BILIGUÍSMO: UMA ANÁLISE DO PAPEL DOCENTE NA EDUCAÇÃO DO SURDO

 

Vaneide Damasceno Cunha Arantes

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo analisar é analisar a importância do Professor para a inclusão do surdo na valorização da sua cultura e para a educação bilingue na sociedade contemporânea. Para tanto, propôs-se como metodologia de pesquisa, a pesquisa bibliográfica, de natureza básica, com abordagem qualitativa, na qual construímos uma breve reflexão de análise discursiva a partir da revisão teórica, intercalando subjetiva e descritivamente, os pontos de discussão relacionandos com os objetivos da pesquisa. Com a finalidade de servir como apoio para o desenvolvimento do conhecimento, de forma relevante para a práxis docente, fornecendo elementos básicos para a compreensão do processo histórico da educação dos surdos e da educação bilingue, enfatizamos os aspectos da perspectiva da inclusão nesta fase tão significante para o desenvolvimento do aluno enquanto indivíduos e sujeito histórico e cultural, com um único intuito de priorizar uma melhor qualidade da prática educativa. Mesmo com uma legislação abundante, que predominam a intenção de instituição do pleno direito à diferença, a falta de conhecimento, ensino e uso da Libras, sustentam barreiras e desafios para uma real inclusão dos surdos na educação e na sociedade. Por isso, o papel do professor é tão importante diante da inclusão, da diversidade, e do compromisso com o desenvolvimento satisfatório do aluno, pois, na sua essência, é a motivação plena e o engajamento dos profissionais e da sociedade em si, enraizada ainda, no preconceito e no capitalismo, na democratização e unificação das culturas, rompendo com as barreiras, resgatando os alunos surdos para o convívio social. Concluímos então, que somente através da instituição de uma educação realmente bilingue, será possível instituir uma forma de inclusão  e acessibilidade comunicativa efetiva.

Palavras-chave:  Cultura Surda.  Educação Inclusiva. Educação Bilíngue.

 

INTRODUÇÃO

 

Durante séculos os surdos engajam lutas para conquistar seus direitos e sua independência social. Mesmo assim, ainda hoje, nos deparamos com situações de exclusão e de dificuldade de inserção educacional, social e cultural, em grande parte, devido a falta de comunicação.

Vemos cada vez mais, o crescimento da cultura e da comunidade surda, o que tem provocado discussões e debates sobre a real inclusão dos surdos, desde o cenário sociocultural, com políticas públicas e outras ações afirmativas; ao cenário educacional, em seus processos e metodologias, que nos dias atuais a educação passa por grandes transformações conceituais e práticas.

Historicamente, nem sempre essas preocupações estiveram presentes no espaço escolar. As dificuldades e necessidades peculiares a pessoas com deficiência não faziam parte da formação dos professores e nem dos debates educacionais. Todavia, com a crescente demanda de alunos surdos nas escolas brasileiras, tornou-se urgente a necessidade de se preparar meios para que eles pudessem ser incluídos, além de capacitar os profissionais da educação para desenvolver sua práxis de forma conscientemente inclusiva.

Foi uma longa caminhada percorrida, guiada desde a época do império no Brasil, até os dias atuais, e somente em 2002, através da promulgação da Lei Federal nº 10.436, em 24 de Abril de 2002, que a Língua Brasileira de Sinais – Libras, foi oficializada como Segunda Língua do país. Mesmo assim, sua regulamentação ocorreu somente com o Decreto nº 5626 em 2005.

A Língua Brasileira de Sinais - Libras é entendida

 

como a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil (BRASIL, 2002).

 

Apesar dos avanços, os surdos ainda enfrentam barreiras de acessibildiade. Mesmo com a Lei de instituição da Libras como segunda língua oficial do país, não houve avanços inclusivos dentro da perspectiva bilingue, pois na maioria dos casos, os indivíduos não têm o mínimo de conhecimento necessário para estabelecer uma comunicação efetiva.

Inclusive na educação, espaço onde se deveria cultivar a emancipação dos sujeitos e o seu desenvolvimento pleno para o exercício da cidadania, as práticas pedagógicas não condizem com os preceitos da inclusão, e não conduzem a uma aprendizagem significativa para o aluno surdo, mesmo no cenário em que o bilinguismo foi instituído legalmente.

proposta bilíngue no caso do Brasil, é caracterizada pelo uso de duas línguas, tendo como pressuposto básico  acesso do surdo à sua língua materna – a língua de sinais.

 

 A proposta bilíngue entende o sujeito surdo como participante de duas realidades, como um estrangeiro no próprio país, vivendo ao mesmo tempo a realidade da língua materna, na qual tem sua visão de mundo construída e aprimorada, e a realidade de uma segunda língua, a utilizada no cotidiano da comunidade a que pertence. Nesta proposta, o ideal para o sujeito surdo não seria a sua adequação à realidade ouvinte, usuária da língua oral, mas sim assumir sua condição de surdez como parte de suas características e identidade (BARBOSA, 2011, s/p.)

 

Essa realidade vem se tornando a cada dia mais desafiadora para os sistemas de ensino, uma vez que o direito à educação não se restringe apenas ao acesso, mas a garantia da matrícula do aluno junto ao estabelecimento escolar, frisando a importância da família no processo de inclusão, a importância de intérpretes de libras para vida escolar dos alunos surdos, e como eles podem auxiliar os alunos na vida escolar. Na maioria das vezes, o aluno é excluído, única e simplesmente por não poder se comunicar como os demais ao seu redor.

Diante dessas discussões, o objetivo principal deste traballho é analisar a importância docente para a inclusão bilingue do surdo, valorizando sua cultura na sociedade contemporânea.

Para tanto, propôs-se como metodologia de pesquisa para desenvolvimento deste trabalho, a pesquisa bibliográfica, de natureza básica, com abordagem qualitativa, na qual construímos uma breve reflexão de análise discursiva a partir da revisão teórica, de forma a construir uma reflexão crítica dos dados, intercalando subjetiva e descritivamente, pontos de discussão específicos, relacionando-os com os objetivos da pesquisa. Buscamos referenciar teoricamente essa questão devido a fornecer elementos básicos para a compreensão do processo histórico da educação dos surdos, trazendo à tona aspectos e perspectiva da inclusão. Assim, o papel docente diante da inclusão, da diversidade, e do compromisso com o desenvolvimento satisfatório do discente é, na sua essência, a nossa motivação plena diante de uma sociedade, enraizada ainda, no preconceito e no capitalismo.

Tal pesquisa, se justifica por si só, em seu escopo de contribuição social e educacional. Não se pretende aqui esgotar o assunto sobre a temática, mas sim, contribuir para uma reflexão mais ampla dos profissionais da educação a respeito do tema, agregando informações que possam servir como apoio significativo para o desenvolvimento e a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, aprofundando sobre o discurso da inclusão no contexto atual.

Ainda, a escolha em trabalhar com esse tema, partiu da observação cotidiana da prática social e educacional, onde, em pleno século XXI, ainda há pessoas, instituições de ensino que não conhecem a língua de sinais com sua devida importância. É possível perceber a dificudade dos profissionais da educação para trabalhar com crianças surdas em sala de aula, por muitos motivos, dentre ele a falta de preparo.

 

CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO BILÍNGUE

 

Foi no final da década de 1970, depois de anos de exclusão, que, baseado em conceitos sociológicos, filosóficos e políticos, surgiu a “Proposta Bilíngue de Educação do Surdo“ (PERLIN, 2002).

 

Essa proposta reconhece e baseia-se no facto de que o surdo vive numa condição bilíngue e bicultural, isto é, convive no dia a dia com duas línguas e duas culturas: 1. a língua gestual e cultura da comunidade surda do seu país; 2. a língua oral e cultura ouvinte de seu país (ARAÚJO, 2012, p. 13).

 

Nessa perspectiva, o bilinguismo se baseia primeiramente no fator de que as crianças surdas são “interlocutoras naturais de uma língua adaptada à sua capacidade de expressão”. É por esse motivo que “a comunidade surda propõe que a língua gestual oficial do seu país de origem lhes seja ensinada, desde a infância, como primeira língua” (ARAÚJO, 2012, p. 13).

 

Reconhece ainda o facto de que a língua oral oficial do seu país não deve ser por ela ignorada, pelo que lhe deve ser ensinada, como segunda língua. Os bilinguístas defendem que a língua gestual deve ser adquirida, preferencialmente, pelo convívio com outros surdos mais velhos, que dominem a língua gestual (ARAÚJO, 2012, p. 13).

 

Nos direcionando ao contexto histórico, Lacerda e Lodi (2009), descrevem que foi na Suécia que surgiu os primeiros passos para a implantação do bilinguismo. Segundo os autores, o bilinguismo enquanto proposta educacional,  ganhou força nos inícios dos anos 1960, nos Estados Unidos, mas somente começou a ser implementado, quase duas décadas depois, em 1979, em Paris, quando a pesquisadora Danielle Bouvet, fonoaudióloga e pedagoga. Ela iniciou sua primeira turma bilíngue, em que a Língua Gestual Francesa foi ensinada como língua materna dos Surdos e a Língua Francesa como segunda língua, a partir de 1981 o enfoque bilíngue foi introduzido na educação dos Surdos pesquisados e registrados pela professora francesa, na qual se tornou referência como ‘pedagoga dos surdos’.

No Brasil, o Programa de Língua Portuguesa para Surdos, criado pela Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular a partir das discussões idealizadas já em 2004 pelo Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos construiu uma proposta para instituição da educação bilíngue no país, na qual, seria trabalhadas a língua de sinais e a língua portuguesa. (BRASIL, 2004).

O documento do programa ressalta que:

 

O bilinguismo torna-se, assim, a essência comunicativa para os surdos, pois permite a comunicação imediata, in praesentia, através da LGP, e a diferida, in absentia, através do português, propiciando o acesso aos valores, às crenças, ao conhecimento, enfim, à cultura do mundo em que se insere (BRASIL, 2011, p. 16).    

 

A proposta apresentada em 2011 pelo Programa de Língua Portuguesa para Surdos (BRASIL, 2011), levou em consideração tanto as questões do documento ‘Ensino De Língua Portuguesa Para Surdos Caminhos Para A Prática Pedagógica’ divulgado pelo Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, quanto os princípios da Lei de Diretrizes e Bases da educação (BRASIL, 1996) e suas atualizações (DILLI, 2010).

A proposta ainda levou em consideração as orientações e pressupostos das políticas do Ministério da Educação para Ensino Básico e para o Ensino Secundário reconhecendo “o modelo de educação bilíngue com base na equidade entre a Libras e a Língua Portuguesa escrita, e na afirmação do grupo minoritário, pressupondo também um modelo bicultural” (BRASIL, 2011).

É importante frisar que,

 

Considera-se a Libras como a língua natural/materna do surdo, como primeira língua, e a Língua Portuguesa escrita, e eventualmente falada, como segunda língua. O Português L2 para alunos surdos não pode ser encarado como uma língua estrangeira, mas como uma língua específica para alunos surdos. Considera-se o surdo segundo o modelo antropológico da surdez. Propõe-se uma abordagem visual do ensino, enquadrada por uma “pedagogia surda” (BRASIL, 2011, p. 4).

           

Mesmo nos dias atuais, e diante de uma legislação clara e objetiva, que que reconhece os direitos educacionais dos surdos e a Libras como segunda língua oficial do Brasil, o assunto sobre a Educação bilingue ainda é polêmico.

A legislação vem sofrendo alterações consideráveis a favor da inclusão e da educação bilingue dos surdos. O país promulgou a Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelecia as normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com  deficiência, inclusive dos surdos. Em 2002, promulgou a Lei no 10.436,  que reconhecia a Libras como língua oficial do Brasil, que em 2005, foi regulamentada e atualizada a partir do Decreto nº 5.626, e quase uma década depois, a educação bilingue não se instituiu efetivamente no cenário educação,  no qual ainda ocorrem processos de exclusão, inclusive pela falta de formação profissional adequada. Somente a partir do reconhecimento da cultura e da comunidade surda, todos os direitos dos surdos como cidadãos serão, verdadeiramente respeitados (DILLI, 2010).

Nessa dialética educacional, “sem escolas adequadas e professores sem especialização para proporcionarem um ensino de qualidade aos surdos, faz-se constante, cada vez mais, a ausência desses alunos nas escolas” (DILLI, 2010, p. 53).

 

O PAPEL DOCENTE NA INCLUSÃO DO SURDO NO CONTEXTO ESCOLAR

 

Quando se fala na inclusão dos alunos com necessidades especiais em salas de aula do ensino regular, duas constatações são expressas pela maioria dos profissionais: preconceito e ignorância (D’ANTINO, 1997).

Assim, para Figueiredo (2002), trabalhar com os surdos não requer uma especialização para reduzir o termo às suas deficiências, mas o aprimoramento do professor no ensino e na aprendizagem para que ele seja capaz de identificar as dificuldades de seus alunos, visando eliminar as barreiras próprias de suas relações na escola. A cooperação do professor é uma das condições fundamentais para o sucesso da inclusão da criança na escola regular (GRAAF, 2002).

É ele quem vai detectar no dia a dia quais ajustes podem e devem ser feitos no ambiente, é quem vai colaborar na interação da criança com outros colegas, bem como criar situações satisfatórias para  que a criança desenvolva uma boa convivência social (HOLDEN e STEWART, 2002).

A inclusão deve atingir todos os alunos dentro de uma classe e não somente os alunos surdos. A inclusão não difere, ela tem como foco o aluno e precisa atingir a todos, com o objetivo de desenvolvimento de aprendizagem para todos. Cabe ao professor, ser o mediador desta inclusão, direcionando um novo olhar e ouvindo atentamente a cada um deles.

Um dos fatores mais importantes para o sucesso da inclusão de um aluno surdo é a interação entre professor e aluno através da Libras. O professor responsável pela alfabetização da criança surda deve ajudá-la a lidar com frustrações e motivá-la a investigar, pesquisar, construir novos significados, reforçando sua identidade e constituindo a base da futura aprendizagem (BRITO, 2013).

Os professores  e toda a comunidade escolar precisam estar conscientes de sua importância e da função que desempenham, no caso de ter um aluno surdo em sua sala de aula. Como se vê, é na relação concreta entre o educando e o professor que se localizam os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas, e não somente no aluno ou na escola.  Os profssionais comprometidos com a proposta da inclusão devem acreditar no potencial desses alunos, no seu desempenho para que os mesmos sintam-se úteis na sociedade (BRITO, 2013).

O importante é que o professor esteja aberto às inovações, tais como a valorização e o reconhecimento da diversidade do processo de ensino-aprendizagem, sempre buscando estar em contato com novas ideias, ampliando seus conhecimentos além da formação acadêmica, para poder acolher bem os alunos especiais e agir de maneira competente diante das situações que surgirão na sala de aula. (FIGUEREDO, 2002).

“Os alunos surdos precisam ser acompanhados com o auxílio do intérprete da Língua de Sinais, profissional fluente na língua falada/sinalizada do seu país, qualificado para desenvolver essa função” (ALMEIDA E CÓRDULA, 2017).  Esse intérprete será um elo importante no contexto educacional, mas o mais necessário mesmo é que todos dominem a Libras.

De acordo com Quadros e Karnopp (2004, p. 27), o intérprete de Libras é aquele profissional que domina a Língua de Sinais e a língua falada do país em que se vive. A atuação desse profissional é fundamental para que o processo seja eficiente, pois “sem a sua presença se torna impossível para aluno surdo adquirir conhecimentos e absorver conteúdos ministrados na aula pelo professor ouvinte” (ALMEIDA E CÓRDULA, 2017). 

O interprete é “o elo de comunicação entre professor e aluno” (ALMEIDA E CÓRDULA, 2017).  Ele pode, e necessita, ‘negociar’ conteúdos com o professor, revelar suas dúvidas e as dúvidas dos alunos, assim como as questões dos aprendizes, de forma a mediar também a relação com o aluno, para que o conhecimento que se almeja seja construído eficientemente.

 

O incômodo do professor frente à presença do intérprete pode levá-lo a ignorar o aluno surdo, atribuindo ao intérprete o sucesso ou insucesso desse aluno. Se em algum momento o intérprete tiver dúvidas ou não estiver entendendo o conteúdo que o professor está ensinando, deve solicitar ao professor a repetição/explicação desse conteúdo para que o aluno surdo não fique prejudicado em sua aprendizagem (ALMEIDA E CÓRDULA, 2017 cit. LACERDA, 2002).

 

Mas para que esse processo possa ocorrer de maneira favorável ao aluno, é necessário um diálogo constante e aberto entre o intérprete e os demais professores do aluno. Esse profissional necessita compreender a sua responsabilidade, assumindo uma postura humilde diante das questões cotidianas do ensino, como por exemplo, expor que não entendeu determinando conteúdo, e solicitar auxílio ao professor e a equipe pedagógica para suprir as necessidades de aprendizagem dos alunos surdos (QUADROS E KARNOPP, 2004).

No entanto, essa tarefa inter e multidisciplinar, de interpretar variadas disciplinas e conteúdos é uma tarefa exaustiva, pois para cada conteúdo há a demanda de sinais específicos que consigam efetivar a compreensão do mesmo pelo aluno surdo. Por isso, o intérprete sempre terá que buscar sinais e atualizações para enriquecer seu vocabulário, para transmitir a comunicação de forma  fidedigna (ALMEIDA E CÓRDULA, 2017). 

 Apesar da existencia da lei, a profissão do intérprete de Libras ainda não é regulamentada pelo Ministério do Trabalho; portanto, em tese, qualquer pessoa poderá exercê-la. Segundo Blanco (2005), “as diferentes maneiras de contratar os intérpretes de língua de sinais estão relacionadas à não regulamentação da profissão e ao fato de não existir uma instituição que acolha e responda os interesses da categoria” (BLANCO, 2005, p. 32).

Por esses e outros motivos que não bastam apenas que as instituições educacionais, sejam elas de qualquer nível de ensino, coloquem a Libras como mais uma disciplina para os alunos. É necessário uma adequação curricular eficaz, e um apoio pedagógico próximo aos profissionais da área, estimulando a formação continuada na aspiração por mais conhecimentos e habilidades que atendam às necessidades dos alunos surdos e que estimulem suas capacidades.

Sendo assim, cada profissional deve reconhecer seu papel nesse processo de inclusão escolar, não podendo um interferir no papel do outro, para que assim a educação inclusiva seja garantida e apoiada no uso da difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante do currículo nos cursos de formação de professores. Cabe à escola, aos educadores e demais profissionais uma nova postura, um novo olhar consciente de que a verdadeira inclusão é o respeito e a valorização do outro como ser humano.

Entretanto, precisamos estar conscientes da realidade de cada indivíduo, de cada aluno que está inserido no processo educacional, pois através da inclusão nas escolas, a instituição passa a ser desafiada a repensar o sistema educacional, e cabe à escola transformar cidadãos conscientes e comprometidos com a sociedade, através de aprofundamentos, discussões, reflexões, promovendo ações que quebram paradigmas.

 

CONCLUSÃO

 

Com o término deste artigo conclui-se que acessibilidade para surdos ainda é um desafio. Apesar de existir leis que obrigam a inclusão de alunos surdos em instituições de ensino, nota-se que a educação bilíngue ainda é o processo que deve ser melhorado na formação docente e por toda a comunidade escolar.

Somente através da instituição de uma educação realmente bilíngue, será possível instituir uma forma de comunicação efetiva, pois a Libras mesmo sendo reconhecida cmo segunda língua oficial brasileira não é  amplamente divulgada e nem ensinada nas escolas do ensino fundamental e médio.

O que é importante constar é que se os surdos ainda enfrentam dificuldades de inclusão e acessibilidade, mesmo com uma legislação abundante, que predominam a intenção de instituição do pleno direito à diferença, são os ouvintes que transformam uma questão tão simples e um problema tão grande. Mas a falta de conhecimento, e do ensino da Libras universalmente na educação básica, assim como, o pouco uso da Libras pelos ouvintes, é que sustentam os desafios da inclusão. 

Por isso, o papel do docente é tão importante na inclusão dos surdos e para a efetivação da educação bilingue, pois deles partem o engajamento no processo de formação educacional destes alunos. No momento, o que se percebe, é que esta situação de engajamento depende muito da boa vontade dos profissionais da educação, e por isso, a formação é tão importante para que eles se sintam melhores preparados para efetivação desse processo, rompendo com as barreiras e resgatando os alunos surdos para o convívio social, trazendo sua cultura e instuindo uma transofrmação no ensino, vencendo os preconceitos em relação às pessoas com surdez.

Todo esse processo, que só é possível graças à democratização de projetos e sentimentos em prol da unificação das culturas, em que as pessoas, que são a base da nossa sociedade, possam ser tratadas da mesma forma, independente de possuírem alguma deficiência ou não.

 

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