O homem mais rico de Itália, com mais anos de primeiro-ministro desde Mussolini, já teve muitos prognósticos que ditaram o seu afastamento da política, mas continua agarrado ao poder e com um comportamento desastroso, como político supremo.
Muitas são as suas debilidades, desde as propaladas festas "Bunga Buanga", o caso Rubygate, as várias fraudes financeiras, a contabilidade forjada e os subornos. Mas nem as histórias de sexo, nem a forma obscura como gere os seus negócios se tornarão na principal razão, para que no futuro, os italianos se recordem de Berlusconi, como um desastroso governante.
A Itália aguentou bem a crise do imobiliário, sem consequências para os seus bancos. O desemprego está no 8%, muito abaixo dos 20% da Espanha e o seu défice orçamental ronda os 4%. O principal problema é que a dívida pública italiana atingiu 120% do PIB, a terceira mais alta entre as economias mais ricas.
As infra-estruturas italianas começam a dar sinais de degradação, os serviços públicos estão a funcionar nos limites, os jovens abandonam o país e o povo despreza a classe política. Durante os nove anos de governação de Berlusconi poucas reformas foram feitas, o tempo foi passado a tratar de assuntos particulares e Itália vai pagar por estes momentos de prazer pessoal.
A crise da zona euro está a obrigar Portugal, a Grécia, a Irlanda e a Espanha, a adoptarem profundos programas de reformas, que são dolorosos no curto prazo, mas no futuro, espera-se que venham a dotar as economias periféricas europeias de um novo folgo. Ao contrário, veremos uma Itália atolada numa dívida pública, estagnada, sem projectos reformistas e com o pior referencial de toda a zona euro. Mas será que a culpa vai ser atribuída a Sílvio Berlusconi?