Boa notícia: crédito a pessoa física reage
Publicado em 29 de abril de 2009 por Alexsandro Rebello Bonatto
Tem duas coisas que o brasieiro não aguenta mais: ver a Silvia (personagem de Deborah Bloch) ser passada para trás pela Ivone (personagem de Leticia Sabatela) e ouvir má notícia.
Como no novela de Glória Perez não podemos mexer, então vamos de boas notícias.
Lentamente, o mercado de crédito se recupera do tombo causado pela crise financeira.
Já há sinais de melhora, mas em ritmos distintos nas operações para pessoas físicas e jurídicas. Nos financiamentos para as famílias, a redução dos spreads bancários - diferença entre taxa de captação e empréstimo - e a estabilização da inadimplência apontam para maior oferta nos bancos e demanda crescente dos clientes.
Já nas empresas, a reação é bem mais lenta. Há mais concessões de empréstimos e o spread recuou pela primeira vez desde o agravamento da crise. Mas o ritmo de concessões ainda está mais baixo do que no fim do ano passado. E a inadimplência atingiu o nível mais alto em dois anos.
Números apresentados pelo Banco Central em 23 de abril reforçam a avaliação de que o crédito para as pessoas físicas está voltando à normalidade. A concessão de novos empréstimos em março cresceu pela primeira vez no ano e mostra que os clientes estão voltando às agências para tomar crédito.
Em março, bancos concederam diariamente uma média de R$ 199 milhões em financiamentos para a compra de veículos. O valor é 13,2% maior que o de fevereiro e 48,5% superior ao de dezembro de 2008.
No crédito pessoal, os brasileiros tomaram R$ 510 milhões por dia, montante 3,8% superior ao de fevereiro e 40,1% maior que o de dezembro.
Os bancos também parecem estar menos receosos. Em março, o spread caiu pelo quarto mês seguido, de 52,6 pontos para 50,1 pontos. O número cai conforme o risco da operação diminui. Com essa redução, o spread atingiu o nível mais baixo desde junho de 2008, antes da crise.
Com juros mais baixos, o ritmo de concessão de crédito foi retomado, com liberação de um total de R$ 155,7 bilhões no mês, o que representa crescimento de 26,1% na comparação com fevereiro (que teve menos dias úteis). A média diária de concessões também aumentou, atingindo R$ 7,079 bilhões no mês passado, alta de 3,2% sobre a média de R$ 6,860 bilhões de fevereiro.
Mesmo havendo retomada do ritmo de concessões, o BC trabalha com a hipótese de crescimento da carteira de crédito em 14% este ano, distante do que ocorreu no ano passado, quando a expansão foi de 25%. O saldo de operações de crédito do sistema financeiro, incluindo recursos livres e direcionados, somava R$ 1,241 trilhão, no final de março, alta de 1% sobre fevereiro. O valor representava 42,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o mais elevado índice desde o início da série histórica, em julho de 1999.
As instituições financeiras públicas têm participação decisiva na expansão da oferta de crédito. De setembro a março, os bancos federais expandiram suas carteiras em 18,3%, enquanto os bancos privados estrangeiros cresceram 3,5% e os bancos privados nacionais registraram expansão de 1,5%.
Apesar da melhora dos números para empréstimos de pessoas físicas, os financiamentos para as empresas, o cenário contiua complicado. Em março, a média diária de novos créditos subiu 5,3% em relação a fevereiro, para R$ 4,589 bilhões. Mas o volume ainda é 10,1% menor que o de dezembro.
Segundo o BC, a inadimplência das empresas atingiu 2,6% em março, o mais alto nível desde abril de 2007, o que estaria "segurando" a oferta de crédito para pessoas jurídicas. Nas pessoas físicas, a taxa seguiu tendência contrária e oscilou para baixo, de 8,4% para 8,3%.
O que nos resta é torcer para que a Ivone seja pega com a "boca na botija" e que o humor dos bancos no que se refere às pessoas jurídicas melhore em abril.
Bibliografia:
Jornal O Estado de São Paulo de 24 de abril de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 24 de abril de 2009
Como no novela de Glória Perez não podemos mexer, então vamos de boas notícias.
Lentamente, o mercado de crédito se recupera do tombo causado pela crise financeira.
Já há sinais de melhora, mas em ritmos distintos nas operações para pessoas físicas e jurídicas. Nos financiamentos para as famílias, a redução dos spreads bancários - diferença entre taxa de captação e empréstimo - e a estabilização da inadimplência apontam para maior oferta nos bancos e demanda crescente dos clientes.
Já nas empresas, a reação é bem mais lenta. Há mais concessões de empréstimos e o spread recuou pela primeira vez desde o agravamento da crise. Mas o ritmo de concessões ainda está mais baixo do que no fim do ano passado. E a inadimplência atingiu o nível mais alto em dois anos.
Números apresentados pelo Banco Central em 23 de abril reforçam a avaliação de que o crédito para as pessoas físicas está voltando à normalidade. A concessão de novos empréstimos em março cresceu pela primeira vez no ano e mostra que os clientes estão voltando às agências para tomar crédito.
Em março, bancos concederam diariamente uma média de R$ 199 milhões em financiamentos para a compra de veículos. O valor é 13,2% maior que o de fevereiro e 48,5% superior ao de dezembro de 2008.
No crédito pessoal, os brasileiros tomaram R$ 510 milhões por dia, montante 3,8% superior ao de fevereiro e 40,1% maior que o de dezembro.
Os bancos também parecem estar menos receosos. Em março, o spread caiu pelo quarto mês seguido, de 52,6 pontos para 50,1 pontos. O número cai conforme o risco da operação diminui. Com essa redução, o spread atingiu o nível mais baixo desde junho de 2008, antes da crise.
Com juros mais baixos, o ritmo de concessão de crédito foi retomado, com liberação de um total de R$ 155,7 bilhões no mês, o que representa crescimento de 26,1% na comparação com fevereiro (que teve menos dias úteis). A média diária de concessões também aumentou, atingindo R$ 7,079 bilhões no mês passado, alta de 3,2% sobre a média de R$ 6,860 bilhões de fevereiro.
Mesmo havendo retomada do ritmo de concessões, o BC trabalha com a hipótese de crescimento da carteira de crédito em 14% este ano, distante do que ocorreu no ano passado, quando a expansão foi de 25%. O saldo de operações de crédito do sistema financeiro, incluindo recursos livres e direcionados, somava R$ 1,241 trilhão, no final de março, alta de 1% sobre fevereiro. O valor representava 42,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o mais elevado índice desde o início da série histórica, em julho de 1999.
As instituições financeiras públicas têm participação decisiva na expansão da oferta de crédito. De setembro a março, os bancos federais expandiram suas carteiras em 18,3%, enquanto os bancos privados estrangeiros cresceram 3,5% e os bancos privados nacionais registraram expansão de 1,5%.
Apesar da melhora dos números para empréstimos de pessoas físicas, os financiamentos para as empresas, o cenário contiua complicado. Em março, a média diária de novos créditos subiu 5,3% em relação a fevereiro, para R$ 4,589 bilhões. Mas o volume ainda é 10,1% menor que o de dezembro.
Segundo o BC, a inadimplência das empresas atingiu 2,6% em março, o mais alto nível desde abril de 2007, o que estaria "segurando" a oferta de crédito para pessoas jurídicas. Nas pessoas físicas, a taxa seguiu tendência contrária e oscilou para baixo, de 8,4% para 8,3%.
O que nos resta é torcer para que a Ivone seja pega com a "boca na botija" e que o humor dos bancos no que se refere às pessoas jurídicas melhore em abril.
Bibliografia:
Jornal O Estado de São Paulo de 24 de abril de 2009
Jornal Gazeta Mercantil de 24 de abril de 2009