BNCC NA EDUCAÇÃO INFANTIL: benefícios, referencial teórico, experiência curricular, desafios e aspectos positivos/negativos

Texto produzido em abril/21 e divulgado em maio/21 em Santa Maria do Uruará – Pará

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Introdução 

Podemos dizer claramente que a BNCC, é um documento obrigatório e que deve ser utilizado pelo sistema educacional em todas as suas particularidades em território nacional, no entanto, podemos afirmar, ainda, que se trata de um documento novo, e que, de alguma forma causou em sua implementação e aplicação obrigatória, algum tipo de desconfiança por parte de gestores educacionais, pedagogos e também e principalmente no corpo docente dos educandários, visto que as próprias DCNs, poucos colocaram em prática, assim como os PCNs (orientativo).

Por outro lado, se percebe a possibilidade de mudanças significativas e reais na introdução da Base, pois, sendo obrigatório, remete a uma obrigação a ser seguida pelos profissionais da educação, e com isto, buscar resultados positivos no processo ensino – aprendizagem, inclusive nos primeiros anos de contato do agente principal – o aluno- com o ambiente escolar e sua diversidade.

O que a BNCC propõe para Educação Infantil que poderá beneficiar o processo de ensino aprendizagem?

Quando se fala em benefícios deste documento em relação aos resultados positivos ao aprendizado, podemos destacar alguns, como: a convivência ativa com seus pares, numa inter-relação construtiva da aprendizagem; a participação nas atividades propostas pelo docente deste nível de ensino e aprendizagem.

Portanto, acredito que a partir deste momento, os professores estarão mais seguros da elaboração e execução de suas estratégias metodológicas e do uso dos recursos e instrumentos usados no aprender para aprender, que no caso da Educação Infantil, é “aprender brincando”. Ou seja, haverá mais procedimentos que façam um casamento entre as orientações da BNCC e as metodologias já utilizadas pelos docentes aos pequenos, o que os ajudarão a progredir progressivamente dentro seu ambiente, espaço e com ajuda de outros atores; pois:

No período pré-escolar, o desenvolvimento social e emocional aumenta e inclui  competências  sociais  (como  a  criança  interage  com  outras,  com os  professores  e  com  adultos),  controle  do  comportamento  (capacidade de  seguir  instruções  e  colaborar  quando  é  solicitada),  percepção  social (capacidade de identificar pensamentos e sensações em si própria e nos outros) e competências autorreguladoras (controle emocional e comportamental,  especialmente  sob  situação  de  estresse). (BERLINSKI ; SCHADY, s.d.)

Logo, todos estes aspectos devem interagir unificando aos esforços dos docentes em possibilitar dar resultados que venham a atender as significativas necessidades dos menores.

O que dizem os teóricos sobre as propostas apresentadas na BNCC para a Educação Infantil;

Segundo, Souza (2020), quanto a BNCC, como documento obrigatório a ser adotado por todas as unidades escolares, e por todos os docentes de diferentes níveis de ensino, a autora destaca que:

Trata-se de um documento que orienta os conhecimentos e as habilidades essenciais para as crianças e jovens de todo o país. Sua finalidade é orientar a construção dos referenciais curriculares e dos projetos políticos pedagógicos das escolas, estabelecer as competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos ano a ano. Desse modo, são muitas as dúvidas sobre esta política pública, é preciso saber mais sobre as mudanças que ela traz para a educação no país

Quando se fala em Projetos Políticos Pedagógicos, precisa-se entender de um documento que orientará e norteará todas as diretrizes que o educandário seguirá em seu processo didático-pedagógico e administrativos, em consonância de suas relações com outros segmentos e com a própria sociedade. Sendo assim, convergido com as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, fazendo um casamento dialógico e capaz de conduzir as expectativas do processo escolar de cada unidade educacional.

Como adequar um currículo por conteúdos a uma estrutura baseada em áreas de experiência?

Quando se fala em currículos, precisamos entender mais do que as suas intervenções diretamente dentro dos espaços escolares, e também na perspectiva do aluno, mas sim em um contexto muito maior, que abranja no somente o interior dos educandários, mas também os segmentos extra-escola que interagem com o processo educacional, como a família, tendo como exemplo. Ou seja, precisa-se entender que currículo, não é apenas conteúdos e componentes curriculares, mas todas as variáveis que interagem e intervém para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

Pois:

É evidente que sem conteúdo temático não há currículo porque aprender se aprende sempre a respeito de algo e, portanto, é necessário reconhecer a importância dos tópicos a trabalhar em qualquer proposta de currículo... O problema que devemos nos expor não é, em consequência, se é possível ou conveniente deixar de lado os conteúdos temáticos, mas, ao contrário, que papel devem desempenhar na organização do currículo. (GOÑI, s.d. p.16)

Desafios que serão enfrentados na sua região para que a adequação do Currículo da Educação Infantil atenda às exigências da BNCC:

Falar em desafios a serem enfrentados, seria minimizar a implantação de políticas públicas, que dentro de uma expectativa de embasamento legal, pois aqui seria mais adequado nos referirmos a barreiras, as quais muitas vezes estão impregnadas dentro do Sistema Educacional Brasileiro, os dos processos educacionais. Onde estas barreiras vão desde a parte infraestrutural a atender os pequenos, até as questões didáticos pedagógicas.

Pois a maioria das escolas no Brasil, não possuem espaços favoráveis e acolhedores para que se processe uma educação de qualidade, onde os aspectos e fatores a serem aferidos seriam: brinquedoteca instaladas na maioria dos educandários, os quais fomentaria o lúdico, e, por consequência uma aprendizagem livre, espontânea e interativa dos discentes da educação Infantil; como também da fomentação da formação continuada para professores da Educação Infantil, com proposito direto da inclusão de alunos com necessidades especiais. Pois, como falado se observa, o contexto brasileiro, no que diz respeito a Educação, são enormes os desafios e barreiras os quais gestão escolar, sociedade, famílias, e principalmente professores e alunos tem que enfrentar no dia a dia, quando se fala em acesso a uma educação nos moldes de qualidade, acessível e democrática.

Considerações finais 

Entre os pontos positivos desta nova orientação Curricular, se dar pela possibilidade de implementação de uma política educacional que venha atingir a todos os interessados, inclusive professores e alunos, como também especialistas e gestores escolares, os quais poderão utilizar do documento para dar segurança na produção dos seus PPPs, e assim planejar de acordo com as realidades vigentes de cada escola e a sua relação na comunidade na qual está inserida.

 

REFERÊNCIAS

BERLINSKI, Samuel; SCHADY, Norbert. Os Primeiros Anos: O bem-estar Infantil e o papel das Políticas Públicas. – BID. - Disponível em: https://bit.ly/2M9vcOc 

GOÑI, Jesús M. Projeto Curricular: Programa e Desenvolvimento de Competências. FUNIBER, Santa Catarina, 2019.

SOUZA, Maria Betânia Dantas de. Contribuições da BNCC para a Educação Infantil: perspectivas de ensino-aprendizagem na pré-escola. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 06, pp. 108-120. Outubro de 2020.

 

 

[1] Professor e Pedagogo da Rede Pública de Ensino de Prainha – Pará desde 1998.

Mestrando em Educação (Especialização em Educação Superior) pela UNINI/FUNIBER.