Brás Cubas, o defunto autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis e Moisés, das sagradas escrituras, e seus jeitos inusitados de narrar suas mortes, seus nascimentos e a importância da narrativa.

Dyone Alves de Oliveira1

RESUMO

Este artigo tem por objetivo mostrar as maneiras inusitadas de se narrar uma história, mostrando elementos em comuns e diferentes entre os narradores Brás Cubas, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, do escritor Machado de Assis e Moisés das sagradas escrituras. É importante ressaltar que o foco narrativo se dividiu em primeira pessoa no qual o narrador conta a história e participa dela e narrador em terceira pessoa, no qual o narrador conta a história, mas não participa do enredo. No primeiro, os narradores são considerados narradores-personagens e no segundo narradores-observadores, diferenciando assim o modo de contar a história. Em relação aos narradores Brás Cubas e Moisés, ambos contam a história e dela participam, sendo, portanto considerados narradores em primeira pessoa, porém a uma tênue diferença entre eles. Brás Cubas, é considerado um defunto autor, pois conta sua história a partir de sua morte e não um autor defunto, ao contrário de Moisés que narra sua história a partir do seu nascimento, ocorrendo uma pequena diferença entre o Livro Memórias Póstuma de Brás Cubas, de Machado de Assis e o Pentateuco da Bíblia Sagrada. Nosso tema levou em consideração algumas peculiaridades, uma delas é que Brás Cubas é pura ficção, mas Moisés é realidade aos fieis e ficção aos ateus.

Palavras-chave: Tipos Narrativos. Narração Inusitada. Persuasão.

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1Graduado em Letras Pela Faculdade Guaraí (FAG). Mestre em Ciência da Educação pela Universidade Estácio de Sá.

 

  1. Introdução

     É importante destacar que os tipos narrativos são fundamentais, principalmente no tocante ao olhar pelo qual o leitor é direcionado. Comparamos esse olhar como algo interpretativo, pois a interpretação depende da maneira como o leitor visualizar a história, ou seja, como decodifica a cultura narrada e repassada em cada texto. O narrador pode persuadir o leitor, convencê-lo de que sua narrativa é verídica, é algo real que pode mudar e contornar os fatos. Mas até que ponto pode entender que o narrador é parte da ficção ou ele realmente existiu? É uma pergunta interessante, pois alguns fatos narrados tiveram narradores que realmente existiram se é que os fatos bíblicos são reais.

     Precisamos aprofundar nesse cenário e buscar a solução para esse questionamento e procurar entender até quando uma ficção será por si só uma ficção. Outro fator a ser destacado é que Brás Cubas, revelado negro, mulato de boa origem tem sua forma de transmitir sua cultura, seu legado, suas crenças, seus ritos, enquanto Moisés foi, segundo a bíblia, o personagem que ia propalar a libertação a um povo, mas que influenciaria a todas as raças do planeta terra, o que é de extrema importância.

       Sabe-se que um personagem negro pouco aparece como protagonista, e quando aparece é fadado ao símbolo de um ser desprezível e fracassado. Logo, é certo que o negro apareceu na literatura brasileira como um cidadão que ficava a margem da sociedade e sem prestígio. Olhar a literatura com a visão um pouco mais condensada sobre como abordaram da figura do negro, serve e muito para entendermos que o ato de ler pode influenciar e até mesmo implantar na mente dos leitores, independentemente de raça, o respeito por uma cultura e costumes. No entanto é preciso pensar de como as literaturas engajam no contexto narrativo a figura da cultura do negro, mulato, africano e como um ser de uma única raça, Moisés, pode influenciar várias nações. É notório que a tentativa é fixar na mente como esses protagonistas narraram suas histórias e impregnaram suas culturas a vários leitores de diversas raças e épocas.