Beleza e os Grupos Sociais

 

                                                             Wanderson Vitor Boareto

Os padrões de beleza são variáveis no tempo e espaço, sendo assim é um tema complexo para ser analisado. Mesmo assim, na atualidade a beleza é desejada e cobiçada por muitos grupos sociais. Estes grupos direcionam os padrões que servem de modelo para o mercado de cosméticos e de vestuários que ganham milhões com estes fenômenos da beleza.

No entanto, os grupos sociais se diferem por classes sociais, ou seja, o poder aquisitivo, o grau de escolaridade e a carreira profissional são pontos marcantes no desejo de se tornar belo. É claro que a beleza depende da pessoa, do grupo e da ideologia de cada setor da sociedade. Sendo assim, os padrões de beleza são variáveis. O ilustre Professor Doutor Aristides Ribas de Andrade Filho, ensina que: “a beleza depende dos olhos de quem vê”, ou seja, ser bonito depende de uma avaliação pessoal.

No Brasil estes padrões estão sendo moldados por grupos distintos, como por exemplo: o grupo da elite econômica que usa dos meios científicos para se adequarem na forma de beleza, com isso as clínicas de cirurgia plásticas cresce gradativamente devido à demanda de mercado. A pouco tempo este tipo de intervenção só se encontrava nos grandes centros, hoje as mídias e pequenas cidades já se encontra estes serviços voltados a busca da beleza estética.

As academias de ginásticas fazem grande sucesso no meio dos adolescentes que deseja um corpo mais “perfeito” (nos padrões de beleza impostos pela sociedade), é claro que a saúde também tem que ser levada em conta, mas a busca da beleza estética ainda é a maior incentivadora da prática de exercícios nas academias. Este crescimento das academias de ginástica trouxe outra realidade que deve ser pensada, muitas academias não contam com uma infraestrutura adequada para o público variado que frequenta. Sendo assim, o mau uso do exercício faz tanto mau quanto a vida sedentária, ou seja, lesões são frequentes  trazendo sérios problemas de coluna, articulação, joelho e postura para quem não pratica corretamente os programas de exercícios.

O exercício é fundamental para a saúde e para um corpo mais simétrico, mas o uso de asteroides e anabolizantes é outra ilusão da busca da beleza, tudo depende de uma construção, no caso do exercício não é diferente. Leva-se tempo para modelar um corpo, além dos exercícios acompanhados pelo médico e por um profissional de educação física, tem ainda a alimentação que influência 60% de uma boa forma (lembro que neste sentido a saúde em primeiro lugar).

Os grupos sociais tem outra concepção de beleza. A “beleza intelectual” que não está presa a padrões estéticos e sim a busca por uma construção de  conhecimento voltado para a ética, a postura e a formação acadêmica. Este grupo está cada vez menor devido a dificuldade de cursos voltados a filosofia, as artes e a literatura de forma desprendida da busca monetária. Em um sistema de classes sociais, a busca não é por conhecimento e sim por carreiras lucrativas que promovem uma ascensão social. A beleza intelectual vai mais longe que uma simples posição social, busca o que os orientais chamam de iluminação, mas que cada dia tem menos adeptos devido a dificuldade de estudo e de viver esta beleza em sociedade.

Os grupos das periferias lançam também padrões de beleza, como, por exemplo, o movimento “Funk”, que tem na dança e no estilo musical os padrões de vestir e de se comportar em público. Estes grupos não buscam um corpo perfeito e sim, uma sensualidade mais massificadora. Sendo assim, tem crescido  gradativamente devido a simplicidade dos padrões e das formas de promover a beleza.

Não existe melhor ou pior dentro da cultura da beleza, e sim afinidade de cada indivíduo com seu padrão. Porém, estes padrões sofrem influências da mídia, da moda e das tribos urbanas que propagam a sua forma de beleza. O indivíduo é o grande agente da beleza, esta variação de padrões é necessária e fundamental em uma sociedade capitalista/consumista, como a que vivemos.

Bibliografia

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