Benefícios de uma gestão financeira eficiente em empresas familiares de pequeno e médio porte no Brasil: um estudo de caso numa empresa de engenharia

 CHAVES, Marcela 1

CHIARETTO, Silvana 2

RESUMO 

Os impactos de uma gestão financeira eficiente em empresas familiares de pequeno e médio porte no Brasil, são o objetivo de estudo deste artigo. O objetivo principal é analisar os benefícios de uma boa gestão financeira nas pequenas e médias empresas familiares do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e estudo de caso sobre o tema. Por fim, considera-se que, as empresas devem procurar uma forma de terem uma boa gestão financeira em busca do aumento da lucratividade e resultados eficientes. 

Palavras-chave: Empresa Familiar; Boa Gestão Financeira; Planejamento Financeiro estratégico.

ABSTRACT 

The impacts of an efficient financial management in a small and medium-sized family businesses in Brazil are the subject matter of this article. The main objective is to analyze the benefits of a sound financial management in small and medium-sized family companies in Brazil. Therefore, it held a literature search and case study on topic. It is considered that the companies must look for a way to have a sound financial management in search of improved profitability and efficient results.

Keywords: Family Business; Sound Financial Management; Strategic Financial Planning.

1 Marcela Chaves – Aluna do MBA em Gestão Estratégica de Negócios. Belo Horizonte/MG. E-mail: [email protected]

2 Silvana Chiaretto – Professora e orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Belo Horizonte/MG. E-mail: [email protected] 

INTRODUÇÃO 

De acordo com Najjar (2011), cerca de 90% das empresas brasileiras, são formadas por membros de uma mesma família. São negócios que começaram pequenos e, graças a uma boa gestão dos fundadores, passam por várias gerações de profissionais.  Mas, para uma boa tomada de decisão, controle e planejamento e bons resultados, as empresas necessitam de uma gestão financeira eficaz. O que não é simples de ser feito, principalmente pelo fato de que trabalhar com pessoas as quais há uma ligação afetiva e conhecimento prévio de suas capacidades, nem sempre é fácil. 

Para tanto, é preciso problematizar a gestão financeira de pequenas e médias empresas familiares para tentar descobrir como é feito o controle financeiro, saber se o fato de ter parentes envolvidos pode afetar positiva ou negativamente. Pesquisar se uma administração eficaz ajuda no aumento da lucratividade da empresa. E também verificar qual o impacto da boa gestão nas tomadas de decisões que envolvem investimentos.

Hipoteticamente pode-se pensar que uma boa gestão financeira está diretamente ligada aos resultados das empresas familiares, tais como: melhor controle financeiro, aumento da lucratividade, tomadas de decisões corretas, facilidade de análise e planejamento a longo prazo e até mesmo a boa utilização dos recursos financeiros.

Apresenta-se como justificativa desse estudo a importância do planejamento financeiro eficaz nas pequenas e médias empresas familiares, que hoje representam a maioria em todo o mundo. O tema foi escolhido tendo em vista as dificuldades que várias empresas passam, como por exemplo, trabalhar diretamente com pessoas do mesmo sangue e muitas vezes, misturar despesas pessoais com de pessoa jurídica, se acomodar e postergar ações que poderiam levar a um aumento da lucratividade. Tais como: controle de contas a pagar e a receber, fluxo de caixa e até mesmo investimentos mais altos.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo geral analisar os benefícios de uma gestão financeira eficiente e eficaz nas pequenas e médias empresas familiares do Brasil. E como objetivos específicos: decompor as principais dificuldades de gestão da empresa familiar; averiguar se uma gestão financeira eficiente impacta na lucratividade; analisar se um bom controle financeiro influência nas estratégias das empresas familiares e compreender qual o impacto da boa gestão financeira na tomada de decisões das empresas.

Para tanto, a metodologia escolhida para este estudo foi o levantamento bibliográfico, alinhado com uma pesquisa descritiva e também na realização de um estudo de caso. Tendo como técnica de coleta de dados a análise bibliográfica e como técnica de tratamento dos dados a análise de conteúdo.

Fazem parte da estrutura desse artigo o capítulo um referente à introdução, o capítulo dois que apresenta o referencial teórico dos principais conceitos de empresa familiar, características dessas empresas, como é feita a gestão financeira, fluxo de caixa e principais dificuldades enfrentadas por essas empresas, o capítulo três como metodologia de pesquisa, seguidos do capítulo quatro onde constam as análises e resultados, e por último, as considerações finais. Especificamente o referencial teórico foi dividido em quatro subcapítulos para melhor compreensão desse estudo.

Por fim, este estudo buscou-se a responder o seguinte questionamento: Quais são os benefícios de uma gestão financeira eficiente em pequenas e médias empresas familiares no Brasil? 

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

 

Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos de empresa familiar, características das empresas familiares, as influências da administração financeira nos resultados e tomada de decisões das empresas familiares, gestão financeira e dificuldades enfrentadas por essas empresas.

O presente estudo apresenta a importância de uma boa gestão financeira para que empresas caracterizadas como familiares consigam sair a frente da concorrência e ter resultados satisfatórios no mercado atual.

2.1 Os principais conceitos de empresa familiar

 

O autor Bernhoeft (1989) considera que empresa é familiar quando está sendo gerida por membros da mesma família por mais de duas gerações e os resultados estão diretamente ligados à política e objetivos da família.

Já Scheffer (1993) afirma que empresas familiares podem ser de capital aberto ou fechado e foram iniciadas por um membro da família com intenção de passar a gestão para algum herdeiro no futuro.

Entretanto, Barry (1993) afirma que empresa familiar é aquela que tem todos os bens controlados por membros de uma única família.

No mesmo contexto, Lodi (1998) também afirma que para ter a característica de empresa familiar, é preciso que haja intenção futura de sucessão da diretoria ao fator hereditário e os valores da empresa se identificam com o sobrenome de um dos fundadores.

Mas, é preciso entender que não basta ter apenas fundadores da mesma família, além disso, é de extrema importância que esses membros exerçam controle administrativos e financeiros sobre a empresa e possuam parcela expressiva no capital da mesma. Ou seja, há uma relação entre propriedade e controle, onde o controle é exercido com base na propriedade (MARTINS, 1999).

Enfim, empresa familiar caracteriza-se pela sucessão hereditária de um ou mais membros de uma família participando do poder decisório da organização.

2.2 Características das empresas familiares

 

Segundo Lodi (1998), as empresas familiares possuem alguns pontos fortes como capital disponível pela família, patrimônio de familiares que podem ser levantados em momentos de crise, boa reputação do nome no ambiente externo, onde usa seu tradicional nome em novos investimentos, lealdade aos empregados, sensibilidade para evitar confrontos ao interesse social e continuidade sucessória. Entender esses pontos, segundo o autor, é fundamental para que não haja dificuldades no entendimento entre relações familiares e problemas futuros na gestão.

Bernhoeft (1989), por sua vez, cita algumas características que considera importantes das empresas familiares, como: forte valorização da confiança mútua (valorizam os funcionários antigos); laços afetivos que influenciam em comportamentos; relações e decisões; exigência de dedicação; alta fidelidade, como não ter outras atividades profissionais que não tem vínculo com a empresa; dificuldade na relação entre emocional e racional.

Já Semler (1988), cita características das empresas familiares como sendo: agilidade no processo decisório; comunicação informal; falta de visão crítica do negócio; paternalismo; falta de profissionalismo; lucros e resultados vistos de um todo; critérios de cargos e salários injustos; falta de visão estratégica a longo prazo.

De acordo com Najjar (2011), características fortes das empresas familiares, são por exemplo: predomínio da emoção nas principais tomadas de decisão; exercício do amor paternal-maternal de um chefe pelo subordinado; competição acirrada em mercados regionais, nacionais e mundiais.

Quadro 1 – Comparativo: empresas familiares e empresas não familiares

Fonte: Najjar (2011).

 

 

 

 

2.3 Gestão financeira nas empresas familiares

 

Um dos problemas mais comuns que as empresas familiares enfrentam em sua gestão financeira, é o fato de saber separar família da empresa, o que pode representar um grande risco para a solvência da empresa.

 

De acordo com Bernhoeft (1991) um erro comum cometido pelas empresas familiares no Brasil é não fazer uma clara separação entre controle e gestão, o que gera muitas vezes conflitos de interesses e problemas futuros. Desta forma, o autor recomenda que as empresas se mantenham capitalizadas, com cuidado para não deixar que os interesses individuais dos acionistas sejam priorizados e sejam feitas grandes retiradas de lucro descapitalizando a empresa.

A empresa familiar tem dificuldades de gestão, tanto nos aspectos de processos e pessoas como também no financeiro. A administração financeira das empresas busca dados financeiros relevantes para busca de tomada de decisões importantes, visando sempre o aumento da lucratividade (GITMAN, 2007).

De acordo com Gitman (2004) as empresas precisam de informações que vão dar suporte em todas as etapas da gestão financeira para o planejamento. Além disso, ele afirma que é preciso estar atento ao ambiente externo, pois o mesmo pode envolver diretamente em atividades econômicas, fazendo com que o gestor financeiro tome decisões rápidas que poderão determinar o fracasso ou o sucesso das empresas.

2.3.1 Atividades da gestão de finanças

 

A gestão financeira é de extrema importância para que a empresa sobreviva ao mercado. É através dela que a empresa terá dados para investir, controlar e planejar gastos e investimentos futuros. Com os diversos relatórios de fluxo de caixa, contas a pagar e a receber, balancetes e DRE, será possível que o gestor faça análises para coordenar a empresa no que diz respeito à parte financeira e avaliar o quão “saudável” a mesma está.

De acordo com Gitman (2004) o gestor financeiro tem como função controlar o fluxo de caixa da empresa, analisar, planejar e ter o controle financeiro. Com este controle, será possível gerir o financeiro da empresa e medir a “saúde” financeira da empresa.  Afirma ainda, que com os dados apresentados nas demonstrações financeiras, o gestor tem a potencialidade de julgar as tomadas de decisões, analisar os pontos positivos e negativos de novos investimentos e saber até onde pode ir para dar mais produtividade e lucratividade para as organizações.

Todas as áreas da empresa devem estar interligadas ao pessoal de finanças. Já que todas as decisões como: planejamento financeiro, investimentos e financiamentos estão ligados diretamente a esse setor de gestão (GITMAN, 2004).

2.3.2 Fluxo de caixa

 

O fluxo de caixa é usado para dar informações financeiras de entradas e saídas essenciais para que a empresa possa ter agilidade e confiabilidade em suas decisões financeiras. Logo, o fluxo de caixa deve ser preciso e retratar exatamente a situação econômica da empresa a longo prazo (ZDANOWICZ, 2004).

Gitman (2004) afirma que o gestor financeiro prioriza suas análises no fluxo de caixa, ou seja, entradas e saídas de caixa, pois esses dados mostram a solvência da empresa e analisam o quanto é necessário em caixa para satisfazer obrigações e reconhecer as receitas e despesas representadas da empresa.

2.4 Dificuldades enfrentadas pelas empresas familiares

 

Casillas (2007) aponta diversos riscos que empresas familiares podem passar, como por exemplo: confusão entre patrimônio familiar e empresarial; dificuldade de separação de finanças da empresa e da família.

Já Lodi (1986), aponta cinco fraquezas que as empresas familiares podem ter: conflito de interesse entre família e empresa, uso indevido dos recursos da empresa por membros da família; falta de sistemas financeiros e de planejamento de custos; resistência a modernização e mudanças, além de emprego e promoções de parentes, o que pode gerar em um grande conflito interno dentro da organização.

Todos os pontos levantados, podem afetar significativamente a gestão financeira dessas empresas e até mesmo levar ao fracasso. Ou seja, pode se dizer que as empresas familiares têm um grande desafio para se manterem a frente do mercado e utilizarem de maneira correta seus recursos financeiros.

Superando estes desafios, as empresas familiares podem utilizar seus pontos fortes como um diferencial competitivo perante as empresas não-familiares (DRUCKER, 2001).

  1. METODOLOGIA

 

De acordo com o QUADRO 2, o método escolhido pela pesquisadora foi o levantamento bibliográfico.

O levantamento bibliográfico consiste em relacionar bibliografias existentes em livros, artigos, teses, autores e etc. O material coletado nessas bibliografias, é usado como fonte de informação e referência na construção de um trabalho, ou seja, é uma pesquisa em cima de outras pesquisas. Ele dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa.

Quadro 2 – Métodos e técnicas utilizados na pesquisa

Método

Tipo de pesquisa

Técnica de Coleta
de Dados

Técnica de
Tratamento dos
Dados

 

Estudo de caso

Levantamento
bibliográfico

Descritiva

Entrevista

Semiestruturada

Análise bibliográfica


Observação

Participante

Análise de conteúdo

 
 
 
 
 
 
 
 

Fonte: Elaborado pela autora (2015).

Sobre a pesquisa descritiva, os autores Cervo e Bervian (2002) afirmam que este tipo de pesquisa tem como intuito observar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los. Ou seja, procura descobrir respostas com maior precisão, levando em conta a frequência que o fenômeno ocorre e suas ligações com os outros.

A forma de coleta de dados foi a análise bibliográfica, entrevista semiestruturada com o sócio majoritário de uma empresa familiar no ramo de engenharia civil referido como ENTREVISTADO e observação participante. A observação participante é realizada com contato direto do pesquisador na pesquisa semiestruturada (CORREIA, 2009).

O tratamento de dados foi feito por meio de análise de conteúdo, que é o conjunto de técnicas de pesquisa com o objetivo de buscar sentido ou sentidos, a um documento, ou seja, interpretar os dados gerados pelas pesquisas (BARDIN, 2011).  

  1. ANÁLISES E RESULTADOS

 

O presente estudo buscou na literatura e em um estudo de caso mostrar o impacto de uma gestão financeira eficaz dentro de empresas familiares e o que é decorrente deste bom controle. Para tanto foi utilizado o método de categorização a fim de decompor cada dimensão pesquisada.

4.1 Categoria 1 – A importância de um planejamento financeiro rígido

 

De acordo com Braga (1989), um bom controle financeiro auxilia as empresas em sua tomada de decisões dando suporte para os sócios conduzirem a organização da melhor maneira possível, tomando decisões mais assertivas e diminuindo riscos que podem levar a prejuízos ou até mesmo à falência.

Para uma boa projeção financeira, é importante ter o controle de tudo o que se refere a vendas, custos de matérias primas, custos de mão-de-obra, custos indiretos e todas as despesas que envolvem a empresa. E muitas vezes, em pequenas e médias empresas, esta projeção se encontra informal apenas na cabeça dos sócios, o que dificulta um controle rígido (ZDANOWICZ, 1998).

Com a mesma opinião dos autores, o ENTREVISTADO afirma que sem um excelente controle financeiro, a empresa não evolui. É preciso ter todos os dados formalizados e controlar ao menos uma vez por semana a evolução ou regresso de relatórios financeiros. Estes relatórios são precisos e informam dados de receitas e despesas, planejamento de fluxo de caixa, aplicações e saldos bancários. Além disso é essencial que tenha uma pessoa de confiança exercendo o cargo de gerência financeira e que o sistema esteja sempre alimentado de informações atualizadas. E por se tratar de uma empresa familiar, é importante não misturar recursos da empresa para pagamentos de contas pessoais ou familiares.

4.2 Categoria 2 – Investimentos, análises e planejamento a longo prazo

 

O autor Gitman (2004), afirma que o plano financeiro de longo prazo, se inicia com um planejamento estratégico que ajuda a empresa a alcançar seus objetivos futuros. Além disso, possui integração com outros planos da empresa. 

 

Já Braga (1995), afirma que o orçamento de caixa é muito importante para a empresa saber com antecedência, se haverá problemas de liquidez ou não. Desta forma, poderá calcular sobras e planejar novos investimentos ou planejar obtenção de financiamentos e empréstimos futuros em caso de falta de caixa. Ele afirma que é fundamental que a empresa saiba com antecedência qual montante irá sobrar ou faltar no futuro.

A principal finalidade do orçamento de caixa é indicar a necessidade monetária para que a empresa consiga cumprir com seus compromissos e planejar a longo prazo (ZDANOWICZ, 2004).

O ENTREVISTADO acredita que além de um controle de orçamento de caixa eficiente, é necessário manter um capital de giro estruturado, desta forma, a empresa terá dinheiro disponível quando precisar de financiamento a longo prazo ou algum investimento imperdível. Além disso, é preciso traçar objetivos e estratégias para ter foco nos investimentos. 

4.3 Categoria 3 – Gerir para tomar decisões assertivas

 

Segundo Figueiredo e Caggiano (1997), gerir uma empresa é tomar decisões.

Outro teórico afirma que para uma boa tomada de decisão, é muito importante que empresas familiares tenham um planejamento estratégico bem definido tanto para decisões atuais quanto as futuras, e desta forma otimizar o desempenho da empresa (ENSIGN, 2008).

Já Lussier e Sonfield (2004) acreditam que os poderes de decisão das empresas familiares devem ser distribuídos entre os membros da família, de modo que ocupem cargos importantes dentro da empresa.

O ENTREVISTADO concorda com Figueiredo e Caggiano (1997) e completa afirmando que gerir uma empresa é administrar problemas e tomar decisões diariamente. Portanto, é necessário realmente ter um bom planejamento estratégico e distribuir poderes aos membros da família que trabalham em sua empresa. Além disso, ter um controle financeiro rígido, informações corretas e em maior número possível, ajuda nas decisões futuras para não serem tomadas pela “sorte” e garantirem estabilidade.

4.4 Categoria 4 – Impactos na lucratividade

 

Para Braga (2008), o objetivo da administração financeira é gerir a curto prazo os ativos e passivos circulantes. Isso é importante para conseguir um equilíbrio entre a lucratividade e risco das empresas. Investimentos muito altos no ativo circulante, por exemplo, impactam na redução da lucratividade. Já investimentos baixos demais, aumentam o risco de endividamento. Ou seja, as duas situações levam à diminuição do lucro da empresa.

Para analisar a lucratividade, é preciso calcular o ponto de equilíbrio. Ou seja, mostrar que a empresa não está tendo lucro e nem prejuízo e desta forma, conseguir arcar com os custos fixos e variáveis.

Segundo Salim (2005), o ponto de equilíbrio é quando o nível de receita se iguala a soma dos custos fixos e variáveis, ou seja, quando o lucro é igual a zero. A partir daí a empresa começa a obter lucro e aumentar a lucratividade.

De acordo com o ENTREVISTADO, é preciso estar atento para que não haja redução da lucratividade da empresa. Com isso, é necessário controlar as vendas para não acontecer de forma desordenada implicando um volume maior de custos operacionais. Além disso, preocupar-se com a capitalização como exemplo, capital de terceiros é importante para não gerar endividamentos altos. Outro fator relevante é o controle de compras que não pode ser maior do que a projeção das vendas e controle de prazos médios de recebimentos e pagamentos.

Para finalizar, o ENTREVISTADO ressaltou a importância de um bom controle de custos fixos e operacionais para não serem incompatíveis com o que a empresa consegue pagar, principalmente os custos com salários, que não pode ser maior que o nível de receitas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Considerando a pesquisa realizada da teoria e aplicada na realidade de uma empresa familiar, pode-se considerar que empresas familiares de pequeno e médio porte devem ter uma gestão financeira adequada e utilizar de ferramentas que auxiliem os gestores no processo de tomada de decisões corretas. 

É importante salientar que, foram percebidos problemas como uso indevido de recursos da empresa por membros da família, falta de sistemas integrados financeiros que auxiliam nas decisões, falta de planejamento e formalidade, que merecem atenção por parte dos gestores e que se não forem averiguados, as empresas familiares poderão passar por sérios problemas como prejuízos e até mesmo de sobrevivência das empresas.  

A administração financeira eficaz, ajuda que as empresas visualizem a sua real situação. Contudo, percebe-se que muitas empresas familiares deixam de realizar adequada gestão financeira por falta de políticas bem estabelecidas ou por possuírem profissionais inexperientes e sem conhecimento para assumir o cargo (muitas vezes amigos ou filhos dos sócios), o que vai interferir diretamente nos resultados.

Desta forma, o assunto planejamento estratégico e financeiro é muito importante na definição das estratégias a se abordar. Pois, não basta ter o conhecimento do mesmo se não tiver ferramentas necessárias para colocar em prática. É preciso usar o planejamento de forma consciente e inteligente para tomar decisões.

Segundo Salim (2005) ao final de cada período financeiro, são gerados relatórios contábeis como a DRE e o balanço patrimonial, onde estão contidos lançamentos que proporcionam ao gestor planejar todos os seus gastos, planejamentos futuros e investimentos, gerando indicadores que possibilitam estudar a viabilidade, estabilidade e lucratividade da empresa.

Sobre a empresa entrevistada e as informações fornecidas do ENTREVISTADO, a mesma apresenta um controle financeiro rígido e bem definido no sentido de separar despesas e receitas da empresa com a dos sócios. Possui regras claras entre os familiares e suas funções, metas a longo prazo que são acompanhadas mensalmente pelos gestores, além de possuírem sistemas integrados e alimentados diariamente com novas informações que auxiliam as decisões dos sócios.

Considera-se que, os esforços das organizações devem ser concentrados na busca de uma gestão financeira eficiente a fim de ter benefícios como aumento do valor do patrimônio por meio do lucro, melhoria nos resultados, otimização de processos, melhor alocação de recursos e estratégias bem definidas a curto e longo prazo.

Por fim, como sugestão para pesquisas futuras, pode-se tentar desvendar quais são os métodos mais eficientes para fazer uma melhor gestão financeira englobando inovações e levando em conta o cenário de crise do mercado atual.

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