causa a abscisão das folhas, porém, promove a floração.
  • Altera o transporte de íons e atua na produção de calor.
  • Atua como defesa das plantas contra-ataque de microrganismo como fungos e bactérias.

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Referências

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.